Retomadas indígenas na metrópole de Belo Horizonte: entre vulnerabilidades, alianças e práticas para r-existir
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Editor
Universidade Federal de Minas Gerais
Descrição
Tipo
Tese de doutorado
Título alternativo
Indigenous land reclaiming in the metropolis of Belo Horizonte: among vulnerabilities, alliances and practices for r-existing
Primeiro orientador
Membros da banca
Frederico Canuto
Ana Maria Rabelo Gomes
José Maurício Paiva Andion Arruti
Ana Cláudia Duarte Cardoso
Ana Maria Rabelo Gomes
José Maurício Paiva Andion Arruti
Ana Cláudia Duarte Cardoso
Resumo
A colonização e, mais recentemente, a expansão da urbanização, afetaram diretamente os espaços e modos de vida dos indígenas em todo o mundo. No entanto, o tema despertou pouco interesse por parte das pesquisas acadêmicas, especialmente no campo dos estudos urbanos no Brasil. Este trabalho busca aproximar as questões urbanas e indígenas a partir dos estudos de caso de duas retomadas de terra na metrópole de Belo Horizonte: a Aldeia Katurãma, criada por indígenas das etnias Pataxó e Pataxó Hã-Hã-Hãe, e a aldeia Arapowã Kakyá, criada por um grupo Xukuru-Kariri. O objetivo da pesquisa é conhecer os fatores que possibilitam a existência desses territórios. O método adotado foi a pesquisa qualitativa. Os dados levantados foram analisados com base na teoria fundamentada e na análise temática. Os resultados mostram que os indígenas convivem com uma série de vulnerabilidades dentro e fora das retomadas, que a continuidade das aldeias depende de alianças com diversos agentes externos e que seus moradores adotam uma série de práticas para r-existir diante das precarizações e apagamentos. O estudo mostra que as retomadas funcionam como força catalizadora na reelaboração da indigeneidade e que os moradores absorvem, subvertem e indigenizam elementos do ‘mundo branco’. Conclui-se que as experiências concretas das retomadas apontam para modos outros de habitar e produzir (n)o urbano e que, no entanto, as difíceis condições tornam seu futuro incerto. Por fim, argumenta-se que os caminhos para um urbano(-indígena) socio e ambientalmente mais justo devem passar não só pelo fortalecimento das alianças e práticas de r-existência, mas pela superação do atual imaginário político-jurídico sobre os indígenas no Brasil. É preciso reconhecer a realidade multiterritorial desses povos e sua presença nas aglomerações urbanas, e valorizar seu potencial para a proteção e recuperação dos ecossistemas. Não há razões para que ‘urbanidade’ e ‘indigeneidade’ sigam como condições excludentes.
Abstract
The processes of colonization and the expansion of urbanization have directly affected indigenous spaces and living conditions all over the world. However, the subject has raised little interest in academic research in the field of urban studies in Brazil. This work seeks to bring urban and indigenous issues closer through case studies of two land reclaiming (retomadas de terra) in the metropolis of Belo Horizonte: Aldeia Katurãma, created by indigenous people of the Pataxó and Pataxó Hã-Hã-Hãe ethnic groups, and Aldeia Arapowã Kakyá, created by a Xukuru-Kariri group. The research aims to understand the factors that make these territories possible. The method adopted was qualitative research. The data collected was analyzed based on grounded theory and thematic analysis. The results show that the indigenous people live within a series of vulnerabilities inside and outside the retaken areas, that the continuity of the villages depends on alliances with various external agents and that their residents adopt a series of practices to r-exist within precariousness and invisibility. The study shows that the reclaimed lands act as a catalyzing force for the re-elaboration of indigeneity and that the residents absorb, subvert and indigenize elements of the 'white world'. The conclusion is that the concrete experiences of the land reclaiming point to other ways of inhabiting and producing (in) the urban, but that the difficult conditions make their future uncertain. Finally, it is argued that the paths to a more equitable urban environment for indigenous peoples must include not only strengthening alliances and practices of r-existence, but also overcoming the current political and legal understanding about indigenous peoples in Brazil. It is necessary to recognize the multi-territorial reality of these peoples and their presence in urban centers, as well as to valorize their potential for the protection and recovery of ecosystems. There is no reason why 'urbanity' and 'Indigenity' should continue to be mutually exclusive.
Assunto
Espaço urbano, Indígenas, Território
Palavras-chave
Produção do espaço urbano, Povos indígenas, Retomadas de terra