Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://hdl.handle.net/1843/42759
Tipo: Dissertação
Título: Interrupção voluntária da gravidez : por uma abordagem relacional
Título(s) alternativo(s): Voluntary interruption of pregnancy : a case for a relational approach
Autor(es): Letícia Ferruzzi Sacchetin
Primeiro Orientador: Telma de Souza Birchal
Primeiro membro da banca : Leonardo de Mello Ribeiro
Segundo membro da banca: Tânia Aparecida Kuhnen
Resumo: A presente pesquisa tomou como objeto a moralidade da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG), sendo o objetivo demonstrar a relevância de uma abordagem relacional para a discussão da temática. Isso porque no âmbito filosófico, em grande medida, a discussão consiste em estabelecer uma posição sobre a pessoalidade do feto: caso ele seja uma pessoa, possuiria direito moral à vida, o que tornaria o aborto não permissível. O contrário ocorreria caso o feto não seja uma pessoa, tornando então o aborto moralmente permissível. Além de enfrentar a dificuldade de se estabelecer uma teoria da pessoalidade filosoficamente indiscutível, o maior problema dessa linha argumentativa é não permitir que a gestante – protagonista do tema – apareça no debate filosófico. Assim, defendemos que a melhor abordagem sobre a moralidade da interrupção da gestação é a relacional, isto é, uma abordagem que seja capaz de englobar o feto, a gestante, os familiares e a sociedade envolvida. Nós fizemos isso por meio de uma análise bibliográfica filosófica e, para exemplificar cenários da gestação, literária. No decorrer da pesquisa, algumas teorias nos pareceram como promissoras por apresentarem a perspectiva relacional ao desenvolverem seus temas: certas teorias da pessoalidade, a ética do cuidado e a ética das virtudes. O primeiro capítulo discute algumas teorias da pessoalidade, dando relevância à teoria desenvolvida por Marya Schechtman (2014), porque a autora pensa a pessoalidade em suas dimensões múltiplas, desde a corporal até a inserção da pessoa na infraestrutura social e cultural. O segundo capítulo se inicia com a Ética do Cuidado de Carol Gilligan (1980), que busca trazer a voz diferente (feminina) para a construção de uma nova moralidade, que seja baseada no cuidado com o outro e consigo. Desenvolve-se aqui uma reflexão mais detida sobre o processo da gestação como um momento de escolha, no qual a gestante aparece como um centro de relações múltiplas, envolvendo o feto e seu contexto, acentuando que não se trata de resolver, abstratamente, se interromper uma gestação é certo ou errado, mas sim se o processo de decisão é responsável, cuidadoso ou o contrário. A proposta apresentada por Tânia Kuhnen (2015a), que desenvolve a teoria de Gilligan por meio do princípio universalizável do cuidado, amplia as possibilidades da teoria original de Gilligan. Dando continuidade ao tema da maturidade moral, a Ética das Virtudes complementa a Ética do Cuidado, por pontuar que a moralidade implica no florescimento individual por meio das virtudes, envolvendo também o contexto gestacional. No terceiro capítulo, abordamos questões ligadas ao contexto médico, principalmente por meio do tema da objeção de consciência, de modo a abranger questões de saúde pública. Em síntese, o intuito da dissertação foi propor que a metodologia filosófica seja capaz de abranger diferentes perspectivas sobre a moralidade da IVG. Isso só é possível, como defendemos, por meio de abordagens relacionais.
Abstract: This research took as its object the morality of voluntary interruption of pregnancy (IVG), with the objective to demonstrate the relevance of a relational approach to the discussion on the topic. This is because the philosophical level, largely, the discussion consists of establishing a position on the personality of the fetus: if it is a person, it would have a moral right to life, which would make abortion not allowable. The opposite would occur if the fetus is not a person, thus making abortion morally permissible. In addition to facing the difficulty of establishing a philosophically indisputable theory of personality, the biggest problem with this line of argument is that it does not allow the pregnant woman – protagonist of the theme – to appear in philosophical discussions. Thus, we argue that the best approach to the morality of termination of pregnancy is relational, that is, an approach that is able to encompass the fetus, pregnant women, the family members and society involved. We did this through a philosophical bibliographic and, to exemplify pregnancy scenarios, literary. During the research, some theories appeared to us as promising for presenting the relational perspective when developing their themes: certain theories of personality, the ethics of care and the ethics of virtues. The first chapter discusses some theories of personality, emphasizing the theory of Marya Schechtman (2014), because the author thinks about personality in its multiple dimensions, from the body to the insertion of person in the social and cultural infrastructure. The second chapter begins with Carol Gilligan's Ethics of Care (1980), which seeks to bring a different voice (female) to the construction of a new morality, which is based on caring for the other and caring for oneself. A more detailed reflection is developed on the process of pregnancy as a moment of choice, in which the pregnant woman appears as a center of multiple relationships, involving the fetus and its closest context, emphasizing that it is not a matter of abstractly solving if interrupting a pregnancy is right or wrong, but rather whether the decision process is responsible, careful, or the other way around. The proposal presented by Tânia Kuhnen (2015a), who develops Gilligan's theory through the universalizable principle of care, expands the possibilities of Gilligan's original theory. Continuing the theme, the Ethics of Virtues complements the Ethics of Care, by pointing out that morality implies individual flourishing through virtues and involves the gestational context. In the third chapter, we address issues related to the medical context more directly, mainly through the theme of conscientious objection, in order to cover public health issues. In summary, the purpose of the dissertation was to propose that the philosophical methodology is capable of covering different perspectives on the morality of the IVG. This is only possible, as we argued, through relational approaches.
Idioma: por
País: Brasil
Editor: Universidade Federal de Minas Gerais
Sigla da Instituição: UFMG
Departamento: FAFICH - FACULDADE DE FILOSOFIA E CIENCIAS HUMANAS
Curso: Programa de Pós-Graduação em Filosofia
Tipo de Acesso: Acesso Aberto
metadata.dc.rights.uri: http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/pt/
URI: http://hdl.handle.net/1843/42759
Data do documento: 13-Out-2021
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