Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/1843/45703
Type: Dissertação
Title: Representações sociais de aborto para ginecologistas e obstetras da Região Metropolitana de Belo Horizonte/MG
Other Titles: Social representations of abortion by gynecologists and obstetricians from Belo Horizonte Metropolitan Area/MG
Authors: Thiago Mikael Silva
First Advisor: Adriano Roberto Afonso do Nascimento
First Referee: Tereza Cristina Peixoto Costa
Second Referee: Alberto Mesaque Martins
Abstract: Na atualidade, o aborto inseguro representa um importante problema de saúde pública, principalmente em países em desenvolvimento, nos quais as legislações tendem a ser mais restritivas. No Brasil, vigora o Código Penal de 1940, que, juntamente com a jurisprudência específica, permitem apenas o aborto feito por médico em casos de risco à vida da gestante, de gravidez resultante de estupro e de anencefalia. Como a criminalização não impede que o aborto seja realizado de forma clandestina, de um lado, uma parcela significativa de mulheres realiza abortos inseguros e, não raro, precisa procurar os serviços de saúde para tratar eventuais complicações. De outro, outra parte do público feminino procura serviços de aborto legal para exercerem esse direito. Além da baixa cobertura desse tipo de serviço, a atenção à saúde das mulheres é frequentemente atravessada por violência institucional, bem como por julgamento, discriminação, maus-tratos e outras práticas inadequadas perpetradas pelas equipes de saúde. Especialmente entre os ginecologistas/obstetras, o medo de sofrer discriminação de seus pares e suas concepções pessoais sobre o aborto fazem com que muitos se recusem a realizar o procedimento, inserindo mais um obstáculo na garantia dos direitos femininos. Apoiado na Pesquisa Qualitativa e fundamentado em pressupostos da abordagem processual da Teoria das Representações Sociais, este estudo teve como objetivo identificar e analisar as Representações Sociais de ginecologistas/obstetras sobre o aborto. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 20 médicos(as) que atuam ou atuaram em maternidades, ambulatórios de ginecologia/obstetrícia e hospitais da Região Metropolitana de Belo Horizonte/MG. As entrevistas tentaram explorar as experiências desses profissionais, suas percepções, práticas e representações sociais sobre o aborto, além do modo como estes sujeitos elaboram essas representações. As entrevistas foram gravadas, transcritas e analisadas através da Análise de Conteúdo. Os resultados apontam que o aborto é recorrente no cotidiano dos profissionais entrevistados, mobilizando-os a elaborarem e partilharem representações sociais que os ajudam a tornar o aborto um objeto familiar a partir de valores básicos e de referências próximas dos grupos que polarizam o debate sobre o aborto. Porém, esse processo não acontece sem significativos conflitos e contradições, caracterizando as representações identificadas como representações sociais polêmicas. Para a maioria dos participantes, o aborto era objetivado como Decisão/Direito, sendo ancorado em valores básicos, como a liberdade, podendo levar à defesa da autonomia das mulheres, aceitação, realização do aborto em condições legais e apoio à legalização do aborto no Brasil. Através da realização do aborto, os médicos acreditavam estar ajudando as mulheres, minimizando seu sofrimento. Paralelamente, outra parcela dos participantes apresentou um entendimento diferente. Para esses profissionais, o aborto era objetivado enquanto Assassinato. Sua ancoragem acontecia através de valores básicos considerados inquestionáveis, como a vida, o que poderia levar à defesa do feto, reprovação, desconforto e objeção de consciência quanto à realização do aborto mesmo nos casos previstos pela legislação brasileira. Alguns profissionais acreditavam que o aborto seria um assassinato ao feto e uma agressão ao corpo feminino, gerando marcas e traumas nas pacientes. Assim, as representações sociais dos entrevistados cumpriam importantes funções em seu cotidiano, gerando pontos de convergência com suas práticas. Não obstante, houve pontos conflituosos entre suas visões pessoais e práticas profissionais, apontando para a necessidade de futuros estudos que explorem essa dimensão à luz da polifasia cognitiva.
Abstract: Nowadays, unsafe abortion represents a relevant public health issue, principally in developing countries, where legislation tend to be more restrictive. In Brazil, prevails the 1940s Criminal Code, which in conjunction with specific jurisprudence, exclusively allow abortion carried out by physicians in cases of pregnant woman life risk, pregnancy resulting from rape and anencephaly. Since criminalization does not prevent clandestine abortion practice, on the one hand, a great parcel of women practice unsafe abortion. And it is not uncommon the later need to seek health services to treat possible complications. On the other hand, part of female public seeks legal abortion services to exercise this right. Besides the low coverage of this sort of service, women health assistance is frequently passed through institutional violence. As well as, judgment, discrimination, mistreatment and other improper practices committed by healthcare teams. Specially among gynecologists/obstetricians, the fear of suffering discrimination from their equals and their personal conceptions of abortion make many ones refuse carrying out this procedure. It includes one more obstacle in guaranteeing women's rights. Supported by Qualitative Research and based on Social Representations Theory procedural approach's assumptions, this study aimed to identify and analyze gynecologists and obstetricians' Social Representations of abortion. Twenty physicians who act or acted in maternity centers, gynecology/obstetrics ambulatories and hospitals in Belo Horizonte Metropolitan Area were interviewed. The interviews aimed to explore these professionals' experience, their perceptions, practices and social representations of abortion, besides the way these individuals elaborate such representations. The interviews were recorded, transcribed and analyzed through Content Analysis. Results point abortion is recurrent in the interviewed professionals' daily routine. It mobilizes them to share social representations that help abortion become a familiar object from basic values and from references close to groups which polarize abortion debate. However, this process does not happen without significant conflicts and contradictions, characterizing representations identified as the polemic social ones. For the majority of the participants, abortion was objectified as Decision/Right, anchored in basic values such as liberty that may lead to women autonomy defense, acceptance, abortion practice in legal conditions and abortion legalization support in Brazil. Through abortion practice, physicians believed they were helping women, minimizing their suffering. In parallel, other parcel of participants presented a different understanding. To these professionals, abortion was objectified as Murder. Its anchorage happened through basic values one considers unquestionable such as life, what may lead to fetus defense, disapproval, discomfort and conscientious objection to abortion even when it is foreseen by Brazilian Law. Some professionals believed abortion would be the fetus murder and an aggression to female body, generating marks and traumas in patients. Therefore, interviewees' social representations comply relevant roles in their daily routine and generates convergence points to their practices. Nevertheless, there were conflicting issues between their personal views and professional practices. It points to the need of further studies which explore this dimension in the light of cognitive polyphasia.
language: por
metadata.dc.publisher.country: Brasil
Publisher: Universidade Federal de Minas Gerais
Publisher Initials: UFMG
metadata.dc.publisher.department: FAF - DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
metadata.dc.publisher.program: Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Rights: Acesso Aberto
metadata.dc.rights.uri: http://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/pt/
URI: http://hdl.handle.net/1843/45703
Issue Date: 18-Feb-2020
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