Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/1843/45505
Type: Tese
Title: Leitura precoce no transtorno do espectro autista e no desenvolvimento típico
Authors: Daniela Teixeira Gonçalves
First Advisor: Cláudia Cardoso-Martins
First Referee: Tatiana Cury Pollo
Second Referee: Liubiana Arantes Araújo
Third Referee: Julia Beatriz Lopes Silva
metadata.dc.contributor.referee4: Maria Luisa Magalhães Nogueira
Abstract: Introdução: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado por dificuldades de comunicação social e pela presença de comportamentos restritos e repetitivos. Um número relativamente elevado de crianças com TEA começam a ler espontaneamente em torno dos 3 ou 4 anos de idade, um fenômeno frequentemente denominado de hiperlexia na literatura e cuja principal característica consiste em uma discrepância entre a habilidade de decodificação (que é relativamente elevada) e a habilidade de compreensão da leitura (que é relativamente baixa). Objetivos: O presente estudo avaliou os correlatos da habilidade de leitura em dois grupos de leitores precoces em idade pré-escolar: um grupo com TEA e um grupo com desenvolvimento típico (DT). Em particular, o estudo examinou a existência de semelhanças e diferenças entre leitores precoces com e sem TEA, em relação a duas questões principais: 1) qual é a correlação entre variações na habilidade de ler através da recodificação fonológica e em habilidades visuoespaciais, por um lado, e variações na habilidade de ler palavras, por outro lado; e 2) qual é a contribuição da decodificação e do vocabulário receptivo para a compreensão da leitura de palavras. Método: A amostra foi composta por 26 leitores precoces em idade pré-escolar: 14 crianças com o diagnóstico de TEA (M = 4,4 anos de idade, DP = 0,5) e 12 crianças com DT (M = 5,2 anos, DP = 0,5). Além de testes que avaliam a leitura de palavras e pseudopalavras e a compreensão de leitura de palavras, as crianças foram submetidas a um teste de vocabulário receptivo e a testes que avaliam habilidades visuoespaciais. Resultados: Os dois grupos não diferiram em relação à habilidade de leitura de palavras e pseudopalavras. A habilidade de leitura de palavras correlacionou-se significativa e fortemente com a habilidade de leitura de pseudopalavras em ambos os grupos (rhos entre 0,61 e 0,71, para o grupo com TEA e entre 0,79 e 0,94, para o grupo com DT). Por outro lado, enquanto variações nas medidas de habilidades visuoespaciais correlacionaram-se forte e positivamente com variações nas medidas de leitura de palavras e pseudopalavras entre as crianças com TEA (rhos entre 0,61 e 0,80), essas correlações foram fracas e não significativas entre as crianças com DT (rhos entre -0,21 e 0,08). Finalmente, os resultados de uma análise de regressão múltipla avaliando a contribuição de variações no fator Grupo (TEA vs. DT), na decodificação e no vocabulário receptivo mostraram que tanto a decodificação quanto o vocabulário receptivo contribuíram única e significativamente para a variação na compreensão da leitura (f2 de Cohen= 1,04 e 1,13, respectivamente). De modo importante, esses resultados independeram de a criança ter ou não TEA (f2 de Cohen < 0,01, para o fator grupo). Discussão: Como ocorre entre leitores precoces com DT, leitores precoces com TEA aprendem a ler através do processamento das relações entre as letras e os sons na pronúncia das palavras. Da mesma maneira, como aqueles leitores, a habilidade de compreensão da leitura de palavras de leitores precoces com TEA depende fundamentalmente de variações na habilidade de decodificação e no vocabulário receptivo. Por outro lado, os resultados do presente estudo sugerem a existência de algumas diferenças no processo de aprendizagem da leitura entre leitores precoces com TEA e leitores precoces com DT. É possível, por exemplo, que leitores precoces com TEA, mas não leitores precoces com DT, beneficiam-se de suas habilidades relativamente elevadas de detectar padrões para aprender as correspondências entre as letras e os sons. As implicações desses resultados para a nossa compreensão da hiperlexia são discutidas.
Abstract: Introduction: Autism Spectrum Disorder (ASD) is characterized by social communication difficulties and the presence of restricted and repetitive behaviors. A relatively high number of children with ASD begin reading spontaneously around 3 or 4 years old, a phenomenon often referred to as hyperlexia in the literature and which main feature is a discrepancy between the decoding skills (which is relatively high) and the reading comprehension skills (which is relatively low). Objectives: The present study evaluated the correlates of reading skills in two groups of precocious readers in preschool age: a group with ASD and a group with typical development (TD). In particular, the study examined the existence of similarities and differences between precocious readers with and without ASD, in relation to two main questions: 1) what is the correlation between variations in the reading skills through phonological recoding and visuospatial skills, on the one hand, and variations in the word reading skills, on the other hand; and 2) what is the contribution of decoding and receptive vocabulary for reading comprehension skills. Method: The sample consisted of 26 precocious readers in preschool age: 14 children diagnosed with ASD (M = 4.4 years old, SD = 0.5) and 12 children with TD (M = 5.2 years old, SD = 0.5). In addition to word reading and pseudoword reading tests and the word reading comprehension test, children performed a receptive vocabulary test and tests that measured visuospatial skills. Results: The two groups did not differ on word reading and pseudoword reading skills. The words reading skills correlated significantly and strongly with the pseudoword reading skills in both groups (rhos between 0.61 and 0.71 and between 0.79 and 0.94, ASD group and TD group, respectively). On the other hand, while variations in measures of visuospatial skills correlated strongly and positively with variations in measures of word reading and pseudoword reading among children with ASD (rhos between 0.61 and 0.80), these correlations were weak and not significant in TD children (rhos between -0.21 and 0.08). Finally, the results of a multiple regression analysis evaluating the contribution of variations in the Group factor (ASD vs. TD), in decoding, and in receptive vocabulary showed that both decoding and receptive vocabulary contributed uniquely and significantly to the variation in reading comprehension (Cohen's f² = 1.04 and 1.13). Importantly, these results did not depend on whether the child was diagnosed with ASD (Cohen's f² <0.01 for the group factor). Discussion: As occurs with precocious readers with TD, precocious readers with ASD learn to read by processing the relationships between letters and sounds in the speech. Likewise, similar to those readers, for precocious readers with ASD word reading comprehension ability depends fundamentally on variations in decoding skills and receptive vocabulary. On the other hand, the results of the present study suggest the existence of some differences in the reading learning process between precocious readers with ASD and precocious readers with TD. It is possible, for example, that precocious readers with ASD, but not those with TD, benefit from their relatively high ability to detect patterns to learn the correspondences between letters and sounds. The implications of these results for our understanding of hyperlexia are discussed.
language: por
metadata.dc.publisher.country: Brasil
Publisher: Universidade Federal de Minas Gerais
Publisher Initials: UFMG
metadata.dc.publisher.department: FAF - DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
metadata.dc.publisher.program: Programa de Pós-graduação em Psicologia: Cognição e Comportamento
Rights: Acesso Aberto
URI: http://hdl.handle.net/1843/45505
Issue Date: 29-May-2020
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