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Type: Tese
Title: Avaliação prospectiva de infecções maláricas em uma comunidade indígena Yanomami da Amazônia Brasileira
Authors: Daniela Rocha Robortella
First Advisor: Luzia Helena Carvalho
First Referee: Karin Kirchgatter
Second Referee: Rafaella Fortini Grenfell e Queiroz
Third Referee: Lilian Lacerda Bueno
metadata.dc.contributor.referee4: Pedro Augusto Carvalho Costa
Abstract: Nas Américas, o número de casos de malária voltou a aumentar após uma década de redução significativa na incidência da doença. Fatores políticos, socioeconômicos e ambientais associados à transmissão da malária têm contribuído para este aumento, particularmente, na região de fronteira entre o Brasil e a Venezuela. Neste cenário, faz-se necessário direcionar as medidas de controle para as populações vulneráveis que vivem em áreas de risco. As comunidades indígenas da Amazônia encontram-se constantemente expostas a diversas doenças infecciosas, incluindo a malária. Nestes grupos semi-isolados, os dados oficiais de malária são subestimados devido à baixa sensibilidade dos métodos diagnósticos de rotina e da dificuldade do acesso, como é o caso, por exemplo, de comunidades indígenas de etnia Yanomami. No presente estudo, avaliou-se prospectivamente as infecções maláricas – microscópicas e submicroscópicas -- em quatro aldeias ianomâmis da comunidade Marari, a qual se situa no extremo norte da Amazônia Brasileira, próximo à fronteira com a Venezuela. A população estudada contemplou 981 indivíduos, com mediana de idade de 14 anos (IQR 6-33 anos; idade mínima de 1 ano e máxima de 79). A abordagem metodológica envolveu três cortes transversais com intervalos de dois meses, sendo estes realizados durante a estação seca (setembro/novembro de 2014) e no início da estação chuvosa (janeiro de 2015). Para o diagnostico molecular, diferentes protocolos de PCR em tempo real foram utilizados -- baseados em alvos ribossomais e não ribossomais dos plamódios – a fim de aumentar a sensibilidade na detecção de co-infecções e infecções submicroscópicas. Em conjunto, os resultados permitiram demonstrar que: (i) a frequência de infecções maláricas foi similar entre os sexos (masculino e feminino), provavelmente, refletindo os hábitos sociais e culturais das populações expostas; (ii) ao longo do estudo, 75% a 80% de todas as infecções maláricas foram submicroscópicas; consequentemente, (iii) as infecções com altas parasitemias (positividade pela microscopia) foram detectadas apenas em crianças e adolescentes (<16 anos), sendo os adultos caracterizados por infecções de baixa densidade parasitária, detectadas apenas por protocolos moleculares. Esse perfil de redução da parasitemia com aumento da idade sugere imunidade adquirida induzida por exposição continua a transmissão; (iv) a prevalência de infecção malárica diferiu, significativamente, entre as aldeias estudadas (variando entre 1% e 19%), demonstrando uma heterogeneidade na transmissão local; (v) o Plasmodium vivax foi a espécie predominantemente encontrada no estudo, seguido por P. malariae e, em menor extensão, o P. falciparum; (vi) a circulação da espécie “P. vivax like ”(P. simium) foi descartada na região; finalmente, (vii) a avaliação consecutiva de parasitos circulantes na população estudada (detecção de parasitos e/ou DNA) permitiu demonstrar que a infecção malárica persistiu apenas em 8% dos indivíduos previamente positivos para a malária, sendo a maioria crianças com mediana de idade de 3 anos. Em resumo, os resultados aqui apresentados comprovam que os métodos moleculares são mais apropriados para a identificação de infecções maláricas nas aldeias ianomâmis estudadas, que foram caracterizadas por transmissão heterogênea, predominância de infecções de baixa densidade parasitária, circulação de várias espécies de plasmódios e maior suscetibilidade em crianças (mediana de idade 3 anos). Estes resultados são importantes para o delineamento e implementação de medidas de vigilância e controle que visam a eliminação da malária nas populações ameríndias da Amazônia.
Abstract: A recent increase in malaria case incidence occurred in the Americas as a result of sociopolitical, ecological and economic factors, particularly, in the Brazilian- Venezuelan border. In this scenario, it seems critical to target vulnerable populations in risk areas. In Amazon region, indigenous forest-dwelling communities suffer from a high burden of infectious diseases, including malaria. In these areas, official malaria data are underestimated due to the low sensitivity of routine diagnostic methods and the difficulty of access semi-isolated groups, as is the case of Yanomami ethnic group. In the current study, we prospectively surveyed for microscopic and submicroscopic malaria infections in four Yanomami villages of the Marari community in the northern-most region of the Brazilian Amazon, close to the border with Venezuela. The studied population involved 981 individuals, with a median age of 14 years (IQR 6-33 years; range 1-79 years). The methodological approach involved three cross sectional surveys at two months intervals, which were carried out during dry season (September/November, 2014) and at the beginning of the rainy season (January, 2015). Different real-time PCR protocols -- ribosomal and non-ribossomal plasmodial targets -- were used to increase sensitivity in detection of submicroscopic and mixed malarial infection. Taken together, the results demonstrated that: (i) the frequency of malaria infection was similar between genders (male and female), probably reflecting social and cultural habits of exposed-populations; (ii) regardless the cross-sectional survey, roughly 75% to 80% of all malaria infections were submicroscopic; consequently, (iii) high densities parasite infections (microscopicallydetectable) were detected only in children and adolescents (>16 years), with adults characterized by low densities infections detected by PCR-based protocols. This profile of age-associated malaria suggests acquired immunity induced by successive malaria infections; (iv) the prevalence of malaria infection differed significantly between villages (from 1% to 19%), demonstrating a marked heterogeneity at microscales; (v) Plasmodium vivax was the most commonly detected malaria parasite species, followed by P. malariae and much less frequently P. falciparum; (vi) the circulation of “P. vivax like” malaria (P. simium) in the studied area was discarded; finally, (vii) consecutive blood samples showed that malaria infection (detection of parasite and/or DNA plasmodial) persisted only in 8% of the previously malariapositive individuals, with most of them young children (median age of 3 years). Overall, our results show that molecular tools are more sensitive for the identification of malaria infection among the Yanomami community studied, which was characterized by heterogeneous transmission, a predominance of low-density infections, circulation of multiple malaria parasite species and a higher susceptibility of young children. Our findings are important for the design and implementation of the new strategic interventions that will be required for the control and elimination of malaria in Amazon amerindians populations.
Subject: Parasitologia
Malária
População indígena
Patologia molecular
language: por
metadata.dc.publisher.country: Brasil
Publisher: Universidade Federal de Minas Gerais
Publisher Initials: UFMG
metadata.dc.publisher.department: ICB - DEPARTAMENTO DE PARASITOLOGIA
metadata.dc.publisher.program: Programa de Pós-Graduação em Parasitologia
Rights: Acesso Aberto
URI: http://hdl.handle.net/1843/40619
Issue Date: 25-May-2020
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