Please use this identifier to cite or link to this item:
http://hdl.handle.net/1843/80193
Type: | Tese |
Title: | As faces do ativismo anticorrupção no Brasil : diferentes sentidos para a corrupção e consequências para a democracia (2013-2018) |
Authors: | Camila Montevechi Soares |
First Advisor: | Claudia Feres Faria |
First Referee: | Ana Claudia Chaves Teixeira |
Second Referee: | Eduardo Moreira da Silva |
Third Referee: | Marcelo Kunrath Silva |
metadata.dc.contributor.referee4: | Ana Luiza Melo Aranha |
Abstract: | A bandeira contra a corrupção desponta de tempos em tempos no Brasil como um problema público, fortemente controverso e disputado na sociedade civil. Pode ser mobilizado por uma parcela do ativismo para desafiar o establishment político, como aconteceu no período de 2013 a 2018, da “primavera brasileira” à eleição de Bolsonaro, que marca a ascensão de uma crise da democracia. Para esse recorte temporal específico, o objetivo da tese é analisar o ativismo contra a corrupção no Brasil, no âmbito da sociedade civil, evidenciando as disputas de sentido em torno do tema da corrupção e as consequências para a democracia. Chamo de “virada societal” esse olhar para a sociedade civil nos estudos sobre corrupção, um tema que é tradicionalmente vinculado ao campo institucionalista. Convergindo teoricamente as disciplinas de análise política pré-decisional, do processo político e da filosofia pragmatista, além do enquadramento interpretativo, a tese parte de duas premissas: de que “existem movimentos e movimentos” – os públicos são diferentes, divergentes, conferem significados variados para a corrupção e fazem emergir novas percepções coletivas sobre o problema –; e de que “nem todo movimento...” – o ativismo nem sempre vai romper com a ordem vigente, a depender de como mobilizam sentidos para o problema. Inicialmente, a análise empírica promove um mapeamento das unidades de análise, os públicos, que são formados por organizações, movimentos, coletivos e outros grupos que têm o combate à corrupção entre seus objetivos definidos ou que se valem dessa bandeira para promover sua militância política. Foram identificados cerca de 500 públicos atuantes entre 2013 e 2018, em duas arenas – a das redes de advocacy e a digital –, dos quais foram selecionados oito para a frame analysis. As categorias de análise se inspiram no “core frame tasks” de Snow e Benford (1988) – diagnóstico, prognóstico e motivacional –, e são combinadas com três sentidos formulados para a corrupção – republicano, gerencialista e populista. As análises permitiram encontrar (i) duas faces do ativismo anticorrupção, que mobilizam sentidos diferentes para o problema, isto é, as organizações de advocacy e os movimentos de direita; (ii) o primeiro grupo mobiliza quadros republicanos – corrupção é o “avesso da República”, cuja culpa é de um “adversário histórico”, que afeta “os cidadãos de direitos”; (iii) o enquadramento gerencialista constitui um ponto de encontro, de conforto normativo e institucional, para os dois públicos; e (iv) os movimentos de direita mobilizam quadros populistas – corrupção tem “nome e CNPJ” ou é um “balaio de indignações”, promovida pelos “inimigos da nação”, que afeta “os cidadãos de bem”. Concluo, por fim, que é (v) esse último que contribui para a escalada autoritária e violenta do ativismo anticorrupção no período estudado e fere princípios democráticos importantes, como de igualdade e justiça social, pluralismo político e a legitimidade institucional. |
Abstract: | The fight against corruption emerges from time to time in Brazil as a public problem, highly controversial and debated in civil society. It can be mobilized by a part of the activism to challenge the political establishment, as happened in the period from 2013 to 2018 – from the so-called “Brazilian spring” until the election of Bolsonaro –, which is marked by academics as the rise of a “crisis of democracy”. Regarding this specific period, the objective of the thesis is to analyze activism against corruption in Brazil, within civil society, highlighting the disputes of meanings surrounding the issue of corruption and its consequences for democracy. The “societal turn” seeks to leverage civil society as a heuristic element in the studies about corruption, considering it as a missing point in the traditional institutionalist collection. Based on the theoretical convergence of the pre-decisional political analysis, political process and pragmatist philosophy, yet to the interpretative frame analysis, the thesis begins with two premises: “there are movements and movements” – the publics are different, divergente, give varied meanings to corruption and stimulate new collective perceptions about it –; and “not every movement...” – activism will not always break with the current order, depending on how they mobilize meanings for the problem. The empirical analysis promotes a mapping of the units of analysis, the “publics”, which are organizations, movements, collectives and other groups that have the fight against corruption as a central objective or use this issue to promote their political activism. Around 500 publics were identified, active between 2013 and 2018, in two main arenas – the advocacy networks and the digital arena–, of which eight were selected for in-depth analysis. The analysis categories are inspired in the concepts of “core frame tasks”, by Snow and Benford (1988) – diagnostic, prognostic and motivational – and are combined with three “ideal type” meanings for corruption – republican, managerialist and populist. The analyses revealed (i) “two faces” of anti-corruption activism, that mobilize different meanings for the problem, that is, advocacy organizations and right-wing movements; (ii) while the first group mobilizes republican frames – corruption as the “reverse side of the Republic”, promoted by a “historical adversary”, which affects “citizens with rights”; (iii) the managerialist framing consists in a meeting point that gives normative and institutional comfort for both publics; and (iv) the right-wing movements mobilizes populist framing – corruption has a “name and ID” or is a “basket of indignation”, promoted by the “enemies of the nation”, which affects “the good citizens”. I conclude, finally, that it is (v) the last one that generates an escalation of authoritarism and violence in anti-corruption activism and violates important democratic principles, such as equality and social justice, political pluralism and institutional legitimacy. |
Subject: | Ciência política - Teses Corrupção - Teses Movimentos sociais - Teses |
language: | por |
metadata.dc.publisher.country: | Brasil |
Publisher: | Universidade Federal de Minas Gerais |
Publisher Initials: | UFMG |
metadata.dc.publisher.department: | FAF - DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA POLÍTICA |
metadata.dc.publisher.program: | Programa de Pós-Graduação em Ciência Política |
Rights: | Acesso Aberto |
metadata.dc.rights.uri: | http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/pt/ |
URI: | http://hdl.handle.net/1843/80193 |
Issue Date: | 10-Dec-2024 |
Appears in Collections: | Teses de Doutorado |
Files in This Item:
File | Description | Size | Format | |
---|---|---|---|---|
TESE_CAMILA MONTEVECHI_jan2025_FINAL.pdf | 6.23 MB | Adobe PDF | View/Open |
This item is licensed under a Creative Commons License