Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/1843/44024
Type: Dissertação
Title: Avaliação de parâmetros clínico laboratoriais para diagnóstico pós-natal da toxoplasmose congênita em crianças participantes do Programa de Controle da Toxoplasmose Congênita (PCTC) em Minas Gerais
Authors: Elisa Maria Silva Vieira
First Advisor: Glaucia Manzan Queiroz de Andrade
First Co-advisor: Ericka Viana Machado Carellos
First Referee: Lilian Martins Oliveira Diniz
Second Referee: Eleonor Gastal Lago
Third Referee: Roberta Maia de Castro Romanelli
Abstract: Introdução: A maioria das crianças com toxoplasmose congênita nasce sem manifestações clínicas perceptíveis no exame habitual, mas, quando investigadas, geralmente apresentam comprometimento visual ou neurológico nos primeiros meses de vida ou até a adolescência. A infecção congênita apresenta-se mais grave no Brasil em comparação com a Europa, diferença atribuída geralmente à maior diversidade genética e patogenicidade do parasito; porém, outros fatores podem contribuir, como predominância da aquisição da infecção por meio de oocistos, determinando maior carga parasitária; características genéticas do hospedeiro; e ausência de diagnóstico e tratamento da gestante em tempo oportuno. As triagens pré-natal e neonatal contribuem para identificar, respectivamente, a infecção no feto e recém-nascido, início precoce do tratamento e melhor prognóstico para a criança. No Brasil a triagem pré-natal é uma medida de saúde pública não obrigatória. Em 2013 foi iniciado o Programa de Controle da Toxoplasmose Congênita em Minas Gerais (PCTC-MG) que utiliza o rastreamento pré-natal e neonatal para a detecção de gestantes em risco de toxoplasmose aguda e seus recém-nascidos. Objetivos: avaliar os parâmetros clínicos e laboratoriais utilizados para o diagnóstico da toxoplasmose congênita nessa população e descrever as manifestações clínicas encontradas. Métodos: estudo observacional, retrospectivo, de uma coorte de crianças e suas respectivas mães, com suspeita de toxoplasmose congênita e participantes do PCTC-MG entre 2013 e 2020. As crianças realizaram pesquisa de IgM em papel filtro e sorologia confirmatória (IgM, IgA e IgG) em soro. A investigação clínica, avaliação oftalmológica, auditiva, e exame de neuroimagem foram realizados em todas as crianças com diagnóstico confirmado. Prontuários padronizados foram utilizados para atendimento dessa população e apenas uma equipe de profissionais de saúde foi responsável pela assistência das crianças no período. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais. Resultados: entre as 347 crianças que participaram do estudo, a toxoplasmose congênita foi confirmada em 228 e excluída em 119. Das 347 crianças, 314 (90,5%) realizaram a triagem neonatal em papel filtro e 269/314 (85,7%) apresentaram IgM reagente/indeterminado, sendo a infecção congênita confirmada em 186 (69,1%) desses casos. Menor proporção de crianças (45/314; 14,3%) apresentou IgM não reagente na triagem neonatal e a investigação prosseguiu em razão da suspeita de toxoplasmose aguda materna, sendo a toxoplasmose congênita confirmada em 17 (37,8%) casos. Dentre as 228 crianças com toxoplasmose congênita, 203 (89%) realizaram a triagem neonatal e 186 (91,6%) apresentaram resultado de IgM reagente/indeterminado. O resultado de IgM na triagem neonatal foi falso-negativo em 17/203 (8,4%) casos e a maioria (9/17; 52,9%) das mães dessas crianças havia recebido algum tratamento antiparasitário durante o pré-natal. Quatro crianças com toxoplasmose congênita, assintomáticas e com IgM e IgA não reagentes, apresentaram persistência ou aumento dos índices de IgG. A comparação entre os índices de IgG em amostras de sangue da mãe e filho, coletados simultaneamente após o nascimento, mostrou maior proporção de neonatos com índices de IgG superior ao de sua mãe entre os infectados (p=0,003). O uso de tratamento específico durante a gestação (45/227; 19,8%) esteve associado ao menor número de resultados IgM reagentes na sorologia em papel filtro (p=0,002) e soro (p=0,001). O aumento da idade gestacional esteve associado a maior proporção de resultados reagentes na triagem em papel filtro (p=0,001) e soro (p=0,004). O início do tratamento da criança baseou-se na presença de IgM e/ou IgA em 176/226 (77,9%) crianças, na presença isolada de retinocoroidite em 45/226 (19,9%), na persistência ou aumento dos índices de IgG em 4/226 (1,8%) e na presença de calcificação intracraniana associada a soroconversão materna no segundo trimestre em uma criança. Entre as 119 crianças com TC excluída, observou-se a completa depuração da IgG recebida da mãe no primeiro ano de vida (mediana= 235 dias). Na avaliação do comprometimento das crianças, 21% (48/228) estavam assintomáticas na avaliação clínica e oftalmológica e 73,2% (167/228) apresentavam retinocoroidite. A maioria das lesões foi descrita como macular (78,4%; 131/167) e bilateral (63,5%; 106/167). O comprometimento neurológico foi observado em 36,9% (75/203) crianças submetidas a exames de imagem, com hidrocefalia em 29,3% (22/75). Houve associação entre a presença de hidrocefalia e menor idade gestacional de infecção materna (p<0,001). Um paciente evoluiu com perda auditiva neurossensorial leve unilateral. Cinco crianças apresentaram reativação ocular com mediana de idade igual a 33 meses (P25 21,5/P75 62,5). Uma criança foi excluída do estudo, pois interrompeu o seguimento antes da conclusão diagnóstica. Conclusão: a triagem com sorologia sensível e específica identificou a maioria das crianças infectadas, mas não todas, reforçando a necessidade da avaliação oftalmológica nos programas de triagem. Embora poucos, os resultados falso-negativo alertam para a necessidade de investigar crianças suspeitas, mesmo se a triagem for negativa. A toxoplasmose congênita é grave nas crianças brasileiras, mas os fatores responsáveis por isso permanecem incertos. A estruturação de um programa de rastreamento pré-natal e neonatal, que permita o diagnóstico e tratamento precoce da infecção materna e fetal, poderia contribuir para o melhor conhecimento e ações para reduzir a gravidade da infecção nas crianças brasileiras.
Abstract: Introduction: Most children with congenital toxoplasmosis (CT) are born without noticeable clinical manifestations in the usual examination, but, when investigated, they usually present visual or neurological impairment in the first months of life or until adolescence. CT is more severe in Brazil compared to Europe, a difference attributed to well-known factors such as the gestational age of fetal infection and the absence of diagnosis and treatment of the pregnant woman. Furthermore, additional factors not yet well established may contribute, such as the acquisition of infection through oocysts, greater diversity, and pathogenicity of the parasite, parasitic load, and immune profile of the host. Prenatal and neonatal screening helps, respectively, to identify the infection in the fetus and newborn, allowing early treatment and improving the child's prognosis. In Brazil, prenatal screening is a non-mandatory public health measure. In 2013, a prenatal and neonatal screening program (Congenital Toxoplasmosis Control Program - CTCP) was initiated in Minas Gerais to detect pregnant women at risk of acute toxoplasmosis and their newborns. Objectives: To describe the clinical and laboratory parameters used for the diagnosis of congenital toxoplasmosis in this population and to describe the clinical manifestations observed. Methods: This is an observational, retrospective study of a cohort of children and their mothers, with suspected congenital toxoplasmosis and participants in the CTCP-MG between 2013 and 2020. The children were tested for IgM on filter paper and confirmatory serology (IgM, IgA and IgG) on serum. Clinical investigation, ophthalmologic and auditory evaluation, and neuroimaging examination were performed in all children with a confirmed diagnosis. Standardized medical records were used to care for this population and only one team of health professionals was responsible for caring for the children in the period. The project was approved by the Ethics and Research Committee of UFMG. Results: In total, 347 children participated in the study, and CT was confirmed in 228 children and excluded in 119. Out of 347 children, 314 (90.5%) underwent neonatal screening, and 269/314 (85.7%) presented positive or indeterminate IgM results. CT was confirmed in 186 (69.1%) of them. A lower proportion of children (45/314; 14.3%) had non-reactive IgM in neonatal screening and the investigation continued due to suspected maternal acute toxoplasmosis, with CT confirmed in 17 (37,8%) cases. Among the 228 children with CT, 203 (89%) underwent neonatal screening, and 186 (91.6%) presented positive or indeterminate IgM results. The neonatal screening resulted in IgM false negative in 17/203 (8.4%) cases, and most (9/17; 52,9%) of their mothers received some antiparasitic treatment during prenatal care. Four children with CT were asymptomatic and presented non-reactive IgM and IgA tests but showed persistence of positive IgG results or rising indices. Paired mother and newborn serum samples collected simultaneously after birth, showed a higher proportion of neonates with IgG indices higher than that of their mother among those infected (p = 0.003). The use of specific treatment during pregnancy (45/227; 19.8%) was associated with a lower number of positive IgM results on filter paper (p = 0.002) and serum (p = 0.001). A higher proportion of reagent IgM results on filter paper (p = 0.001) and serum (p = 0.004) was associated with increased gestational age. The treatment was initiated due to the presence of IgM and/or IgA in 176/226 (77.9%) children. For others, the criteria used were the presence of retinochoroiditis in 45/226 (19.9%), the persistence of positive IgG results or rising indices in 4/226 (1.8%), and the presence of intracranial calcification associated with maternal seroconversion in the second trimester in one child. Among the 119 children with excluded CT, complete clearance of IgG received from the mother was observed in the first year of life (median= 235 days). In the assessment of the children's impairment, 21% (48/228) were asymptomatic in the clinical and ophthalmological evaluation; and 73.2% (167/228) had retinochoroiditis. Most lesions were described as macular (78,4%; 131/167) and bilateral (63,5%; 106/167). Neurological impairment was observed in 36.9% (75/203) children who underwent neuroimaging tests, with hydrocephalus in 29.3% (22/75). There was an association between the presence of hydrocephalus and the lower gestational age of maternal infection (p <0.001). One patient developed unilateral mild sensorineural hearing loss. Five children had ocular reactivation with a median age of 33 months (P25 21.5 / P75 62.5). One child was excluded from the study, as the follow up was interrupted before the diagnostic conclusion. Conclusion: screening with sensitive and specific serology identified most, but not all, infected children, reinforcing the need for ophthalmological assessment in screening programs. Although few, the false-negative results warn of the need to investigate suspicious children, even if the screening is negative. Congenital toxoplasmosis is severe in Brazilian children, but the factors responsible for this remain uncertain. The structuring of a prenatal and neonatal screening program, which allows the early diagnosis and treatment of maternal and fetal infection, could contribute to better knowledge and actions to reduce the severity of the infection in Brazilian children.
Subject: Toxoplasmose Congênita
Triagem Neonatal
Diagnóstico
Sorologia
Sinais e Sintomas
language: por
metadata.dc.publisher.country: Brasil
Publisher: Universidade Federal de Minas Gerais
Publisher Initials: UFMG
metadata.dc.publisher.department: MEDICINA - FACULDADE DE MEDICINA
metadata.dc.publisher.program: Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde - Saúde da Criança e do Adolescente
Rights: Acesso Restrito
URI: http://hdl.handle.net/1843/44024
Issue Date: 2-Jun-2021
metadata.dc.description.embargo: 2-Jun-2023
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