O trabalho do enfermeiro em Terapia Intensiva: um estudo etnográfico.
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Universidade Federal de Minas Gerais
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Dissertação de mestrado
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The work of nurses in Intensive Care: an ethnographic study.
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Resumo
Objetivo: Analisar o trabalho do enfermeiro no cuidado do paciente em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Adulto de um hospital universitário de Minas Gerais, Brasil. Método: Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa do tipo etnográfico, cujos dados foram obtidos por meio de 122 horas de observação participante e de entrevistas com 8 enfermeiros que atuavam na unidade nos diferentes turnos de plantões. A coleta de dados ocorreu no período de 4 de setembro de 2019 a 28 de fevereiro de 2020. A observação participante da rotina dos enfermeiros na UTI foi descrita manualmente em diários de campo e as entrevistas realizadas com roteiro semiestruturado gravadas e transcritas posteriormente. Os dados foram organizados e codificados no software Atlas.ti versão 8 e analisados por meio de agrupamentos de temas a fim de se obter um entendimento mais aprofundado do problema de pesquisa e das percepções, valores e crenças que guiam as ações dos indivíduos do cenário estudado. Foram seguidos e obedecidos os preceitos éticos do Conselho Nacional de Saúde com a Resolução no466/12. Resultados: Observou-se a realização de atividades de cuidados diretos e indiretos, tendo sido os indiretos considerados como inerente à prática assistencial do enfermeiro nas entrevistas. A organização do trabalho dos enfermeiros nessa UTI ocorre de acordo com o modelo assistencial baseado na divisão de funções entre o enfermeiro assistencial, responsável pelo cuidado à beira leito, e o gestor, com atribuições referentes à organização da unidade e da assistência por plantão, sendo o coordenador de enfermagem encarregado da gestão do serviço de enfermagem da unidade. Os enfermeiros desempenhavam suas atividades privativas, mas também outras, que poderiam ser atribuídas ao técnico de enfermagem e mesmo outros profissionais. Esses relataram que as faziam por ausência de pessoal para exercê-las e por serem essenciais para garantir a continuidade da assistência. As atividades relacionadas ao ensino e à capacitação/treinamento desses e de outros profissionais não foram mencionadas nas entrevistas, mas observadas constantemente no cotidiano. Os enfermeiros se reportaram ao seu ofício de maneira negativa, por visualizarem seu fazer como tecnicista, mecanizado e com falhas na participação em seus processos de trabalho privativos. Apesar disso argumentaram sobre sua importância de sua presença à beira leito. Notou-se um distanciamento entre as atividades do enfermeiro observadas e as relatadas nas entrevistas, bem como uma fragmentação do trabalho entre assistencial e gerencial, baseada em cuidados direto e indireto, e falhas de entendimento sobre esses conceitos no cotidiano de atuação do profissional. Infere-se que essas situações contribuíam para as dúvidas dos enfermeiros quanto ao seu papel e às suas atribuições, assim como uma avaliação positiva de seu trabalho. Denominaram como cuidados gerais ou em si quando aludiam àquelas do cuidado direto, enquanto as de cuidado indireto concernem às atividades administrativas e de ensino, ou seja, as de cunho burocrático. As atividades indiretas consumiram mais tempo do enfermeiro durante as observações. Percebeu-se também que, embora utilizem instrumentos de gestão para a organização do trabalho, estes ainda carecem de aprimoramento. Conforme referencial teórico adotado de Davina Allen, foram identificadas atividades de organização do trabalho, mais predominantemente no trabalho do enfermeiro quando na função de gestor, sendo essas atividades relativas as dimensões da articulação (materiais, recursos humanos e tempo), da criação de conhecimento, da transferência de cuidados e do manejo de leitos e de pacientes. Contudo, a não visualização destas como parte do trabalho do enfermeiro também contribuía para o não reconhecimento da importância do papel do gestor na trajetória do cuidado do paciente na UTI. Conclusão: O trabalho do enfermeiro na UTI estudada é composto por uma miríade de atividades e de papéis pouco definidos, apesar da inovação realizada ao assumir o modelo assistencial que diferencia o papel do enfermeiro assistencial do enfermeiro gestor. Espera-se que os resultados deste estudo contribuam para o reconhecimento do trabalho organizador do enfermeiro, bem como sua contabilização em instrumentos de mensuração de carga de trabalho e seus indicadores de performance assistencial. Acredita-se que uma maior compreensão do enfermeiro sobre seu próprio trabalho possa acarretar em melhorias na organização deste, indo além de ganhos relacionados apenas ao dimensionamento adequado de profissionais, mas também de visibilidade e de reconhecimento social da profissão.
Abstract
Assunto
Enfermagem, Trabalho, Recursos Humanos, Prática Profissional
Palavras-chave
Enfermagem, Trabalho, Recursos Humanos, Prática Profisisonal, Unidades de Terapia Intensiva, Etnografia
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