Avaliação do Estado Nutricional e da composição corporal de pacientes com Hepatite C Crônica tratados com agentes antivirais diretos: um estudo de coorte prospectivo
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Universidade Federal de Minas Gerais
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Tese de doutorado
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Resumo
O impacto da perda de músculo esquelético na progressão da hepatopatia crônica tem sido cada vez mais reconhecido. A prevalência da sarcopenia entre pacientes cirróticos gira em torno de 40,0% e observou-se que cada aumento de 1 cm2/m2 no índice de massa muscular esquelética (IMME) está associado à redução de 3,0% no risco de mortalidade. Contudo, os estudos sobre essa temática em pacientes com hepatite C crônica, ainda, são escassos. Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi avaliar, de forma inédita, todos os componentes da sarcopenia, isto é, massa muscular esquelética reduzida, força muscular diminuída e desempenho físico baixo em uma coorte de indivíduos cronicamente infectados pelo HCV em período prévio e posterior à terapia com agentes antivirais de ação direta (DAAs). Trata-se de um estudo longitudinal, em que foram incluídos, prospectivamente, pacientes com hepatite C crônica atendidos em ambulatório de cuidados terciários, no período de 2017 a 2020. Esses pacientes foram submetidos à avaliação clínica, nutricional e da composição corporal. As avaliações ocorreram antes do início da terapia com DAA, ou seja, no tempo de base [Tempo 0 (T0)], na 12ª semana após o final do tratamento [Tempo 1 (T1), que corresponde à resposta virológica sustentada (RVS)] e na 48ª semana após a conclusão da terapia com DAA [Tempo 2 (T2)]. A cirrose hepática foi diagnosticada através da avaliação clínica e de exames bioquímicos, histológicos e radiológicos. Em relação aos componentes da composição corporal, a bioimpedância elétrica (BIA) foi utilizada para avaliar o ângulo de fase (AF) e a massa livre de gordura, que neste estudo, foi denominada massa muscular esquelética (MME). A MME foi calculada através de uma equação de regressão múltipla previamente validada para o cálculo da MME. O IMME foi calculado dividindo-se a MME (kg) pelo quadrado da altura (kg/m2). Adotaram-se como pontos de corte para IMME reduzido, de acordo com idade e sexo, os valores ≤8,60 kg/m2 para homens e ≤5,60 kg/m2 para mulheres. A função muscular foi avaliada pela força de preensão manual (FPM) e pelo teste timed up-and-go (TUG). Os critérios de sarcopenia foram adaptados do European Working Group on Sarcopenia in Older People 2 (EWGSOP 2). Em relação ao AF, valores ≤5,4° para mulheres e ≤5,6° para homens foram considerados os pontos de corte para determinar o AF baixo. A avaliação do estado nutricional foi baseada na Avaliação Global Subjetiva (AGS). O Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) foi utilizado para avaliar os níveis de atividade física. Os dados foram analisados no programa estatístico SPSS versão 26.0 (IBM Corp., Armonk, NY). A análise de caracterização dos dados foi baseada nas frequências absolutas e percentagens para as variáveis categóricas. Para avaliação das variáveis quantitativas foram utilizados cálculo de média e desvio-padrão ou mediana e intervalo interquartil. O teste de normalidade usado foi o Shapiro Wilk. A força das associações entre os pares: AF e IMME, AF e FPM, AF e TUG foram analisados usando o teste de correlação de Spearman. O teste t pareado foi utilizado para comparar os dados, apresentados como média, antes (T0) e depois (T1, T2) do tratamento com os DAAs. Para as variáveis apresentadas como mediana, foi usado o teste de Friedman. Os valores de significância foram ajustados pela correção de Bonferroni para múltiplos testes (P = 0,017). Para a análise longitudinal empregou-se o R Software Statistical (versão 3.6.3, R Core Team, 2022). Modelos de regressão linear de efeitos mistos foram usados para testar o efeito do tratamento com DAAs nas anormalidades do músculo esquelético e identificar correlatos de IMME, FPM e desempenho físico em uma análise longitudinal durante o período compreendido entre T0, T1 e T2. Foram incluídos 62 pacientes [32 (51,6%) do sexo feminino; 36 (58,0%) com cirrose hepática compensada; 26 (42,0%) com hepatite crônica; média de idade 58,6 ± 10,8 anos]. Foram observados diminuição significativa dos marcadores indiretos de fibrose hepática [escore AST to Platelet Ratio Index (APRI) e o Fibrosis-4 index (FIB-4)] e aumento de 0,20 kg/m2 e 0,22 kg/m2 no IMME em T1 e T2. Após a terapia com DAA, foi identificado aumento de uma unidade do AF associado à redução de 0,38 minutos no TUG. A erradicação do HCV com DAAs associou-se à redução dinâmica de marcadores não-invasivos de fibrose hepática e aumento da massa muscular em pacientes com hepatite C crônica que apresentavam carga viral indetectável na 12ª semana após a conclusão do tratamento antiviral.
Abstract
Assunto
Hepatite C Crônica, Força Muscular, Desempenho Físico Funcional, Antivirais
Palavras-chave
hepatite C crônica, massa muscular esquelética, força muscular, desempenho físico, terapia antiviral de ação direta