Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/1843/55259
Type: Dissertação
Title: O silêncio de vidas não contadas: mortalidade materna tardia no Brasil 2010-2019
Other Titles: The silence of uncounted lives: late maternal mortality in Brazil 2010-2019
Authors: Kelly Cristina Almeida Borgonove
First Advisor: Kleyde Ventura de Souza
First Referee: Kênia Lara da Silva
Second Referee: Sônia Lansky
Third Referee: Mariana Santos Felisbino Mendes
Abstract: Introdução: Os óbitos de mulheres durante o ciclo gravídico-puerperal (CGP) estão associados à prestação insatisfatória de assistência à saúde e refletem a qualidade inadequada da assistência, sendo um importante indicador de pobreza, iniquidade social, cobertura e qualidade da atenção às necessidades em saúde da população. Apesar dos números apontarem para uma grande porcentagem de mulheres que morrem no período gestacional e até 42 dias após o término da gestação, as mortes de mulheres no CGP não ocorrem somente neste período. Enquanto há uma redução da morbimortalidade materna, há crescente aumento nas taxas de mortalidade materna tardia. No entanto, a invisibilidade destes óbitos e a escassez de dados acerca de sua magnitude impactam diretamente na força de ações para seu enfrentamento. Objetivo: Avaliar a tendência temporal da razão de mortalidade materna tardia no Brasil e suas regiões geográficas no período de 2010 a 2019. Método: Trata-se de um estudo epidemiológico, ecológico exploratório tipo série temporal, com dados do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informações de Nascidos Vivos de 2010 a 2019, com mulheres que tiveram como causa básica de suas mortes a codificação O96 da CID-10, que caracteriza o óbito materno tardio. Calculou-se a razão de mortalidade materna tardia (RMMT) no Brasil e regiões geográficas. Para análise das tendências, empregou-se os modelos autorregressivos de Prais-Winsten. Analisou-se as tendências da RMMT total e RMMT específica por faixa etária, raça/cor, situação conjugal e escolaridade materna. Foram calculadas as variações percentuais médias anuais (Annual Percent Change, APC) das RMMT no país e regiões geográficas e seus respectivos intervalos de 95% de confiança (IC95%). Resultados: No período de 2010-2019 foram declarados 1.470 óbitos maternos tardios no Brasil. Ao final dos dez anos, a RMMT foi de 5 óbitos a cada 100.000 nascidos vivos (NV), sendo o menor escore na região Norte (3,5/100.0000 NV) e o maior na região Sul (8,3/100.000 NV). Observou-se tendência crescente significativa da RMMT no país. Houve aumento da RMMT no Brasil, com variação percentual média anual de 9,79% (IC95% 4,32-15,54). A região Centro-Oeste apresentou o maior aumento, com variação percentual média anual de 26,06% (IC95% 16,36-36,56), seguido da Norte com 23,50% (IC95% 13,93–33,88) e Nordeste com 14,60% (IC95% 8,50–21,05). Observou-se também aumento da RMMT em mulheres pretas/pardas (APC = 8,01%; IC95% 2,47 - 13,86); nas faixas etárias de 15 a 19 anos (APC=12,37%; IC95% 5,40-19,79), de 20 a 24 anos (APC=12,35%; IC95% 5,32-19,85), de 25 a 29 anos (APC= 9,93%; IC95% 4,77-15,34) e de 30 a 34 anos (APC=10,44%; IC95% 4,66-16,54); e nas mulheres com nenhuma escolaridade (APC= 21,43%; IC95% 10,87-32,99), 1 a 3 anos de estudo (APC=31,33%; IC95% 10,08-56,69), de 4 a 7 anos de estudo (APC=13,53%; IC95% 7,31 – 20,11) e de 8 a 11 anos de estudo (APC=13,79%; IC95% 9,08 - 18,70). Cerca de 83% das mortes maternas tardias declaradas foram investigadas. Antes da resseleção no SIM, 65,6% dos casos não estavam declarados como óbitos maternos tardios. Considerações finais: Há urgente necessidade de melhoria do cuidado pós-natal em um período ampliado, com foco na detecção e tratamento de condições conhecidas deste estágio, além da necessidade de se aprimorar a notificação e elaboração de indicadores relativos à mortalidade materna tardia. Uma quantidade significativa de dados é perdida pela não valorização de sua declaração, por sua notificação não confiável e pela limitação metodológica de se classificar a morte materna como aquela que ocorre somente até 42 dias após o término da gestação.
Abstract: Introduction: Women’s deaths during the pregnancy-puerperium cycle are associated with unsatisfactory provision of health care and reflect on low quality of care, considered an important indicator of poverty, social inequity, coverage, and quality of care for people’s health needs. Although the numbers point to a large percentage of women who die during pregnancy and puerperium, maternal deaths do not only occur during this period. While there is a continuous increase in late maternal mortality rates.However, the invisibility of these deaths and the shortage of its dimension directly impact the strength of actions to confront it. Objective: To evaluate the temporal trend of late maternal mortality ratio in Brazil and its geographic regions from 2010 to 2019. Method: This is an epidemiological, exploratory ecological time-series study, with data from Mortality Information System (SIM) and Live Birth Information System (SINASC), from 2010 to 2019, from women of child-bearing age who had their deaths declared with ICD-10 O96. Late maternal mortality rate (LMMR) of Brazil and its five geographic regions were calculated. To analyze the trends, Prais-Winsten autoregressive model was used. LMMR trends were analyzed according to age, race; color, marital status, and maternal level education. Annual Percent Change (APC) of LMMR of the country and its regions and their respective 95% confidence intervals (95% CI) were calculated. Results: A total of 1.470 late maternal deaths were declared. LMMR in the study period was 5 deaths per 100.000 live births (LB), with the lowest score in North region(3.5/100.000 LB) and the highest in South region (8.3/100.000 LB). There was significant upward trend in LMMR in the country. There was an increase LMMR in Brazil with an average annual percentage change of 26.06% (95%CI 16.36-36.56), followed by North with 23.50% (13.93–33.88) and Northeast with 14.60% (95%CI 8.50– 21.05). An increase in LMMR was also observed in black/brown women (APC=8.01%;CI95% 2.47 – 13.86); in the age groups from 15 to 19 years old (APC=12.37%; CI95%5.40-19.79), from 20 to 24 (APC=12.35%; CI95% 5.32-19.85), from 25 to 29 years (APC=9.93%; CI95% 4.77-15.34) and from 30 to 34 years (APC=10.44%; CI 95% 4.66-16.54); and in women with no education (APC=21.43%; CI95% 10.87-32.99%), 1 to 3 years of education (APC=31.33%; CI95% 10.08-56.69), from 4 to 7 years of education (APC=13.53%; CI95% 7.31-20.11) and from 8 to 11 years of education (APC=13.79%; CI95% 9.08-18.70). About 83% of late maternal deaths were investigated. The ICD-10 code O96 was not declared as the original underlying cause of death in 65.6% of the cases. Considerations: There is urgent need to improve postnatal care over an extended period, with a focus on detecting and treating known conditions at this stage, in addition to the need to improve statistics on late maternal deaths. A significant amount of data is lost due the depreciation of its declaration, its unreliable notification and the classification limitation of maternal death up to 42 days after the end of pregnancy.
Subject: Morte Materna
Mortalidade Materna
Período Pós-Parto
Causas de Morte
Saúde da Mulher
Dissertação Acadêmica
language: por
metadata.dc.publisher.country: Brasil
Publisher: Universidade Federal de Minas Gerais
Publisher Initials: UFMG
metadata.dc.publisher.department: ENFERMAGEM - ESCOLA DE ENFERMAGEM
metadata.dc.publisher.program: Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
Rights: Acesso Restrito
URI: http://hdl.handle.net/1843/55259
Issue Date: 21-Jun-2021
metadata.dc.description.embargo: 21-Jun-2024
Appears in Collections:Dissertações de Mestrado

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