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Type: Tese de Doutorado
Title: Comportamento sexual e uso de substâncias psicoativas em adolescentes brasileiros: fatores contextuais associados
Authors: Maryane Oliveira Campos
First Advisor: Sandhi Maria Barreto
First Co-advisor: Luana Giatti Gonçalves
First Referee: Elisabeth Carmen Duarte
Second Referee: Jarbas Barbosa da Silva Júnior
Third Referee: Mark Drew Crosland Guimaraes
metadata.dc.contributor.referee4: Deborah Carvalho Malta
Abstract: Introdução: Evidências mostram que a família e a escola são os contextos com os quais o adolescente mais interage e que mais influenciam seus comportamentos. O comportamento sexual de risco e o uso de substâncias psicoativas são dois grandes problemas de saúde pública entre os adolescentes no Mundo e no Brasil. Há poucas evidências na América latina sobre a influência de fatores contextuais nesses comportamentos de risco em adolescentes. Este é um estudo pioneiro sobre o papel da família e da escola no comportamento sexual e no uso combinado (cluster) de substâncias psicoativas em adolescentes brasileiros. Objetivos: A presente tese tem três objetivos, a saber: 1) descrever o comportamento sexual dos estudantes do 9o ano do ensino fundamental e identificar os fatores da família e da escola associados com o adolescente ter relação sexual com e sem o uso de preservativo; 2) estimar a prevalência de relação sexual precoce em estudantes do 9o ano com 14 anos de idade e identificar os fatores do contexto da família, escola e entorno associados; e 3) investigar o uso simultâneo de substâncias psicoativas em escolares do 9o ano e os fatores contextuais familiares e escolares associados. Metodologia: Participaram da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2009 (PeNSE,2009) 60.973 estudantes. É uma amostra representativa de escolares cursando o 9o ano do ensino fundamental em turnos diurnos de escolas públicas e privadas nas 26 capitais estaduais e no Distrito Federal. Três artigos foram desenvolvidos, cada um referindo-se a um dos objetivos. No primeiro artigo, a variável resposta foi o comportamento sexual descrito em três categorias (nunca teve relação sexual, teve relação sexual com proteção, teve relação sexual sem proteção). As variáveis associadas a realizar sexo com e sem proteção em cada contexto foram identificadas por meio de regressão logística multinomial, tendo como referência não ter relação sexual. No segundo artigo foi feito um recorte para adolescentes com 14 anos (n=27.243). A relação sexual precoce (sim, não) foi descrita e investigada sua associação com características sócio-demográficas, uso de substâncias psicoativas, envolvimento em brigas e fatores do contexto familiar, da escola e do entorno por meio de regressão logística múltipla. O terceiro artigo teve como variável resposta foi o uso combinado (cluster) de tabaco, álcool e experimentação de drogas ilícitas. O cluster de uso de substâncias psicoativas foi categorizado em quatro categorias: nenhuma substância psicoativa, usou uma substância psicoativa, usou duas substâncias psicoativas e usou três substâncias psicoativas. As variáveis explicativas foram: características sócio-demográficas, fatores comportamentais de risco, contexto familiar e da escola. As variáveis associadas ao cluster de substâncias psicoativas em cada contexto foram identificadas por meio de regressão logística multinomial, tendo como referência a categoria não usou nenhuma substância psicoativa. Resultados: O artigo um mostra que cerca de um quarto dos adolescentes já tiveram relação sexual na vida, sendo mais frequente entre os meninos. Entre os adolescentes que relataram iniciação sexual, a maioria realizou sua primeira relação com idade menor ou igual a 13 anos. Cerca de 21% não fizeram uso de preservativo na última relação, e a chance de sexo protegido e desprotegido aumentou com o número de fatores de risco combinados. No contexto familiar, viver com um ou nenhum dos pais e baixo monitoramento parental aumentaram a chance de sexo com e sem preservativo; e nunca realizar refeições com os pais de sexo desprotegido. No contexto escolar, estudantes de escola particular tem menor chance de sexo protegido e desprotegido e não receber informações sobre prevenção de gravidez na escola aumenta ao chance de sexo com e sem proteção, com maior magnitude para o sexo desprotegido. No segundo artigo, restrito aos adolescentes com 14 anos de idade, cerca de um quarto relataram ter tido relação sexual na vida. A chance de relação sexual precoce foi menor entre estudantes de escola privada e que não receberam informações sobre prevenção de gravidez e/ou DST na escola. No contexto familiar, viver somente com um dos pais ou nenhum, ter baixo monitoramento parental e ter sofrido agressão familiar foi associado à maior chance de relação sexual precoce. Há um gradiente dose-resposta crescente das associações entre o número de faltas à escola sem a permissão dos pais e o número de faltas por insegurança na escola e/ou no caminho de casa para a escola e a chance de relação sexual precoce. O terceiro artigo encontrou que cerca de 23% dos adolescentes usaram pelo menos uma substância psicoativa, 5,3% duas substâncias e 2,9% três substâncias. O uso de substâncias psicoativas em cluster está associado com características vulneráveis do contexto familiar e da escola e outros comportamentos de risco como relação sexual precoce, sexo desprotegido, envolvimento em briga com armas de fogo, com tendência a uma maior magnitude da associação para o uso de três substâncias psicoativas. Conclusões: Piores fatores do contexto familiar e da escola afetam negativamente os adolescentes aumentando a chance de comportamento sexual de risco e o envolvimento com uso de substâncias psicoativas. Além disso, a presença de um fator de risco tende aumentar a chance de exposição aos demais, piorando a saúde do escolar. Assim, a abordagem integral dos comportamentos de risco e o envolvimento da família e da escola de forma integrada e cooperativa é essencial para a prevenção de risco e promoção da saúde entre escolares. O contexto familiar vulnerável e a falta de informações sobre a saúde sexual e reprodutiva na escola está associado a relação sexual precoce e à relação com e sem uso de preservativo, sendo a magnitude das associações geralmente mais fortes para o sexo desprotegido. A educação sexual, a promoção de envolvimento familiar nas atividades dos estudantes, conexão com a escola e prevenção de violência na escola e no entorno podem reduzir a relação sexual precoce (antes dos 14 anos) entre os adolescentes. Um alto percentual de adolescentes estão engajados em comportamentos de risco nas fases iniciais da adolescência, com destaque para o uso atual de álcool. A maioria dos adolescentes que usou substâncias psicoativas estão envolvidos com outros comportamentos de risco como relação sexual precoce, sexo desprotegido e envolvimento em briga com armas.
Abstract: Introduction: Evidence shows that family and school are the contexts with which the adolescents interacts most and have more influence on their behaviours. Risky sexual behaviour and use of psychoactive substances are two major public health problems among adolescents worldwide and in Brazil. There is little evidence regarding the role of these contexts on risky behaviours among adolescents in Latin America. This is a pioneer study on the influence of family and school contexts on sexual behaviour and combined use (cluster) of psychoactive substances among adolescents in the country. Objectives: The objectives of this thesis are threefold. The first one is to describe the sexual behaviour of students of the 9th school grade and to identify family and school factors associated with having sex with or without use of condom. Second, to estimate the prevalence of early intercourse among 14-years-old students and to identify contextual factors in the family, school and surroundings associated with this behaviour. The third objective is to investigate the cluster of psychoactive substance use among children of the 9th year grade and the contextual factors associated with this cluster. Methodology: All 60,973 adolescents participants of the National Survey of School Health in 2009 (PeNSE 2009) were included. They are a representative sample of all students enrolled in the 9th grade of public and private schools, attending day shifts, and were selected by a two-stage sampling in 26 state capitals and the Federal District. Three articles were produced, each one dealing with one of the study objectives. In the first article, the response variable was the sexual behaviour described in three categories (never had intercourse, had intercourse with protection, had unprotected sex). Multinomial logistic regression was used to identify the contextual variables associated with protected and unprotected sex, having "never had sex" as the reference category. In the second article, this study was restricted to teenagers aged 14 years (n=27,243). The early intercourse (yes/no) was described and the variables associated with this behaviour were identified by means of multiple logistic regression analysis. They included socio-demographic characteristics, substance use, and involvement in fights, family factors and school and surroundings factors. The third article had a response variable defined by a combination of no substance use, use of tobacco and/or alcohol and/or illicit drug experimentation. The cluster of psychoactive substances was grouped into four categories: no use of psychoactive substance, one, two or three psychoactive substances. The explanatory variables were: demographic characteristics, behavioural risk factors, family background and school factors. The variables associated with the cluster of psychoactive substances in each context were investigated through multinomial logistic regression analysis, taking as reference the category "no psychoactive substance." Results: The first study shows that about a quarter of adolescents had sexual intercourse in lifetime, being more frequent among boys than girls. Among adolescents who reported sexual initiation, the majority held their first sexual intercourse up to 13 years of age. About 21 % did not use condom at the last sexual relation, and the chance of protected and unprotected sex increased with the number of healthy risk behaviours presented. In the family context, living with one or no parent and low parental monitoring increased the chances of both protected and unprotected sex, and never having meals with parent(s) of unprotected sex. Adolescents enrolled at private schools had less chance of protected and unprotected sex and not receiving information on pregnancy prevention at school increased the chance of having sex, with greater magnitude of the Odds Ratios for having unprotected sex. The second article shows that about one quarter of 14-year-old adolescents had already had sexual intercourse. The chance of early intercourse was lower among students from private school and who reported having received information about preventing pregnancy and / or STDs at school. In the family context, living with only one or no parent, having low parental monitoring and family assault was associated with increased odds of early intercourse. There is a dose-response gradient increasing associations between the number of absences from school without parental permission and the number of absences due to insecurity in school and / or on the way home from school and the chance of early intercourse. The third study found that 23 % of teenagers had used one psychoactive substance, 5.3% two, and 2.9% three substances. Students who had indicators of vulnerability in family relations, from public schools and who had other risk behaviours such as early sexual intercourse, unprotected sex, engagement in fights with weapons, had greater chances of using more psychoactive substances, with greater odds ratios for using three substances. Conclusions: The results show that a high percentage of teens are engaging in risky behaviour in the early stages of adolescence, with emphasis on the current use of alcohol. Most adolescents who use psychoactive substances are involved in other risky behaviours such as early sexual intercourse, unprotected sex and involvement in fights with weapons. Worse family background and school indicators negatively affect adolescents health behaviours, increasing the chance of risk sexual behaviour and involvement with substance use. Vulnerable family contexts and lack of information on sexual and reproductive health at school are associated with early sexual intercourse and unprotected. Furthermore, the presence of a risk factor tends to increase the chance of exposure to another risky behaviour, in an intricate and dynamic way, indicating the need to integrate the approach of these factors, and the involvement of families and schools is essential to obtain success.
Subject: Ensino fundamental e médio
Doenças sexualmente transmissíveis
Comportamento sexual
Psicotrópicos
Drogas ilícitas
Adolescentes
Prevalência
Relações familiares
Medicina
Coito
Educação sexual
Família
language: Português
Publisher: Universidade Federal de Minas Gerais
Publisher Initials: UFMG
Rights: Acesso Aberto
URI: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-9MRGCH
Issue Date: 9-Dec-2013
Appears in Collections:Teses de Doutorado

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