Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/1843/53989
Type: Dissertação
Title: Conflito trabalho-família, conflito família-trabalho e equilíbrio ocupacional: uma análise entre mulheres trabalhadoras brasileiras
Other Titles: Work-family conflict, family-work conflict and occupational balance: an analysis among Brazilian female workers
Authors: Jacqueline Josiane Gonçalves Ferreira
First Advisor: Fabiana Caetano Martins Silva e Dutra
Abstract: Historicamente é atribuído ao homem o papel de provedor e a mulher o papel reprodutivo, sendo o trabalho não remunerado de cuidados domésticos e cuidado com dependentes executado predominantemente pelas mulheres. Com o aumento da participação feminina no mercado de trabalho, surgiu o desafio de conciliar as demandas familiares e laborais, podendo haver desequilíbrio entre as ocupações, sobrecarga, desgaste e sofrimento para as trabalhadoras. Ademais, a pandemia de Covid-19 acentuou ainda mais as desigualdades de gênero e classe devido ao enfraquecimento das redes de apoio, crescimento das demandas de trabalho doméstico e de cuidados com terceiros, aumentando o risco de sofrimento físico e mental. Esse cenário contribui para o surgimento de conflito na relação trabalho-família. Pode haver conflito quando as exigências e demandas relacionadas a um âmbito são incompatíveis com as do outro. Nesse sentido, os objetivos desse estudo foram: (i) descrever as características sociodemográficas, profissionais e o equilíbrio ocupacional, e (ii) investigar se estes fatores são preditivos de conflito trabalho-família e de conflito família-trabalho de mulheres trabalhadoras brasileiras durante a pandemia de Covid-19. Trata-se de um estudo observacional, do tipo transversal e com abordagem quantitativa, realizado por meio de survey populacional online. As trabalhadoras foram recrutadas por conveniência e responderam a um questionário com informações sociodemográficas e profissionais; Critério de Classificação Econômica Brasil da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa; uma pergunta sobre a percepção de equilíbrio ocupacional e à Escala Multidimensional de Conflito Trabalho-Família – EMCT-F. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva. Foram construídos dois modelos de Regressão Linear Múltipla com entrada hierarquizada: um para testar a força de associação entre as variáveis independentes e o desfecho Conflito Trabalho-Família (CTF); e outro modelo para testar a força de associação entre as variáveis independentes e o desfecho Conflito Família-Trabalho (CFT). Participaram do estudo 352 mulheres, com idade entre 20 e 65 anos, residentes em vários Estados do Brasil, ativas quanto ao trabalho remunerado. Equilíbrio ocupacional (βsc=-0,470; t=-7,314; p=0,000), carga horária de trabalho (βsc=0,148; t=2,285; p=0,024) e comportamento (βsc= 0,308; t=3,619; p=0,000) foram preditores de conflito trabalho-família e, em conjunto, explicaram 47,5% da variância total (F(18, 158= 7,951; p= 0,000; R2= 0,475). O conjunto de variáveis do modelo conflito família-trabalho explicou 31,7% da variância total (F(19, 63= 3,983; p= 0,000; R2= 0,317), e indicou escolaridade (βsc= 0,224; t= 3,142; p= 0,002), equilíbrio ocupacional (βsc= -0,218; t= -2,658; p= 0,009), carga horária de trabalho (βsc=-0,189; t= -2,541; p= 0,012) e comportamento (βsc= 0,247; t= 2,609; p= 0,010) como preditores de conflito família-trabalho. Este resultado informa que a relação trabalho-família deve ser analisada considerando diferentes fatores pessoais, do trabalho e relacionados ao repertório e ao envolvimento em ocupações significativas de mulheres trabalhadoras. Maior carga horária de trabalho, pior equilíbrio ocupacional e percepção negativa associada ao comportamento, predizem mais conflito trabalho-família. Por outro lado, menor carga horária, maior escolaridade, pior equilíbrio ocupacional e percepção negativa associada ao comportamento, predizem mais conflito família-trabalho. Esses achados evidenciam a importância de se considerar o impacto dos aspectos individuais, organizacionais e políticas públicas na relação entre trabalho e família. Os resultados indicam caminhos para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas para a equidade de gênero, bem como para potencializar a inclusão, manutenção e equiparação de oportunidades das mulheres no mercado de trabalho no contexto brasileiro.
Abstract: Throughout history, men have been considered to be the providers, while women have been considered the responsible for reproductive duties, not to mention that unpaid domestic work and caregiving are activities mostly carried out by women. As the female population became more present in the job market due to changes in social and familial structures, they had to face the challenge of conciliating family and work demands. This had the potential of causing unbalance between occupations, overload, strain, and suffering in these workers. Furthermore, the COVID-19 pandemic increased gender and class inequalities as it weakened support networks, increased domestic work and childcare demands, in addition to work-related pressure, increasing the risk of mental and physical suffering. This setting contributed for conflicts to appear in work-family relations. A conflict can emerge when the demands and requirements of one sphere of activity are not compatible with those from another. With this in mind, the goals of this study were: (i) to describe sociodemographic and professional characteristics and occupational balance; and (ii) to investigate whether these factors are predictive of a conflict in the work-family relation of Brazilian women workers during the COVID-19 pandemic. This is an observational, cross-sectional, and quantitative study, carried out using an online population survey. The workers were recruited by convenience and answered the following instruments: a questionnaire with sociodemographic and professional information; the Brazil Economic Classification Criteria, from the Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (the Brazilian Association of Research Companies); one question about their perceptions regarding their occupational balance; and the Multidimensional WorkFamily Conflict Survey - EMCT-F. Data was analyzed using descriptive statistics. Two hierarchical multiple linear regression models were created: one to test the strength of the association between independent variables and the outcome of Work-Family Conflict (CTF); and the other to test the strength of the association between independent variables and the outcome of Family-Work Conflict (CFT). The study included 352 women, aged from 20 to 65 years, who lived in several Brazilian states and had active paid jobs. Occupational balance (β sc =-0.470; t=-7.314; p=0.000), work hour load (β sc=0.148; t=2.285; p=0.024), and behavior (β sc= 0.308; t=3.619; p=0.000) were predictors of family-work conflicts, and, together, explained 47.5% of the total variance (F(18. 158= 7.951; p= 0.000; R2 = 0.475). The variables in the family-work conflict model explained 31,7% of the total variance (F(19. 63= 3.983; p= 0.000; R2 = 0.317), suggesting that educational level (β sc= 0.224; t= 3.142; p= 0.002), occupational balance (β sc = -0.218; t= -2.658; p= 0.009), work hour load (β sc =-0.189; t= - 2.541; p= 0.012), and behavior (β sc= 0.247; t= 2.609; p= 0.010) were predictors of familywork conflicts. This result showed that work-family relations must be analyzed considering different personal and work factors, in association with the experience and involvement of working women in significant occupations. Longer work hours, worse occupational balance, and negative perception of behavior predict a higher chance of work-family conflict. On the other hand, lower hour loads, higher educational levels, worse occupational balance, and negative perceptions associated with one's behavior predict more family-work conflicts. The results of this research suggest paths to develop public policies targeted at gender equality, in addition to encouraging the inclusion of women in the Brazilian job market, their retention, and the provision of equal opportunities.
Subject: Trabalho feminino
COVID-19 (Doença)
language: por
metadata.dc.publisher.country: Brasil
Publisher: Universidade Federal de Minas Gerais
Publisher Initials: UFMG
metadata.dc.publisher.department: EEFFTO - ESCOLA DE EDUCAÇÃO FISICA, FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL
metadata.dc.publisher.program: Programa de Pós-Graduação em Estudos da Ocupação
Rights: Acesso Restrito
URI: http://hdl.handle.net/1843/53989
Issue Date: 8-Mar-2023
Appears in Collections:Dissertações de Mestrado

Files in This Item:
File Description SizeFormat 
Dissertacao_Jacqueline_Ferreira_final_CPGEO.pdf2.38 MBAdobe PDFView/Open


Items in DSpace are protected by copyright, with all rights reserved, unless otherwise indicated.