O CRJ que sonhamos: uma experiência de gestão compartilhada no Centro de Referência das Juventudes de Belo Horizonte

Carregando...
Imagem de Miniatura

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Editor

Universidade Federal de Minas Gerais

Descrição

Tipo

Dissertação de mestrado

Título alternativo

Primeiro orientador

Membros da banca

Claudia Andrea Mayorga Borges
Fernando Antonio Mencarelli

Resumo

O histórico que permeia a construção do Centro de Referência das Juventudes de BeloHorizonte (CRJ), política e equipamento público da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), envolve anos de lutas, reivindicações, debates, conquistas importantes e inúmeros confrontos vividos entre 2006 e 2016. Esses eventos culminaram na ocupação do espaço por movimentos, coletivos, grupos e ativistas autônomos da cidade e região metropolitana. As juventudes exigiam a abertura do espaço e a implementação de um Comitê de Gestão compartilhada, paritário entre poder público e sociedade civil, para a construção das diretrizesnorteadoras do CRJ. Este texto apresenta os resultados da pesquisa que teve como objetivo refletir criticamente sobre o primeiro ano de gestão do CRJ com o seu Comitê Gestordemocraticamente eleito, sob a perspectiva das Ações Participativas e de como elas definiram o projeto-conceito do CRJ. Buscou-se ainda identificar e compreender os elementos constitutivos do processo de gestão compartilhada experimentado no CRJ, bem como sua influência nas relações afetivas e de pertencimento ao espaço. Para tanto, foi realizada uma pesquisa documental nos documentos de arquivos públicos e privados e consequente reflexão crítico-interpretativa dos documentos e registros do Centro de Referência das Juventudes (CRJ), bem como pesquisa bibliográfica. A pesquisa apresenta o Centro de Referência das Juventudes de BH, sob a perspectiva coletiva de sonho: o ato de criar e instituir uma política pública de juventudes feita PELAS e COM as juventudes. Instituída na prática coletiva, essa política questiona a forma como se pensa e conduz espaços públicos de direitos, fundamentando uma nova lógica de ocupação e gestão, desconstruindo regras e protocolos vigentes na administração pública e instituindo um modelo democrático de ocupação do espaço. Neste contexto, a imaginação radical de Cornelius Castoriadis (1975) conceitualiza a jornada do Comitê Gestor do CRJ no ato de conceber o novo, questionar e transcender o existente, imaginar e criar outras formas de organização social, valores e significados. Este trabalho também analisa as etapas de formulação e implementação de políticas públicas e, no caso do CRJ, desenvolve-se o conceito de ativismo institucional como um subtipo de ação criativa, que envolve agir de forma reflexiva e coletiva em contextos desafiadores. A dimensão do coletivo e da práxis instituinte desdobra o conceito de transversalidade, de Félix Guattari (1972[2004]), como fundamental para escapar de estruturas binárias, promovendo multiplicidade e diversidade de conexões, essenciais para a transformação institucional. Este trabalho também busca refletir sobre a dimensão do afeto e do pertencimento das juventudes ocupantes do CRJ por meio das teorias não-representacionais e como as conexões e interações entre as juventudes e o espaço do CRJ incentivaram a instauração de um ambiente propício para o desenvolvimento artístico dos jovens.

Abstract

The history surrounding the construction of the Youth Reference Center of Belo Horizonte (CRJ), a public policy and facility of the City of Belo Horizonte (PBH), involves years of struggles, demands, debates, significant achievements, and numerous confrontations experienced between 2006 and 2016. These events culminated in the occupation of the space by autonomous movements, collectives, groups, and activists from the city and metropolitan region. The youth demanded the opening of the space and the implementation of a shared Management Committee, with equal representation between the public authorities and civil society, to establish the guiding principles of the CRJ. This text presents the results of research aimed at critically reflecting on the first year of management of the CRJ by its democratically elected Management Committee, from the perspective of Participatory Actions and how they defined the conceptual project of the CRJ. It also sought to identify and understand the constitutive elements of the shared management process experienced at the CRJ, as well as its influence on the affective relationships and sense of belonging to the space.To this end, a documentary research was conducted on public and private archive documents, followed by a critical-interpretative reflection on the documents and records of the Youth Reference Center (CRJ), as well as a bibliographic research. The research presents the Youth Reference Center of Belo Horizonte from the collective perspective of a dream: the act of creating and instituting a youth public policy made BY and WITH the youth. Instituted in collective practice, this policy questions the way public spaces of rights are conceived and conducted, establishing a new logic of occupation and management, deconstructing existing rules and protocols in public administration, and instituting a democratic model of space occupation. In this context, Cornelius Castoriadis's (1975) concept of radical imagination conceptualizes the journey of the CRJ Management Committee in the act of conceiving the new, questioning and transcending the existing, imagining and creating other forms of social organization, values, and meanings. This work also analyzes the stages of formulation and implementation of public policies and, in the case of the CRJ, develops the concept of institutional activism as a subtype of creative action, involving acting reflexively and collectively in challenging contexts. The dimension of the collective and the instituting praxis unfolds Félix Guattari's (1972[2004]) concept of transversality as fundamental to escapebinary structures, promoting multiplicity and diversity of connections, essential forinstitutional transformation. This work also seeks to reflect on the dimension of affect and the sense of belonging of the youth occupying the CRJ through non- representational theories and how the connections and interactions between the youth and the CRJ space encouraged the establishment of an environment conducive to the artistic development of young people.

Assunto

Centro de Referência das Juventudes (Belo Horizonte, MG), Políticas públicas, Ativismo, Gestão

Palavras-chave

Centro de Referência das Juventudes, Políticas públicas, Gestão compartilhada, Ativismo institucional

Citação

Endereço externo

Avaliação

Revisão

Suplementado Por

Referenciado Por

Licença Creative Commons

Exceto quando indicado de outra forma, a licença deste item é descrita como Acesso Aberto