Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/1843/35427
Type: Dissertação
Title: Currículos e o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH): práticas de produção e estratégias de governo de estudantes
Authors: Rhaissa de Alvarenga Coelho Martins
First Advisor: Marlucy Alves Paraíso
metadata.dc.contributor.advisor-co2: Clarice Salete Traversini
First Referee: Maria Carolina da Silva Caldeira
Second Referee: Jáima Pinheiro de Oliveira
Third Referee: Kamila Lockmann
Abstract: Esta dissertação se constitui em um estudo daquilo que os currículos – de duas escolas de Belo Horizonte, uma da rede pública municipal, que atende a estudantes majoritariamente de classes populares, mas com a presença também de estudantes de classe média, e outra da rede privada, que atende a estudantes das classes médias) – fazem com os/as alunos/as diagnosticados/as com o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e com aqueles/as que estão sob suspeita de um diagnóstico, já que esse grupo ocupa um lugar periférico e conflitante nos dispositivos legais, visto que não há leis específicas para ele, sendo objeto de conflitos e disputas por sentidos nas diferentes abordagens sobre o TDAH. Com o objetivo de investigar como funcionam os currículos de escolas que abrigam esses/as estudantes, este estudo traz os resultados da pesquisa que articulou práticas da etnografia educacional pós-moderna e elementos da genealogia foucaultiana para mapear e analisar as práticas pedagógicas priorizadas, as estratégias de governo que incidem sobre esses/as alunos/as e os efeitos de poder que o TDAH tem sobre os currículos, os/as alunos/as, os/as professores/as e demais profissionais nas escolas. O TDAH configura-se, atualmente, como um dos transtornos cada vez mais diagnosticados em indivíduos de idade escolar e implica, entre outras coisas, na medicalização, na separação espacial e na diferenciação de práticas pedagógicas destinadas a esses/as estudantes. A investigação opera com conceitos retirados dos estudos de Michel Foucault e dos estudos pós-críticos de currículos, em especial, conceitos como: currículo, governo, modo de subjetivação e norma. O argumento aqui desenvolvido é o de que nos currículo das escolas investigadas operam sobretudo três discursos – o discurso pedagógico do direito à aprendizagem, o discurso médico e o discurso da psicologia – que, imbricados em relações de poder, fazem funcionar três práticas de poder – a prática da identificação, a prática do diagnóstico e a prática da medicalização – para identificar, diagnosticar e medicalizar os/as estudantes lidos/as como desviantes dos padrões de normalidade instituídos na sociedade, de modo que eles/as não perturbem a “pedagogia direcionada ao grupo” em curso nos currículos em ação das escolas. Mostro que isso ocorre de modo muito parecido nas duas escolas investigadas, que atendem a classes sociais distintas, mesmo que sejam diferenciados os recursos escolares disponíveis, os recursos econômicos, o acesso a sistemas de saúde, entre outros bens materiais e simbólicos. Esta dissertação mostra os conflitos instaurados no currículo em ação das escolas quando docentes, pelas diferentes pressões e cobranças a que estão submetidos para ensinar a todos/as determinados conteúdos, se veem desesperados/as para desenvolver o currículo oficial, para que os/as alunos/as diagnosticados/as com TDAH sigam os currículos já estabelecidos e planejados, bem como aqueles que consideram que devem implementar. Mostra também que incidem sobre os currículos pesquisados forças, como a legislação educacional e o discurso do direito à aprendizagem, que pressionam os/as docentes para garantir que todos/as os/as estudantes aprendam os mesmos conteúdos, no mesmo ritmo, fazendo a normalização das/os alunos/as diagnosticadas para que elas/es consigam acompanhar o currículo oficial. Há, contudo, resistências a esse processo. Afinal, isso instaura um conflito nas escolas fazendo com que os/as professores/as sejam obrigados/as a construir um currículo à parte para os/as estudantes diagnosticados/as com TDAH.
Abstract: This dissertation is a study of the curricula - of two schools in Belo Horizonte (one of the municipal public network, which serves students mostly from the low-income classes but with the presence of middle-class students as well, and the other of the private network, who attend middle-class students) - do with students diagnosed with Attention Deficit Disorder (ADHD) and with those who are under suspicion of a diagnosis, since this group occupies a peripheral and conflicting place in legal devices, since there are no specific laws for them and it is the object of conflicts and disputes for senses in the different approaches to ADHD. In order to investigate how the curricula of the schools that house these students work, this study brings the results of research that articulated practices of postmodern educational ethnography and elements of Foucaultian genealogy to map and analyze the pedagogical practices prioritized, the government strategies that focus on these students, and the effects of ADHD's power on the curricula, students, teachers, and other professionals in the schools. ADHD is currently one of the disorders increasingly diagnosed in school-age individuals and implies, among other things, the medicalization, spatial separation, and differentiation of pedagogical practices aimed at these students. The research operates with concepts taken from Michel Foucault's studies and post-critical curriculum studies, especially concepts such as: curriculum, government, mode of subjectivation and norm. The argument developed here is that in the curricula of the schools researched three discourses operate mainly - the pedagogical discourse of the right to learning, the medical discourse, and the discourse of psychology - which, imbricated in power relations, make three power practices work - the practice of identification, the practice of diagnosis, and the practice of medicalization - to identify, diagnose, and medicalize the students read as deviant from the standards of normality established in society, so that they do not disturb the "pedagogy directed to the group" in course in the curricula in action of the schools. I show that this occurs in a very similar way in the two schools investigated and that they attend different social classes, even if the available school resources, the economic resources, the access to health systems, among other material and symbolic goods are differentiated. This dissertation shows the conflicts in the curriculum in action of the schools when teachers, due to the different pressures and demands to which they are submitted to teach all certain contents, are desperate to develop the official curriculum, so that the students diagnosed with ADHD follow the curricula already established and planned and that they consider they should implement. It also shows that forces such as educational legislation and the right to learning discourse, which pressure teachers to ensure that all students learn the same contents, at the same pace, making the normalization of the diagnosed children so that they can follow the official curriculum, are focused on the researched curricula. There is, however, resistance to this process. After all, this creates a conflict in the schools, causing teachers to be forced to build a separate curriculum for students diagnosed with ADHD.
Subject: Currículos -- Aspectos sociais
Educação especial -- Currículos
Distúrbio da falta de atenção com hiperatividade
Etnologia -- Educação
language: por
metadata.dc.publisher.country: Brasil
Publisher: Universidade Federal de Minas Gerais
Publisher Initials: UFMG
metadata.dc.publisher.department: FAE - FACULDADE DE EDUCAÇÃO
metadata.dc.publisher.program: Programa de Pós-Graduação em Educação - Conhecimento e Inclusão Social
Rights: Acesso Aberto
URI: http://hdl.handle.net/1843/35427
Issue Date: 27-Nov-2020
Appears in Collections:Dissertações de Mestrado

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