“Eu vivi visceralmente esse sentimento de perda” : pós-memória e narrativas dos filhos de sobreviventes do Holocausto em Belo Horizonte (1945-2019)

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Universidade Federal de Minas Gerais

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Dissertação de mestrado

Título alternativo

“I viscerally lived this feeling of loss ”: postmemory and narratives of children of Holocaust survivors in Belo Horizonte (1945-2019)

Primeiro orientador

Membros da banca

karl Schurster
Michel Gherman
Elcio Cornelsen

Resumo

Esta dissertação se propõe a analisar as narrativas de 22 filhos de sobreviventes do Holocausto que, após a guerra, estabeleceram-se na cidade de Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais, Brasil. Esses filhos, aqui chamados de “Segunda Geração”, foram entrevistados a partir dos métodos da história oral no contexto do projeto “Herdeiros da Memória”, realizado pelo Instituto Histórico Israelita Mineiro (IHIM), entre 2017 e 2019. Como narrativas orais, as entrevistas são o resultado do imbricamento de vários tempos e camadas de memórias. Em uma primeira camada, os sujeitos sobre os quais nos debruçamos experimentaram, desde a infância, um contato com o passado de seus pais de forma particular, marcada pela linguagem da família e do cotidiano: a convivência com a sobrevivência em si, os sintomas, os pesadelos, as manias e resquícios traumáticos, que não necessitam das palavras para serem expressos e sentidos. A segunda camada que compõe o imaginário sobre o Holocausto compartilhado pelo grupo, reside na sua experiência enquanto judeus que viveram e vivem em Belo Horizonte, vivenciando em maior ou menor grau os espaços, instituições e marcos de sociabilidade desta “comunidade judaica”. Soma-se a estas duas uma terceira camada, composta pela memória coletiva, que se expressa por meio de diversas esferas do espaço público, a destacar-se a esfera legal, por meio de julgamentos e processos; a esfera institucional, por meio de comemorações, rituais, memoriais, museus e lugares de memória; e a esfera cultural, por meio de filmes, da literatura e das representações. O trabalho de memória operado coletivamente colocou este passado em uma posição universal e paradigmática, que se nutre das memórias familiares, ao mesmo tempo que as informa. Cada uma destas camadas, ainda, é transpassada pela temporalidade e pelas mudanças impressas pelos mais de setenta anos passados desde o fim do genocídio. O que se observa, então, é que tais narrativas são o resultado do imbricamento destas camadas e temporalidades, articuladas na elaboração subjetiva do passado e na narrativa de si de cada sujeito, compondo o que entendemos como memória de segunda geração ou pós-memória, conforme formula Marianne Hirsch em The Generation of Postmemory.

Abstract

This dissertation proposes to analyze the narratives of 22 children of Holocaust survivors who, after the war, settled in the city of Belo Horizonte, capital of Minas Gerais state, Brazil. These children, here called “Second Generation”, were interviewed using the methods of oral history in the context of the project “Herdeiros da Memória”, carried out by the Instituto Histórico Israelita Mineiro (IHIM), between 2017 and 2019. As oral narratives, interviews are the result of the imbrication of several times and layers of memory. In a first layer, the subjects we are looking at experienced, since childhood, a contact with their parents' past in a particular way, marked by the language of the family and everyday life: living with survival itself, the symptoms, nightmares, manias and traumatic remnants that do not need words to be expressed and felt. The second layer that makes up the imaginary about the Holocaust shared by the group resides in their experience as Jews who lived and still live in Belo Horizonte, experiencing to a greater or lesser degree the spaces, institutions and sociability landmarks of this “Jewish community”. Added to these two is a third layer, composed of the collective memory that is expressed through different spheres of public space, highlighting the legal sphere, through judgments and processes; the institutional sphere, through commemorations, rituals, memorials, museums and places of memory; and the cultural sphere, through films, literature and representations. Collectively operated memory work has placed this past in a universal and paradigmatic position, which feeds on familiar memories at the same time as it informs them. Each of these layers, moreover, is permeated by temporality and the changes imprinted by the more than seventy years that have passed since the end of the genocide. What is observed, then, is that such narratives are the result of the intertwining of these layers and temporalities, articulated in the subjective elaboration of the past and in each subject's self-narrative, composing what we understand as second generation memory, or postmemory, as formulated by Marianne Hirsch in The Generation of Postmemory.

Assunto

História - Teses, Holocausto - Sobreviventes - Teses, Guerra mundial, 1939-1945 - Teses, Identidade - Teses

Palavras-chave

Pós-memória, Segunda geração, Memória do Holocausto

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