Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://hdl.handle.net/1843/30031
Tipo: Dissertação
Título: "Nas terras remotas o diabo anda solto": degredo, inquisição e escravidão no mundo atlântico português (séculos XVI A XVIII)
Autor(es): Thaís Tanure de Oliveira Costa
Primeiro Orientador: Adriana Romeiro
Primeiro membro da banca : Alexandre Almeida Marcussi
Segundo membro da banca: Timothy Coates
Resumo: A presente pesquisa tem como objeto o degredo de escravizados e alforriados pela Inquisição no mundo atlântico português entre os séculos XVI e XVIII. O degredo era uma pena que retirava o condenado de seu local de domicílio, levando-o a habitar outra região. Investigamos o imaginário político e religioso da Época Moderna, buscando compreender em quais ideias e princípios essa forma de exclusão estava assentada. Praticado pela Inquisição, o degredo visava à penitência do indivíduo e à purificação do espaço social onde o delito foi cometido, e deitava longas raízes em rituais judaico-cristãos de exclusão e sacrifício. Na Época Moderna, o degredo era prescrito para vilas e cidades fronteiriças em Portugal, para as galés e para os espaços coloniais. Utilizando como fontes principalmente processos inquisitoriais, este trabalho busca compreender por que razão pessoas muitas vezes provenientes dos espaços coloniais foram enviadas para o próprio Reino. Essa aparente contradição é analisada conjuntamente a uma outra: o fato de um escravizado ser degredado o afastava da casa de seu senhor, que ficava sem a sua mãode-obra, acarretando-lhe prejuízos monetários. Abarcando o estudo da condição jurídica do réu que era escravizado no Antigo Regime português, discutimos o impacto econômico a que estavam sujeitos os senhores que tinham seus cativos degredados. Ademais, adotando a proposta metodológica da História Atlântica, perseguimos os passos desses homens e mulheres no Reino, em seus locais de cumprimento de pena, levando em consideração suas experiências como africanos ou descendentes de africanos. Analisamos a vida cotidiana do Portugal moderno, buscando perceber os diversos aspectos que permearam a experiência e a vida dos degredados nas galés – embarcações ou trabalhos forçados – e nos locais fronteiriços do Reino, antigos coutos de abrigo de criminosos, para onde foi enviada grande parte dessas pessoas. Buscamos, por trás das linhas dos processos inquisitoriais, ouvir as vozes dos degredados e das degredadas, refletindo sobre as formas como eles buscaram o seu sustento, quais relações estabeleceram; como foi, enfim, a experiência do degredo em Portugal para estas pessoas.
Abstract: The present research aims to study the degredo of enslaved and freedmen by the Inquisition in the portuguese atlantic world between the sixteenth and eighteenth centuries. The degredo was a penalty that removed the condemned from his place of domicile taking him to live in another region. We investigate the political and religious imaginary of the Modern Era, trying to understand in which ideas and principles this form of exclusion was based. Practiced by the Inquisition, the degredo sought the penance of the individual and the purification of the social space where the crime was committed. It lay long roots in Judeo-Christian rituals of exclusion and sacrifice. In the Modern Age, the degredo was prescribed for frontier towns and cities in Portugal, for galleys and for colonial spaces. Using as sources mainly inquisitorial processes, this work seeks to understand why people often coming from the colonial spaces were sent to the Kingdom itself. This apparent contradiction is analyzed jointly with another: the fact that an enslaved was degredado removed him from his master’s house, who remained without his labor, resulting in monetary damages for him. Covering the study of the juridical condition of the defendant who was enslaved in the Portuguese Ancien Regime, we discuss the economic impact that the masters who had their captives degredados were subject to. In addition, adopting the methodological proposal of the Atlantic History, we persecute the steps of these men and women in the Kingdom, in their places of penalty execution, taking into account their experiences as africans or descendants of africans. We analyze the daily life of modern Portugal, seeking to perceive the various aspects that permeated the experience and life of the degredados in the galleys - vessels or forced labor - and in the frontier places of the Kingdom, former places of criminal shelter, to where much of these people were sent. We seek, behind the lines of the inquisitorial processes, to listen to the voices of the degredados and degredadas, reflecting on the ways in which they sought their sustenance, what relations they established, as was, in short, the experience of the degredo in Portugal for these people.
Idioma: por
País: Brasil
Editor: Universidade Federal de Minas Gerais
Sigla da Instituição: UFMG
Departamento: FAFICH - FACULDADE DE FILOSOFIA E CIENCIAS HUMANAS
Curso: Programa de Pós-Graduação em Filosofia
Tipo de Acesso: Acesso Aberto
URI: http://hdl.handle.net/1843/30031
Data do documento: 30-Out-2018
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