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Tipo: Tese
Título: Correlações entre vulnerabilidades e soroprevalência de infecções sexualmente transmissíveis em homens privados de liberdade
Autor(es): Carlos Eduardo Prates Fonseca
Primeiro Orientador: Unaí Tupinambás
Segundo Orientador: Neuranides Santana
Resumo: Introdução: estudos sobre saúde prisional como questão de relevância em saúde pública requerem a implementação de políticas específicas para pessoas privadas de liberdade (PPL). São conhecidas as fragilidades das estruturas de saúde prisionais com barreiras programáticas e não programáticas de acesso, os elevados comportamentos de risco, levando a situações de grandes vulnerabilidades e elevando o risco para os diversos agravos em saúde, entre eles as IST. Objetivo: analisar como as vulnerabilidades individuais, sociais e programáticas dos serviços de saúde do sistema prisional contribuem com a cadeia das IST entre as pessoas privadas de liberdade. Métodos: estudo transversal, descritivo, documental e analítico, com abordagem quantitativa e qualitativa. Foi realizado com homens privados de liberdade em 11 prisões de uma região de segurança pública de Minas Gerais, e ainda, profissionais de saúde atuantes no maior presídio da região. Às PPL foi aplicado um questionário socioeconômico, contendo questões estruturadas e foram realizados exames de testagem rápida para HIV, Sífilis e Hepatites tipo ‘B’ e ‘C’ e os resultados analisados quantitativamente. Os profissionais de saúde participaram de entrevista e observação não-participante e pesquisa documental na Unidade Básica de Saúde do presídio. Os dados foram processados usando-se do software IRAMUTEQ e posteriormente analisados mediante análise de conteúdo. Resultados: participaram deste estudo 273 PPL. Destes, 6,3% apresentaram resultados positivos para anti-HIV, sendo que destes 87,5% tiveram seu resultado confirmado, 3% para anti-HCV, 1,1% para HBsAg, 11% para teste treponêmico. Houve associação significativa da positividade para HIV com situação precária de moradia (Odds Ratio – OR = 3,4 IC95% = 1,3; 9,4). Reduzido número de PPL que afirmaram possuir conhecimento sobre infecções sexualmente transmissíveis (IST) (OR – 0,35 IC95% = 0,12; 1,04) e maior renda (OR – 0,39 IC95% = 0,16; 0,93) apresentaram menor risco para sífilis. Na pesquisa qualitativa participaram seis profissionais de saúde, e observou-se que houve 95,6% de aproveitamento do corpus da entrevista, emergindo três categorias: Experiências profissionais codependentes da segurança e coordenação do cuidado no acesso ao serviço especializado; Experiências frente as contribuições dos vínculos familiares e comunitários para a saúde durante o aprisionamento; Ações interdisciplinares e capacitações profissionais: contextos de competência cultural. Considerações Finais: a maioria das PPL é jovem, de cor parda, com estado civil solteiro, sem condições adequadas de moradia anteriormente à prisão, com déficit de conhecimento sobre os mecanismos de transmissão das IST e expressivas vulnerabilidades individuais e coletivas, sobretudo pelo desuso de preservativos em indivíduos heterossexuais e com baixa escolaridade. Apresentam alto grau de vulnerabilidades individuais e sociais diversas, que já estavam arraigadas em suas vidas anteriormente ao cárcere e que tendem a exacerbar na prisão. Verificou-se junto aos profissionais de saúde, conforme componente de vulnerabilidades programáticas dos serviços, a necessidade de implementação de políticas públicas com protocolos assistenciais, linhas de cuidado e capacitação dos profissionais de saúde e os da segurança para manejo das IST. Há exigência de melhorias nos processos de trabalho e responsabilização multidisciplinar, reduzindo a sobrecarrega da Enfermagem.
Abstract: Introduction: Studies on inmate health show it’s relevance as a public health matter and call for specific policies targeting people deprived of liberty (PDL) to be carried out. Prisoner health structures are known to possess many fragilities, such as programmatic and non programmatic accessibility barriers and elevated high-risk behavior, which results in increased vulnerability and elevated risk for multiple health deteriorating events such as IST contraction. Objective: To analyze how individual, social and programmatic prison health care vulnerabilities contribute to the STI chain of infection among people deprived of liberty. Methods: this is a transversal descriptive, documental and analytical study, developed using a quantitative and qualitative approach. The Research sample consisted of both incarcerated men from 11 prisons in one of Minas Gerais public security areas and health professionals currently working on the area’s largest detention center. A socio economic questionnaire consisting of structured questions was applied to the PDL, as well as rapid HIV, syphilis and hepatitis types “B” and “C” tests. These results were analyzed through a quantitative approach. Interviews with the healthcare workers, non participant observation and documentary research were conducted within the facility’s Basic Health Unity. Quantitative data was analyzed statistically and qualitative data was processed using IRAMUTEQ software and subsequently analyzed through content analysis. Results: 273 inmates’ data was analyzed. 6,3% of which tested positive for anti-HIV, 87,5% of which had their results later confirmed. 3% tested positive for anti-HCV, 1,1% for HBsAg and 11% for the TB antigen test. Significant association was shown between HIV positivity and precarious housing conditions (Odds Ratio – OR = 3,4 IC95% = 1,3; 9,4). The smaller parcel of PDL who reported having knowledge regarding sexually transmitted diseases (OR – 0,35 IC95% = 0,12; 1,04) and higher income (OR – 0,39 IC95% = 0,16; 0,93) showed lower risk for syphilis infection. 6 healthcare providers took part in the qualitative research, drawing attention to the fact that 95,6% of the interview corpus was applicable, and resulted in 3 categories: professional experiences codependent of security and specialized care service access coordination; Experiences facing the contribution of family and community bonds towards health during prison time; Interdisciplinary actions and professional training: cultural context competences. Conclusion: Most PDL are young, mixed race, single, with inadequate housing conditions prior to imprisonment, have a deficient knowledge on STI transmission mechanisms and considerable social and individual vulnerabilities, largely due to inconsistent use of male condoms among heterosexual individuals and those with a lower level of education. Deep social and individual vulnerabilities are often established in their lives prior to incarceration and tend to exacerbate themselves within the prison. It was recognized among the healthcare workers that, according to the component of programmatic vulnerabilities in the services, there is a need to implement public policies with care protocols, lines of care and special training for health and security professionals in order to manage STIs. There is a necessity for improvements in work processes and multidisciplinary accountability, reducing nursing professionals overload.
Assunto: Saúde de Grupos Específicos
Prisioneiros
Infecções Sexualmente Transmissíveis
HIV
Análise de Vulnerabilidade
Idioma: por
País: Brasil
Editor: Universidade Federal de Minas Gerais
Sigla da Instituição: UFMG
Departamento: MEDICINA - FACULDADE DE MEDICINA
Curso: Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde - Infectologia e Medicina Tropical
Tipo de Acesso: Acesso Aberto
metadata.dc.rights.uri: http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/pt/
URI: http://hdl.handle.net/1843/68716
Data do documento: 10-Abr-2024
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