Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/1843/49935
Type: Tese
Title: Tendência temporal no consumo alimentar tradicional de feijão no país e sua relação com o estado nutricional da população adulta brasileira
Other Titles: Temporal trend of traditional bean consumption in the country and its relationship with the nutritional status of the Brazilian adult population
Authors: Fernanda Serra Granado
First Advisor: Rafael Moreira Claro
First Referee: Camila Aparecida Borges
Second Referee: Emanuella Gomes Maia
Third Referee: Daniela Silva Canela
metadata.dc.contributor.referee4: Larissa Loures Mendes
Abstract: Introdução: No Brasil, o feijão é o símbolo de uma alimentação tradicional. No entanto, nota-se a tendência de enfraquecimento e substituição das culturas alimentares tradicionais por uma alimentação moderna, global e pouco saudável com efeitos nocivos para a saúde. Objetivo: Analisar a tendência temporal do consumo alimentar tradicional de feijão no País e sua associação com o estado nutricional da população adulta brasileiras das capitais dos Estados e do Distrito Federal. Metodologia: A presente tese foi desenvolvida em dois artigos científicos, com base nos dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). O artigo 1 compreendeu uma análise de série temporal em uma amostra probabilística de 572.675 adultos, cujo objetivo foi identificar a tendência temporal do consumo alimentar tradicional de feijão na população adulta das capitais dos Estados brasileiros e do Distrito Federal, entre os anos de 2007 e 2017, e estimar sua projeção de prevalência até o ano de 2030. Três indicadores de consumo semanal de feijão foram criados e estimados para cada ano do estudo: consumo regular de feijão (≥ 5 dias/semana), consumo não-regular (1 a 4 dias/semana) e seu não-consumo (0 dias/semana). A regressão de Prais-Winsten foi utilizada em modelos de splines lineares em dois períodos de análise: 2007-2011 e 2012-2017, além do período completo (2007-2017). As projeções futuras de prevalência do consumo basearam-se na tendência de consumo entre 2012 e 2017. O manuscrito 2 compreendeu um estudo transversal em uma amostra probabilística de 563.094 adultos, cujo objetivo foi analisar a associação entre consumo tradicional de feijão na dieta brasileira e os desfechos de ganho de peso e indicadores do estado nutricional (excesso de peso e obesidade) na população adulta brasileira das capitais dos Estados e do Distrito Federal, entre os anos de 2009 e 2019. Foram criados e estimados quatro indicadores do consumo semanal de feijão: Não consumo (0 dias/semana); baixo consumo (1 a 2 dias/semana), consumo moderado (3 a 4 dias/semana); e consumo regular (5 a 7 dias/semana). As associações entre frequência de consumo semanal de feijão (0 a 7 dias/semana) e indicadores de consumo de feijão (ambos como variáveis independentes) com os desfechos de ganho de peso (IMC) e estado nutricional (excesso de peso e obesidade) foram investigadas por regressão linear múltipla e modelos de regressão logística, respectivamente. Todos os modelos foram ajustados por variáveis sociodemográficas (idade, escolaridade, ano de realização do inquérito, gênero, raça/cor da pele), variáveis de estilo de vida (tabagismo, atividade física no lazer, consumo abusivo de álcool; hábito de assistir televisão (≥ 3 horas/dia); e variáveis dietéticas (consumo regular (≥ 5 dias/semana) de bebidas açucaradas, frutas e hortaliças; e escore de alimentos in natura e ultraprocessados (inquéritos de 2019)). Os valores foram apresentados como coeficientes de regressão (β) e Odds Ratio, com seus respectivos intervalos de confiança. Três análises de sensibilidade foram realizadas utilizando-se: 1. Subamostra de pesquisas de 2019, em que os modelos foram ajustados por duas novas variáveis da dieta: escores de alimentos in natura e ultraprocessados; 2. Subamostra de 25% da amostra original (2009-2019); 3. Estratificação por dois períodos de análise (2009-2013 e 2014-2019). Resultados: O artigo 1 identificou a tendência de queda na prevalência do consumo regular de feijão nos anos recentes (2012-2017) em ambos os sexos, todas as faixas etárias e em indivíduos com baixa e média escolaridade (0 a 11 anos de estudo). O consumo regular de feijão apresentou a maior prevalência nos dois períodos. As projeções estimadas indicaram uma possível inversão no ano de 2025, onde o consumo não-regular de feijão será o mais frequente na população (48,2%). Nas mulheres, essa inversão foi prevista para 2022 e, para os homens, em 2029. O manuscrito 2 identificou que o consumo regular de feijão apresentou associação inversa com o IMC (β: -0,41 kg/m² (IC 95%: -0,49; -0,34, P ≤ 0,002)), além de efeito protetivo na chance de desenvolver excesso de peso (OR: 0,86 (IC 95%: 0,84; 0,89, P ≤ 0,002)) e obesidade (OR: 0,85 (IC 95%: 0,82; 0,89, P ≤ 0,002)). Por sua vez, o não consumo (0 dias/semana) ou o baixo consumo de feijão (1-2 dias/semana) apresentaram associações positivas com o IMC e efeito de risco na chance de desenvolver excesso de peso e obesidade. Todas as análises de sensibilidade corroboraram os achados da investigação principal. Conclusões: A tendência de queda no consumo alimentar tradicional de feijão revela sua fragilidade alimentar. Estima-se que, em 2025, seu consumo não será o hábito predominante no País com prejuízos à saúde populacional. A regularidade no consumo semanal de feijão foi o elemento diferencial para uma associação direta ou inversa com os desfechos de excesso de peso e obesidade, destacando o papel das escolhas alimentares sobre os padrões alimentares e, consequentemente, sobre a saúde.
Abstract: Introduction: In Brazil, beans represent a symbol of a traditional diet. However, there is a tendency to weaken and replace traditional food cultures by a modern, global and unhealthy diet, with harmful effects over health. Objective: To identify temporal trends in the traditional consumption of beans in the country, and to analyze its association with the nutritional status of the Brazilian adult population. Methods: This thesis was developed into two scientific articles, based on data from the Surveillance System of Risk and Protection Factors for Chronic Diseases by Telephone Survey (Vigitel). The article 1 comprised a time series analysis in a probabilistic sample of 572,675 adults, whose objective was to identify the temporal trend of traditional food consumption of beans in the adult population of the capitals of the Brazilian states and the Federal District, between the years 2007 and 2017, and estimate its prevalence projection up to the year 2030. Three indicators of weekly consumption of beans were created and estimated for each year of the study: regular consumption (≥ 5 days/week), non-regular consumption (1 to 4 days/week) and non-consumption (0 days/week) of beans. Prais-Winsten regression was used in linear spline models in two analyzed periods: 2007-2011 and 2012-2017, along with the completed period (2007-2017). Future prevalence projections were calculated based on its tendency from 2012 to 2017. The manuscript 2 comprised a cross-sectional in a probabilistic sample of 563,094 adults, whose objective was to analyze the association between traditional consumption of beans with weight gain and nutritional status (overweight and obesity indicators) in the Brazilian adult population of capitals of the States and the Federal District, between 2009 and 2019. Four indicators of the weekly bean consumption were created and estimated: non-consumption (0 days/week); low consumption (1 to 2 days/week), moderate consumption (3 to 4 days/week); and regular consumption (5 to 7 days/week) of beans. The associations between frequency of weekly bean consumption (0 to 7 days/week) and bean consumption indicators (both as independent variables) with the outcomes of weight gain (BMI) and the nutritional status (overweight and obesity) were investigated by multiple linear regression and logistic regression models, respectively. All models were adjusted for sociodemographic variables (age, educational level, survey year, sex, race/skin color), lifestyle variables (smoking, leisure-time physical activity, abusive alcohol consumption; television viewing habit (≥ 3 hours/day); and dietary variables (regular consumption (≥ 5 days/week) of sugar-sweetened beverages, fruits, and vegetables; and in natura and ultraprocessed food scores (data available only in the 2019 survey)). Values were presented as regression coefficients (β) and Odds Ratio, with their respective confidence intervals. Three sensitivity analyzes were performed using: 1. A subsample of 2019 survey, in which the models were adjusted for two novel dietary variables: in natura and ultraprocessed food scores; 2. A subsample of 25% from original sample (2009-2019); 3. Stratification by two periods of analyses (2009-2013; and 2014-2019). Results: The article 1 identified a downward trend in the prevalence of regular/traditional consumption of beans in recent years (2012-2017) in both sexes, all age groups and in individuals with low and medium schooling (0 to 11 years of study). Regular consumption of beans (≥ 5 days/week) held the highest prevalence in both halves of the analyzed period. Estimated projections indicated that an inversion will likely occur in the year 2025, whereas non-regular consumption will become the most frequent in the population (48.2%). In women, this inversion was predicted for 2022 and, for men, in 2029. The manuscript 2 identified that regular/traditional consumption of beans (≥ 5 days/week) was inversely associated to BMI (β: -0,41 kg/m² (IC 95%: -0,49; -0,34, P ≤ 0,002)), with a protective effect over overweight (OR: 0,86 (IC 95%: 0,84; 0,89, P ≤ 0,002)) and obesity (OR: 0,85 (IC 95%: 0,82; 0,89, P ≤ 0,002)). Non-consumption (0 days/week) and low-consumption of beans (1-2 days/week) presented positive associations with BMI, and were risk factors in the chance to develop overweight and obesity. All sensitivity analyzes corroborated the findings of the main investigation. Conclusions: The downward trend in the traditional bean food consumption reveals its nutritional fragility. Estimated prevalence projection indicated that, by 2025, regular consumption of beans will cease to be the predominant habit in the country. Regularity in the weekly bean consumption was the differential element towards a direct or an inverse association with the outcomes, highlighting the role of food choices on dietary patterns and, consequently, on health.
Subject: Ingestão de Alimentos
Alimentos in natura
Comportamento Alimentar
Estado Nutricional
Obesidade
language: por
metadata.dc.publisher.country: Brasil
Publisher: Universidade Federal de Minas Gerais
Publisher Initials: UFMG
metadata.dc.publisher.department: MED - DEPARTAMENTO DE MEDICINA PREVENTIVA SOCIAL
metadata.dc.publisher.program: Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública
Rights: Acesso Aberto
metadata.dc.rights.uri: http://creativecommons.org/licenses/by-nd/3.0/pt/
URI: http://hdl.handle.net/1843/49935
Issue Date: 16-Dec-2022
Appears in Collections:Teses de Doutorado

Files in This Item:
File Description SizeFormat 
GRANADO FS 2022.pdfTese de doutorado de Fernanda Serra Granado3.4 MBAdobe PDFView/Open


This item is licensed under a Creative Commons License Creative Commons