Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/1843/79735
Type: Tese
Title: Resilientes? : análise da trajetória das contadoras que chegaram aos Conselhos das Empresas Listadas na [B]³
Authors: Adélia Marina de Campos Cursino
First Advisor: Samuel de Oliveira Durso
Abstract: O objetivo geral deste estudo foi analisar a trajetória das mulheres contadoras que ocupam cargos nos conselhos das empresas listadas na B3, sob a ótica da resiliência. Inicialmente, foi realizada uma pesquisa documental no formulário de referência da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para identificar as mulheres atuantes nos boards. Entre os 1.277 cargos ocupados por contadores, 86% são ocupados por homens, enquanto apenas 14% são ocupados por mulheres, sendo que 83% dos conselhos são compostos exclusivamente por homens contadores. Por outro lado, 10% possuem apenas mulheres contadoras, e 7% têm uma composição mista. Com base nesse levantamento, foram estabelecidos contatos com as mulheres identificadas, utilizando estratégias como e-mail, redes sociais e indicações por meio da técnica de snowball. Ao final, 13 mulheres contadoras participaram das entrevistas, que abordaram a resiliência em seus contextos individual, profissional, organizacional e familiar. Nos diferentes contextos, foram observadas fontes de adversidades e formas de enfrentamento. No contexto individual, a maioria das participantes relatou ter vivenciado discriminação por gênero, sem se deixar abater, pois percebem esse desafio como parte da realidade social. No contexto profissional, elas enfrentaram o fato de, já durante a graduação, serem uma das poucas mulheres da turma, uma vez que a própria escolha do curso de contábeis, historicamente masculino, já é uma fonte de adversidade. Porém, essa adversidade não foi maior do que a vontade, ou até mesmo a necessidade, de cursar uma graduação. No contexto organizacional, algumas das conselheiras disseram ter enfrentado, em algum momento, assédio moral. Mais uma vez, esse fato não foi maior do que a vontade de progredir na carreira, de forma que a adversidade vivenciada não as paralisou. Ainda neste contexto, uma fonte de adversidade recorrente nas entrevistas foi a necessidade de provar sempre que são competentes e capazes. Para isso, as entrevistadas relataram a necessidade de trabalhar mais que os seus pares homens, tornando-se referências no que fazem. No contexto familiar, por fim, a grande fonte de adversidade identificada foi a necessidade de equilibrar os papeis sociais esperados para as mulheres, como esposa, filha e mãe. Para enfrentar essa adversidade, elas se utilizam do apoio dos maridos, pais e familiares. Muitas delas buscam auxílio em profissionais contratados para cuidar da casa e dos filhos, garantindo que tudo esteja bem enquanto trabalham. Para pesquisas futuras, sugere-se verificar as especificidades da presença de mulheres negras e contadoras nos boards, para se analisar com mais profundidade as adversidades e fontes de enfrentamento de mulheres também pelo recorte racional. Outras abordagens de pesquisa, como survey, permitem alcançar um maior número de participantes, o que poderia gerar uma análise mais segregada por idade, fase da vida em que cada grupo se encontra. Além disso, vale destacar a importância de, no futuro, escutar os homens para entender como eles enxergam a participação das mulheres nos conselhos, inclusive por ainda hoje sermos bombardeados por declarações de muitos homens tentando limitar o lugar da mulher na sociedade.
Abstract: The general objective of this study was to analyze the trajectory of female accountants who hold positions on the boards of companies listed on B3, from the perspective of resilience. Initially, a documentary research was conducted using the reference form of the Brazilian Securities and Exchange Commission (CVM) to identify women serving on boards. Among the 1,277 positions held by accountants, 86% are occupied by men, while only 14% are occupied by women, with 83% of boards consisting exclusively of male accountants. On the other hand, 10% have only female accountants, and 7% have a mixed composition. Based on this survey, contacts were established with the identified women using strategies such as email, social media, and referrals through the snowball technique. In the end, 13 female accountants participated in interviews that addressed resilience in their individual, professional, organizational, and family contexts. Across these different contexts, sources of adversity and coping mechanisms were observed. In the individual context, most participants reported experiencing gender discrimination but did not let it discourage them, as they perceive this challenge as part of social reality. In the professional context, they faced the fact that, even during their undergraduate studies, they were among the few women in their class, since choosing an accounting degree—historically male-dominated—was already a source of adversity. However, this adversity was not greater than their desire, or even their need, to complete a degree. In the organizational context, some board members reported having faced moral harassment at some point. Once again, this challenge did not outweigh their determination to advance in their careers, so the adversity they experienced did not stop them. Still within this context, a recurring source of adversity in the interviews was the constant need to prove their competence and capability. To address this, the interviewees reported the need to work harder than their male peers, becoming references in their fields. Finally, in the family context, the major source of adversity identified was the need to balance the social roles expected of women, such as being a wife, daughter, and mother. To cope with this challenge, they rely on support from husbands, parents, and family members. Many of them seek assistance from hired professionals to take care of household tasks and children, ensuring everything is well managed while they work. For future research, it is suggested to investigate the specificities of Black female accountants on boards to analyze in greater depth the adversities and coping mechanisms experienced by women from a racial perspective. Other research approaches, such as surveys, could reach a larger number of participants, enabling a more segmented analysis by age and life stage. Furthermore, it is essential to emphasize the importance of listening to men in the future to understand their perspectives on women’s participation in boards, especially considering that even today, society continues to be bombarded with statements from many men attempting to limit women's roles.
Subject: Gênero
Conselhos Diretores
Contabilidade como profissão
Controladoria
language: por
metadata.dc.publisher.country: Brasil
Publisher: Universidade Federal de Minas Gerais
Publisher Initials: UFMG
metadata.dc.publisher.program: Programa de Pós-graduação em Controladoria e Contabilidade
Rights: Acesso Aberto
URI: http://hdl.handle.net/1843/79735
Issue Date: 9-Dec-2024
Appears in Collections:Teses de Doutorado

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