Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/1843/55184
Type: Tese
Title: Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF): análise de associação com qualidade de vida no contexto da avaliação fonoaudiológica de crianças e adolescentes
Authors: Marina Garcia de Souza Borges
First Advisor: Stela Maris Aguiar Lemos
First Co-advisor: Adriane Mesquita de Medeiros
First Referee: Iza de Faria Fortini
Second Referee: Roberta Alvarenga Reis
Third Referee: Amelia Augusta de Lima Friche
metadata.dc.contributor.referee4: Carla Menezes da Silva
metadata.dc.contributor.referee5: Aline Mansueto Mourão
Bárbara Antunes Rezende
Abstract: Introdução: Na Fonoaudiologia, a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) já foi abordada em pesquisas, porém seu uso na prática ainda é incipiente. São restritos, também, os trabalhos que incluem a influência da funcionalidade sobre a qualidade de vida de crianças e adolescentes, em especial no contexto de avaliação fonoaudiológica. Objetivos: Investigar o uso da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), seus componentes e a associação com a qualidade de vida, autopercepção de saúde, aspectos clínicos e sociodemográficos em processo de avaliação e diagnóstico fonoaudiológico em crianças e adolescentes. Os objetivos específicos, por sua vez, foram: caracterizar a população estudada; verificar associação entre o diagnóstico fonoaudiológico e o componente Fatores Ambientais; analisar as propriedades psicométricas das categorias pré-selecionadas da CIF; verificar a influência de aspectos clínicos, sociodemográficos e de autopercepção de saúde sobre a funcionalidade e da funcionalidade na qualidade de vida, autorreferida e relatada por pais/responsáveis por crianças e adolescentes em processo de avaliação fonoaudiológica e propor um Checklist da CIF para uso ambulatorial com a população infantojuvenil. Métodos: Trata-se de estudo observacional analítico transversal, realizado com crianças e adolescentes em processo de avaliação fonoaudiológica no período de 2016 a 2019 no ambulatório de Fonoaudiologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais. Foram incluídos na população estudada participantes entre cinco e 16 anos, cujos prontuários estivessem completos e disponíveis para consulta e que, juntamente com seus responsáveis, assinassem os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido e de Assentimento. Foram excluídos àqueles com presença dos diagnósticos de deficiência auditiva ou intelectual e Transtornos Espectro Autista. A coleta de dados se deu por meio da aplicação dos instrumentos Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB) com os pais ou responsáveis, do Pediatric Quality of Life Inventory – PedsQL™ 4.0, nas versões para as crianças e adolescentes e para os pais/responsáveis, e do instrumento de escala de faces para avaliação da autopercepção de saúde com as crianças e adolescentes. Dos prontuário foram coletados dados referentes aos aspectos sociodemográficos (idade, sexo, escolaridade do participante e parental), clínicos (queixas, diagnóstico fonoaudiológico e condutas após avaliação), e informações que permitissem a identificação dos conteúdos que se referiam às categorias pré-selecionadas da CIF dos componentes de Funções do Corpo, Atividades e Participação e Fatores Ambientais. Foram realizadas análises descritivas, bivariadas, multivariadas, fatorial e a Modelagem de Equações Estruturais (MEE). A análise descritiva, na Etapa 1, foi realizada por distribuição de frequência e medidas de tendência central e dispersão. Na Etapa 2, a análise bivariada constou da utilização dos testes Qui-quadrado de Pearson e Exato de Fisher, adotando-se o nível de significância de 5%. Nas Etapas 3 e 4, foi realizada análise fatorial com a CIF e seus componentes, e com o PedsQL em suas duas versões, utilizando o método de extração das componentes principais e rotação promax. A qualidade dos indicadores foi avaliada por meio da análise de validade convergente, confiabilidade, adequação da técnica e dimensionalidade de cada constructo. A análise multivariada constou de regressão linear com erros-padrões robustos para a matriz de covariância dos coeficientes estimados. Foi utilizado o método stepwise, e no método forward para a entrada na análise univariada, foram utilizados o teste Mann-Whitney e a correlação de Spearman, sendo considerado um nível de significância igual a 15%. Em seguida, foi realizado o método backward, adotando-se um nível de 5% de significância. Foi realizada a MEE utilizando também o método stepwise, por meio do método forward para a análise univariada, com o teste Mann-Whitney e a correlação de Spearman, e adotando um nível de significância igual a 15%. Posteriormente, foi ajustado o modelo de equações estruturais e neste foi aplicado o método backward, adotando um valor-p ao nível de significância de 5%. Na avaliação da qualidade do ajuste dos modelos foi utilizado o R². Foram utilizados durante as análises os softwares estatísticos SPSS versão 25.0. e o R-STUDIO versão 4.1.0. Resultados: Participaram do estudo 84 crianças e adolescentes, predominantemente do sexo masculino (71,4%), entre oito e 12 anos (63,1%), que estavam no Ensino Fundamental I (70,5%) e pertencentes a classe C2 do CCEB (40,5%). As queixas de maior prevalência foram quanto às dificuldades escolares/referentes à leitura e escrita (61,9%) e alterações de fala (57,8%), e os diagnósticos de maior ocorrência foram as alterações de aquisição/desenvolvimento da linguagem oral (83,3%), nas questões de linguagem escrita (75,0%) e alterações de M.O. (63,1%). Quanto à CIF, as maiores prevalência da classificação de deficiência ocorreram em b167 – Funções mentais da linguagem (96,4%) e b320 – Funções da articulação (63,2%), as maiores dificuldades foram verificadas em d325C – Comunicação-recepção de mensagens escritas - Capacidade (89,2%) e d160D – Concentrar a atenção - Desempenho (79,7%), e os Fatores Ambientais mais relatados como barreiras foram e165 - Bens (28,9%) e e580 – Serviços, sistemas e políticas de saúde (7,2%). No PedsQL, na versão pais/responsáveis, a maior média de pontuação foi observada nos domínios físico (84,2819,40) e social (76,6025,47), e na avaliação das crianças e adolescentes, as maiores pontuações estiveram nos domínios social (81,3321,94) e físico (80,6617,18). Para a maior parte dos participantes, a autopercepção de saúde encontra-se entre Boa (24,4%) e Muito Boa (54,9%). Houve associação de códigos dos Fatores Ambientes com as hipóteses diagnósticas de alterações dos aspectos cognitivos da linguagem, de fala e de voz. Na análise fatorial realizada com a CIF, quatro constructos unidimensionais foram evidenciados, sendo um para cada componente analisado e um para a CIF como um único fator. Após a realização das análises univariadas e dos modelos multivariados, observou-se que as variáveis sexo; queixas de alterações de fala e de dificuldade escolar/alterações de linguagem escrita; hipóteses diagnósticas de alterações nos aspectos cognitivos da linguagem, de voz, de aquisição/desenvolvimento da linguagem oral, no processamento auditivo, de fala e o número de condutas por caso exerceram influência direta e negativa sobre os quatro fatores retidos para a análise da CIF. A escolaridade paterna e a presença da queixa de alterações de fluência apresentaram tendência positiva nos Fatores Ambientais, na funcionalidade e nas Funções do Corpo, respectivamente. A análise fatorial realizada com o PedsQL evidenciou dois fatores, um para a versão pais/responsáveis e outro para a versão crianças/adolescentes. Durante a realização da MEE, nos dois modelos realizados com a CIF como um único fator, não foi evidenciado efeito direto da funcionalidade global na qualidade de vida, sendo que para o instrumento aplicado com os pais/responsáveis, a presença da queixa de M.O. indicou pior qualidade de vida para os participantes. Nos dois modelos realizados com a análise dos componentes da CIF separadamente, as Funções do Corpo e os Fatores Ambientais não apresentaram influência sobre a qualidade de vida, porém as Atividades e Participação exerceram influência direta e positiva sobre ambos os resultados do PedsQL, sendo que quanto melhor avaliado este componente, melhor tende ser a qualidade de vida autorreferida e avaliada pelos pais/responsáveis. A presença da hipótese diagnóstica de alterações de fala também apresentou relação positiva com a variável desfecho PedsQL versão crianças/adolescentes. O Checklist proposto ao final consta de 34 categorias. Conclusão: Houve associação entre hipóteses diagnósticas fonoaudiológicas com códigos dos Fatores Ambientais presentes nos Capítulos 3 e 4 da CIF. Influências diretas e negativas foram constatadas entre variáveis sociodemográficas e clínico-assistenciais sobre a CIF como um único constructo e seus componentes. A MEE indicou que as Atividades e Participação e a hipótese diagnóstica de alterações de fala apresentaram influência direta e positiva na qualidade de vida autorreferida e indicada por pais/responsáveis por crianças e adolescentes em processo avaliativo. Tais resultados demonstram a importância de uma abordagem integral aos pacientes com alterações comunicativas, além da viabilidade do uso da CIF no momento da avaliação e diagnóstico fonoaudiológico. A análise fatorial e a MEE se fizeram importantes e úteis nas análises realizadas com a classificação de funcionalidade e seus componentes, covariáveis de cunho fonoaudiológico e a qualidade de vida.
Abstract: Introduction: The International Classification of Functioning, Disability, and Health (ICF) has already been approached in speech-language-hearing (SLH) research, but its use in clinical practice is still incipient. Also, few studies include the effects of functioning on the quality of life of children and adolescents, especially in the context of SLH assessment. Objectives: To investigate the use of ICF and its components and their associations with the quality of life, self-perception of health, and clinical and sociodemographic aspects of children and adolescents in the process of SLH assessment and diagnosis. The specific objectives were to characterize the study population; verify associations between SLH diagnoses and Environmental Factors; analyze the psychometric properties of preselected ICF categories; verify the influence of clinical, sociodemographic, and health self-perception aspects on functioning, and that of functioning on the quality of life, both self-reported and reported by parents/guardians of children and adolescents in the SLH assessment process; and lastly, propose an ICF checklist for outpatient clinical use with children and adolescents. Methods: This cross-sectional observational analytical study comprised children and adolescents in the process of SLH assessment between 2016 and 2019 at the SLH outpatient center of the Clinics Hospital of the Federal University of Minas Gerais. The study population included participants aged 5 to 16 years, whose medical records were complete and available for consultation, and who, along with their parents/guardians, respectively signed informed assent and consent forms. Those diagnosed with hearing or intellectual disability or Autistic Spectrum Disorders were excluded. Data were collected with the Brazilian Economic Classification Criteria (CCEB, in Portuguese) administered to the parents/guardians; the Pediatric Quality of Life Inventory (PedsQL™ 4.0), both child and parent reports; and the faces scale, to assess the self-perception of health in children and adolescents. Sociodemographic (age, sex, participant's and parental education) and clinical (complaints, speech therapy diagnosis and conduct after evaluation) data were collected from the medical records, as well as information to identify content related to the preselected ICF categories in Body Functions, Activities and Participation, and Environmental Factors. Descriptive, bivariate, multivariate, factorial, and structural equation modeling (SEM) analyses were performed. The descriptive analysis, in Stage 1, was performed with frequency distribution and measures of central tendency and dispersion. In Stage 2, the bivariate analysis used the Pearson chi-square and Fisher exact tests, with the significance level set at 5%. In stages 3 and 4, second-order factorial analysis was performed with the ICF and its components and both PedsQL versions, using the main component extraction method and Promax rotation. The quality of the indicators was assessed with analysis of convergent validity, reliability, technique adequacy, and dimensionality of each construct. The multivariate analysis included linear regression with robust standard errors for the covariance matrix of estimated coefficients. The stepwise method was used, as well as the Mann-Whitney test and Spearman correlation in the forward method to enter the univariate analysis, setting the significance level at 15%. Then, the backward method was used, with the significance level set at 5%. SEM was performed likewise using the stepwise method, with the forward method for univariate analysis, with the Mann-Whitney test and Spearman correlation, and the significance level set at 15%. Later, SEM was fitted, and the backward method was applied to it, using p-values at the 5% significance level. The model quality-of-fit assessment used R². The analyses were performed in SPSS, version 25.0, and R-STUDIO, version 4.1.0. Results: The study included 84 children and adolescents, predominantly males (71.4%), aged 8 to 12 years (63.1%), who attended elementary school (70.5%), and belonged to social class C2 in CCEB (40.5%). The most prevalent complaints were related to school difficulties/reading and writing (61.9%) and speech changes (57.8%), and the most recurrent diagnoses were changes in oral language acquisition/development (83.3%), written language issues (75.0%), and oral-motor control (63.1%). As for the ICF, the most prevalent disability classifications were in b167 – Mental functions of language (96.4%) and b320 – Articulation functions (63.2%); the greatest difficulties were verified in d325C – Communicating with/receiving written messages – Capacity (89.2%) and d160D – Focusing attention – Performance (79.7%); the Environmental Factors most reported as barriers were e165 – Assets (28.9%) and e580 – Health services, systems, and policies (7.2%). In PedsQL, the highest mean scores in the parent report were in the physical (84.2819.40) and social domains (76.6025.47), while in the child report, they were in the social (81.3321.94) and physical domains (80.6617.18). Most participants’ self-perception of health was either good (24.4%) or very good (54.9%). Environmental Factors codes were associated with diagnostic hypotheses of changes in cognitive aspects of language, speech, and voice. The factorial analysis performed with the ICF showed four unidimensional constructs – one for each component and one for the ICF as a single factor. After performing the univariate and multivariate model analyses, it was found that sex; complaints of speech changes and school difficulties/written language changes; diagnostic hypotheses of changes in cognitive aspects of language and voice, oral language acquisition/development, auditory processing, speech, and the number of procedures per case had a direct and negative effect on the four factors retained for ICF analysis. The paternal educational attainment and complaints of fluency changes had a direct and positive effect respectively on the Environmental Factors, functioning, and Body Functions. The factorial analysis performed with PedsQL showed two factors – one for the parent report and the other for the child report. SEM, in the two models performed with the ICF as a single factor, did not show a direct effect of functioning on the quality of life; in the parent report, oral-motor function complaints indicated participants’ worse quality of life. In the two models separately analyzing the ICF components, neither Body Functions nor Environmental Factors influenced the quality of life. Activities and Participation, on the other hand, had a direct and positive effect on both PedsQL results – the better assessed this component, the better the self-reported and parent-reported quality of life tended to be. Diagnostic hypotheses of speech changes were also positively related to PedsQL child report outcome. The checklist proposed at the end has 34 categories. Conclusion: SLH diagnostic hypotheses were associated with Environmental Factors codes present in ICF chapters 3 and 4. Sociodemographic and clinical-assistance variables had direct and negative effects on the ICF as a single construct and its components. SEM indicated that Activities and Participation and diagnostic hypotheses of speech changes had a direct positive effect on the self-reported and parent-reported quality of life of children and adolescents in the assessment process. These results demonstrate the importance of a comprehensive approach to patients with communication changes; they also show the feasibility of using the ICF in SLH assessment and diagnosis. Factorial and SEM analyses were important and useful to analyze the classification of functioning and its components, SLH covariables, and the quality of life.
Subject: Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde
Fonoaudiologia
Análise de Classes Latentes
Qualidade de Vida
Autoteste
Dissertação Acadêmica
Estudos Transversais
Humanos
language: por
metadata.dc.publisher.country: Brasil
Publisher: Universidade Federal de Minas Gerais
Publisher Initials: UFMG
metadata.dc.publisher.department: MED - DEPARTAMENTO DE FONOAUDIOLOGIA
metadata.dc.publisher.program: Programa de Pós-Graduação em Ciências Fonoaudiológicas
Rights: Acesso Restrito
URI: http://hdl.handle.net/1843/55184
Issue Date: 22-Dec-2022
metadata.dc.description.embargo: 22-Dec-2024
Appears in Collections:Teses de Doutorado



Items in DSpace are protected by copyright, with all rights reserved, unless otherwise indicated.