É possível uma esteira não taylorista? Sobre a forma social da tecnologia - o projeto de uma esteira de triagem de materiais recicláveis
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Editor
Universidade Federal de Minas Gerais
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Tipo
Tese de doutorado
Título alternativo
Primeiro orientador
Membros da banca
Adson Eduardo Resende
Cristiano Cordeiro Cruz
Fernanda Santos Araújo
Viviane Zerlotini da Silva
Cristiano Cordeiro Cruz
Fernanda Santos Araújo
Viviane Zerlotini da Silva
Resumo
Tudo o que é criado no interior das relações sociais capitalistas parece estar marcado com o selo da dominação do capital sobre o trabalho, inclusive as tecnologias. O desafio para engenheiros, arquitetos e designers, engajados na construção de alternativas a esse modo de produção, consiste em intervir nos processos de concepção técnica sem reproduzir as relações de dominação dos homens e da natureza. Existe um longo debate sobre a natureza da tecnologia capitalista, na busca por apontar diferentes caminhos à construção de uma base material adequada à sociedade emancipada e às práticas de produção cooperativas. Nos debates atuais sobre a perspectiva da “tecnologia social”, a crítica à tecnologia como forma de dominação ocupa um lugar central entre esses autores, que recusam a neutralidade da técnica, visão clássica predominante entre especialistas. Para contribuir a esse debate, nós analisamos o caso de uma cooperativa de catadores de materiais recicláveis, de Belo Horizonte, que inseriu uma esteira de triagem no seu processo produtivo. A força das engrenagens para impor a cadência e intensificar o ritmo trabalho foi a forma como historicamente se observou a apropriação desse instrumento a partir do advento do taylorismo. Não parece um contrassenso a adoção desse dispositivo em um sistema cooperativo que visa a emancipação dos trabalhadores? Mas será que o princípio de Ford (1925), de que “nenhum operário necessita carregar ou levantar qualquer coisa”, visto que “isso faz parte de um serviço distinto – o serviço de transporte”, que impulsionou a consolidação da linha de montagem, não é interessante para organizar um sistema produtivo que visa a emancipação dos trabalhadores, ou ao menos aliviar sua faina diária, ao facilitar o trabalho e eliminar tarefas fisicamente degradantes? Então o que separaria um transportador de um “chicote mecânico”? Seria possível uma esteira não taylorista? Essa é a questão central da tese.
Abstract
Everything that is created within capitalist social relations seems to be marked
with the seal of capital's domination over work, including technologies. The challenge
for engineers, architects and designers engaged in building alternatives to this mode
of production is to intervene in technical design processes without reproducing the
domination of men and nature. There is a long debate about the nature of capitalist
technology, in the search to point out different ways to build a suitable material base
for an emancipated society and cooperative production practices. In current debates
on the perspective of “social technology”, the critique of technology as a form of
domination occupies a central place among these authors, who reject the neutrality of
technology, a classic view that is predominant among specialists. To contribute to this
debate, we analysed the case of a waste pickers’ cooperative, from Belo Horizonte,
which inserted a conveyor belt in its sorting process. The power of gears to impose
the cadence and intensify the work rhythm was the way in which the appropriation of
this instrument was historically observed from the advent of Taylorism. Doesn't it seem
counterintuitive to adopt this device in a cooperative system that aims at the
emancipation of workers? But wouldn’t Ford's principle (1925), that "no worker needs
to carry or lift anything", since "this is part of a distinct service - the transportation
service", which boosted the consolidation of the assembly line, be interesting to
organize a productive system that aims to emancipate workers, or at least alleviate
their daily toil, by facilitating work and eliminating physically degrading tasks? So what
would differentiate a conveyor from a “mechanical whip”? Would a non-Taylorist
conveyor belt be possible? This is the central question of this thesis.
Assunto
Engenharia de produção, Taylorismo, Catador de material reciclável, Resíduos sólidos - Reaproveitamento, Reciclagem - Lixo, Reciclagem - Indústria, Tecnologia - Aspectos sociais
Palavras-chave
Taylorismo, Fordismo, Emancipação, Catadores, Gestão de resíduos sólidos urbanos, Triagem de materiais recicláveis, Reciclagem popular, Tecnologia social