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Type: Tese
Title: Validação e normatização da Escala de Autopercepção de Habilidades do Processamento Auditivo Central (EAPAC) - expandida
Authors: Luciana Cássia de Jesus
First Advisor: Luciana Macedo de Resende
First Co-advisor: Luciana Mendonça Alves
First Referee: Patrícia Cotta Mancini
Second Referee: Ana Luiza Pereira Gomes Pinto Navas
Third Referee: Sthella Zanchetta
metadata.dc.contributor.referee4: Luciana Pimentel Fernandes de Melo
Abstract: INTRODUÇÃO: A audição é um dos sentidos que nos coloca em contato com o meio e auxilia o desenvolvimento da linguagem e aprendizagens diversas. Para isso, é necessário interpretar as informações sonoras, que ocorrem por intermédio do conjunto de habilidades auditivas, com suporte da cognição, denominado processamento auditivo central. Diante de sua relevância, déficits nas habilidades auditivas, caracterizados pelo transtorno do processamento auditivo central, causam prejuízos comportamentais e de aprendizagem. Essa condição é muito investigada em crianças, mas adultos com audição dentro dos padrões de normalidade também podem apresentar o transtorno e sofrer com consequências no desempenho acadêmico, social e profissional. O transtorno do processamento auditivo central é diagnosticado por meio de testes comportamentais auditivos, porém a literatura sugere o uso de questionários como forma de avaliação complementar. A maioria dos questionários destinados a esse fim são validados para o público infantil, havendo uma escassez de instrumentos elaborados para a população adulta brasileira. OBJETIVOS: Ampliar a Escala de Autopercepção de Habilidades do Processamento Auditivo Central; descrever as características sociodemográficas, auditivas e cognitivas da amostra; validar e normatizar a aplicação online, para adultos brasileiros, da Escala de Autopercepção de Habilidades do Processamento Auditivo – expandida; avaliar o uso da escala expandida na identificação de variações no comportamento auditivo e cognitivo-linguístico em dois momentos por meio do relato de queixas; verificar a associação entre a Escala de Autopercepção de Habilidades do Processamento Auditivo – expandida e os dados sociodemográficos e resultados dos testes auditivos comportamentais do processamento auditivo central e da avaliação neuropsicológica breve; verificar o uso da Escala de Autopercepção de Habilidades do Processamento Auditivo – expandida como instrumento de monitoramento do treinamento auditivo, a partir do autorrelato de queixas. METODOLOGIA: O estudo observacional analítico transversal foi realizado com adultos brasileiros na faixa etária de 18 a 59 anos, de ambos os sexos, pertencentes à comunidade acadêmica. Primeiramente, foi realizada a modificação da Escala de Autopercepção de Habilidades do Processamento Auditivo Central, com acréscimo de questões que representam possíveis dificuldades enfrentadas no cotidiano quando há alteração nas habilidades auditivas. O instrumento expandido foi submetido à análise de juízes e reajustado. Os alunos e funcionários da universidade receberam o link do Google Forms com a Escala de Autopercepção de Habilidades do Processamento Auditivo Central - expandida por meio de correio eletrônico. Obteve-se o total de 1376 escalas respondidas, porém 102 foram excluídas pois os sujeitos não se situavam na faixa etária estipulada ou não eram brasileiros. Assim, a amostra inicial foi composta por 1274 escalas preenchidas. Dos indivíduos que preencheram a escala, 128 foram sorteados para realizar a audiometria tonal limiar, audiometria de alta frequência, audiometria vocal, imitanciometria, avaliação comportamental do processamento auditivo central e avaliação neuropsicológica breve. Aqueles que apresentaram perda auditiva de qualquer tipo ou grau, alteração na timpanometria, alteração psiquiátrica e/ou neurológica evidente ou diagnosticada e histórico de terapia para o transtorno do processamento auditivo central foram excluídos. Dessa forma, a amostra que compôs o estudo de validação e normatização foi constituída por 116 sujeitos. Do total de 1274 indivíduos, também foram selecionados 63 sujeitos para responder a escala novamente, em um segundo momento, para verificar o comportamento auditivo ao longo do tempo. Dos 116 indivíduos submetidos à avaliação audiológica e neuropsicológica, foram selecionados 26 sujeitos com alteração nas habilidades auditivas para a realização do treinamento auditivo online em 12 sessões de 30 minutos cada. As atividades do treinamento foram elaboradas para a pesquisa e direcionadas à reabilitação das habilidades de discriminação auditiva, ordenação e resolução temporal, fechamento auditivo, figura-fundo auditiva e integração binaural. Todos os indivíduos realizaram as mesmas tarefas do treinamento auditivo. Ao término da reabilitação das habilidades auditivas, os sujeitos responderam novamente à Escala de Autopercepção de Habilidades do Processamento Auditivo Central – expandida. Para a análise descritiva dos dados, foram utilizadas as medidas de tendência central, dispersão, frequências absolutas e relativas. O teste Shapiro-Wilk foi utilizado para verificar a normalidade dos dados. Para a validação do instrumento foi empregada a análise fatorial exploratória e o método de componentes principais com rotação Varimax. A pontuação de corte e os valores de sensibilidade e especificidade foram definidos por meio da curva ROC, a partir do resultado da avaliação do processamento auditivo central por processos auditivos e do critério presença de transtorno do processamento auditivo central em uma, duas ou mais habilidades auditivas. A comparação entre as pontuações obtidas na escala no teste e reteste, respondida em dois momentos diferentes, foi realizada por meio do teste Kruskal-Wallis. A associação e a correlação entre a escala, os dados sociodemográficos e o resultado da avaliação auditiva e neuropsicológica foi realizada por meio dos testes Mann-Whitney, Kruskal-Wallis e correlação de Spearman. A comparação entre as pontuações obtidas na Escala de Autopercepção de Habilidades do Processamento Auditivo Central – expandida antes e após o treinamento auditivo e a análise da frequência de queixas pré e pós-estimulação auditiva foi realizada por meio dos testes T pareado e Qui-Quadrado. RESULTADOS: A análise fatorial exploratória apontou para a retirada de cinco questões da escala, pois não houve correlação com os cinco domínios sugeridos para o instrumento. Assim, a Escala de Autopercepção de Habilidades do Processamento Auditivo Central – expandida apresentou versão final composta por 18 questões. Por meio da construção da curva ROC, não se verificou valores de p significativos; dessa forma, mostrou fragilidades nos valores de sensibilidade e especificidade. Não houve diferença significativa entre as pontuações da escala respondida em dois momentos diferentes. A Escala de Autopercepção de Habilidades do Processamento Auditivo Central – expandida não associou com os dados sociodemográficos e a avaliação do processamento auditivo central, mas apresentou associação significativa com a tarefa de memória operacional e correlacionou positivamente com a média dos limiares de audibilidade nas frequências altas, de 9 kHz a 16 kHz. Verificou-se redução significativa na frequência de queixa de dificuldade de aprendizagem relacionada à concentração e aumento na queixa relacionada à dificuldade de compreender a informação quando parte não é ouvida após o treinamento auditivo. Não houve diferença significativa entre a pontuação média da escala pré e pós-intervenção auditiva. CONCLUSÃO: O estudo permitiu identificar as características sociodemográficas, auditivas e cognitivas da amostra, sendo que esses dados não influenciaram o desempenho dos sujeitos da avaliação, devido a uniformidade da amostra. A Escala de Autopercepção de Habilidades do Processamento Auditivo Central foi expandida e essa versão validada e normatizada. Apesar de não ter identificado padrões psicométricos adequados no instrumento modificado, de forma que apontasse os sujeitos de risco para o transtorno do processamento auditivo central, a escala expandida mostrou ser útil para identificar as dificuldades que o indivíduo apresenta nas tarefas do cotidiano, portando do impacto na vida do indivíduo, auxiliando o fonoaudiólogo na seleção dos testes para a avaliação do processamento auditivo, no planejamento de estratégias para reduzir as dificuldades autorreferidas e na avaliação do impacto dessas dificuldades ao longo do treinamento auditivo, uma vez que apontou informações sobre a audição, cognição e variação no comportamento auditivo devido à estimulação auditiva. A escala não apontou mudança no autorrelato de queixas auditivas e acadêmicas na amostra avaliada em dois momentos.
Abstract: INTRODUCTION: Hearing is one of the senses that connects us with our surroundings and helps us develop language and learn a variety of things. To do this, we need to interpret sound information through a set of cognition-supported auditory skills called central auditory processing. Given its relevance, deficits in auditory skills, characterized by central auditory processing disorder, cause behavioral and learning impairments. This condition is widely investigated in children, but normal-hearing adults can also have the disorder and suffer consequences in their academic, social, and professional performance. Central auditory processing disorder is diagnosed through auditory behavioral tests, but the literature suggests using questionnaires as a complementary assessment. Most questionnaires designed for this purpose are validated for children, and there is a shortage of instruments designed for Brazilian adults. OBJECTIVES: Expand the Self-Perception Scale of Central Auditory Processing Abilities; describe the sociodemographic, auditory and cognitive characteristics of the sample; validate and standardize the online application, for Brazilian adults, of the Auditory Processing Skills Self-Perception Scale – expanded; evaluate the use of the expanded scale in identifying variations in auditory and cognitive-linguistic behavior at two moments through reporting complaints; verify the association between the Self-Perception of Auditory Processing Skills Scale – expanded and sociodemographic data and results of behavioral auditory tests of central auditory processing and brief neuropsychological assessment; verify the use of the Auditory Processing Skills Self-Perception Scale – expanded as an instrument for monitoring auditory training, based on self-reporting of complaints. METHODS: This cross-sectional, analytical, observational study was conducted with Brazilian adults aged 18 to 59 years, of both sexes, belonging to the academic community. First, the Central Auditory Processing Skill Self-Perception Scale was modified, adding questions to address possible daily difficulties faced by those with changes in auditory skills. The expanded instrument was submitted to the analysis of judges and readjusted. The students and university staff received the Google Forms link with the Central Auditory Processing Skill Self-Perception Scale – expanded via email. A total of 1,376 completed scales were obtained, but 102 were excluded because the subjects were not within the stipulated age range or were not Brazilian. Thus, the initial sample had 1,274 completed scales. Of the individuals who completed the scale, 128 were randomly selected to undergo pure-tone audiometry, high-frequency audiometry, speech audiometry, immittance testing, behavioral assessment of central auditory processing, and brief neuropsychological assessment. The study excluded those who had any type or degree of hearing loss, abnormal tympanometry, evident or diagnosed psychiatric and/or neurological changes, and history of therapy for central auditory processing disorder. Thus, the sample of the validation and standardization study consisted of 116 subjects. Of the total of 1,274 individuals, 63 subjects were also selected to answer the scale again, at a second time, to verify auditory behavior over time. Of the 116 individuals who underwent audiological and neuropsychological evaluation, 26 subjects with changes in auditory skills were selected to conduct online auditory training in twelve 30-minute sessions. The training activities were designed for research and aimed at rehabilitating auditory discrimination, temporal ordering and resolution, auditory closure, auditory figure-ground and binaural integration skills. All individuals performed the same tasks as in the auditory training. At the end of the auditory skills rehabilitation, the subjects responded again to the Central Auditory Processing Skill Self-Perception Scale – expanded. The descriptive data analysis used measures of central tendency, dispersion, and absolute and relative frequencies. The Shapiro-Wilk test verified the normality of the data. Exploratory factor analysis and the principal components method with Varimax rotation were used to validate the instrument. The cutoff score and sensitivity and specificity values were defined through the ROC curve, based on the result of the central auditory processing assessment by auditory processes and the presence of central auditory processing disorder in one, two, or more auditory skills. The Kruskal-Wallis test compared the scale scores in the test and retest, answered at two separate times. The Mann-Whitney, Kruskal-Wallis, and Spearman correlation tests performed the association and correlation between the scale, sociodemographic data, and the results of the auditory and neuropsychological evaluation. The paired t-test and chi-square test compared the scores of the Central Auditory Processing Skill Self-Perception Scale – expanded before and after auditory training and the complaint frequency analysis before and after auditory stimulation. RESULTS: Exploratory factor analysis indicated the removal of five questions from the scale, as they were not correlated with the five domains suggested for the instrument. Thus, the final version of the Central Auditory Processing Skill Self-Perception Scale – expanded had 18 questions. No significant p-values were found through the ROC curve; thus, it showed weaknesses in the sensitivity and specificity values. There was no significant difference between the scale scores answered at two separate times. The Central Auditory Processing Skill Self-Perception Scale – expanded did not associate with sociodemographic data or the central auditory processing assessment but was significantly associated with the working memory task and correlated positively with the average audibility thresholds in high frequencies, from 9 kHz to 16 kHz. There was a significant decrease in the frequency of complaints of learning difficulties related to concentration and an increase in complaints related to difficulty understanding information partially heard after auditory training. There was no significant difference between the mean scale scores before and after the auditory intervention. CONCLUSION: The study made it possible to identify the sociodemographic, auditory and cognitive characteristics of the sample, and these data did not influence the performance of the assessment subjects, due to the uniformity of the sample. The Central Auditory Processing Abilities Self-Perception Scale was expanded and this version validated and standardized. Despite not having identified adequate psychometric standards in the modified instrument, in a way that would indicate subjects at risk for central auditory processing disorder, the expanded scale proved to be useful in identifying the difficulties that the individual presents in daily tasks, having the impact on the individual's life, helping the speech therapist in the selection of tests to evaluate auditory processing, in planning strategies to reduce self-reported difficulties and in evaluating the impact of these difficulties throughout auditory training, as it indicated information about hearing, cognition and variation. in auditory behavior due to auditory stimulation. The scale did not indicate changes in the self-report of auditory and academic complaints in the sample evaluated at two moments.
Subject: Audição
Percepção Auditiva
Inquéritos e Questionários
Autorrelato
Estudo de Validação
language: por
metadata.dc.publisher.country: Brasil
Publisher: Universidade Federal de Minas Gerais
Publisher Initials: UFMG
metadata.dc.publisher.department: MED - DEPARTAMENTO DE FONOAUDIOLOGIA
metadata.dc.publisher.program: Programa de Pós-Graduação em Ciências Fonoaudiológicas
Rights: Acesso Aberto
metadata.dc.rights.uri: http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/pt/
URI: http://hdl.handle.net/1843/80207
Issue Date: 26-Nov-2025
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