Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/1843/81613
Type: Dissertação
Title: Audição e aspectos cognitivos em pacientes com Doença de Parkinson: uma análise comparativa
Other Titles: Hearing and cognitive aspects in patients with Parkinson's disease: a comparative analysis
Authors: Paula Gabriela Ferreira Meireles
First Advisor: Ludimila Labanca
metadata.dc.contributor.advisor2: Denise Utsch Gonçalves
First Referee: Cristiane Bueno Salles
Second Referee: Thais Helena Machado
Abstract: Introdução: A Doença de Parkinson (DP) é a segunda doença neurodegenerativa mais comum, afetando mais de 1% dos indivíduos acima de 65 anos. Ocorre por consequência da diminuição intensa da produção da dopamina, importante neurotransmissor, concentrado na região do mesencéfalo que atua na condução de informações no sistema nervoso central. Na literatura há relatos da DP precoce e a ocorrência de sintomas não motores, como a depressão, a anosmia e mais recentemente a perda auditiva. Os objetivos do presente estudo foram avaliar se a perda auditiva é mais comum em indivíduos com DP do que em indivíduos sem a DP, e avaliar a audição e aspectos cognitivos em indivíduos com DP e saudáveis. Métodos: No primeiro artigo, foi realizada uma revisão sistemática, as buscas foram realizadas nos meses de março e abril de 2024, nas bases eletrônicas PubMed, SciELO, LILACS, Web of Science e Scopus. Foram selecionados artigos publicados entre os anos de 2019 a 2024, em português ou inglês, que mencionaram a frequência da perda auditiva na doença de Parkinson. Os estudos foram avaliados por dois avaliadores independentes. No segundo artigo, realizou-se um estudo transversal comparativo. Foram excluídos indivíduos com depressão, com alteração cognitiva e com perda auditiva condutiva, triados respectivamente pela Escala de depressão geriátrica (EDG), Mini Exame do Estado Mental (MEEM) e imitanciometria. Avaliou- se a qualidade vida dos pacientes com DP por meio da PDQ-39 e todos os participantes realizaram a avaliação da audição, por meio da audiometria tonal limiar e dos aspectos cognitivos, por meio do P300. Resultados: No primeiro estudo, sete artigos contemplaram os critérios de seleção propostos e foram incluídos na revisão. Os principais testes auditivos realizados foram a audiometria tonal limiar, as emissões otoacústicas (EOA) e o potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE). Os dados indicam que 60% dos artigos selecionados apontaram uma maior frequência de perda auditiva em indivíduos com DP em comparação ao grupo controle (Odds Ratio variou de 1,14 à 1,67. No segundo artigo, foram incluídos 56 participantes, sendo 28 indivíduos com DP e 28 sem DP. O grupo DP tinha predominância masculina (15 indivíduos), média de idade de 65 anos, escolaridade média de 6 anos e tempo mediano de doença de 8 anos, enquanto o grupo sem DP tinha média de idade de 64 anos e escolaridade de 8 anos. A qualidade de vida, medida pelo PDQ-39, revelou pontuação média de 48 pontos, com o domínio de desconforto sendo o mais afetado (68 pontos). A comparação entre os grupos indicou diferenças com relevância estatística nas frequências auditivas de 4 kHz e 8 kHz em ambas as orelhas (p<0,005), e em 3 kHz e 6 kHz na orelha esquerda (p<0,005). Não houve diferenças com relevância estatística para SRT (OD, p = 0,594; OE, p = 0,516) e IPRF (OD, p = 0,172; OE, p = 0,219). Indivíduos com DP apresentaram maior prevalência de perda auditiva em relação ao GC (p = 0,006). Na análise dos potenciais evocados auditivos de longa latência (P300), diferenças estatísticas foram observadas nas latências do P300 (p=0,021), N2 (p=0,003), P2 (p=0,007) e N1 (p=0,008). Não houve diferença na comparação da amplitude. Discussão: Os resultados da revisão sistemática revelam uma relação entre a DP e a perda auditiva, refletindo a complexidade e a multifatorialidade das manifestações da doença. Os dados indicam que 60% dos artigos selecionados apontaram uma maior frequência de perda auditiva em indivíduos com DP em comparação ao grupo controle. Este achado reforça a hipótese de que a perda auditiva pode ser uma manifestação não motora da DP, possivelmente relacionada a alterações neurológicas e sensoriais que ocorrem com a progressão da doença. No segundo estudo, a média de idade foi de 64-65 anos, com a maioria dos participantes do sexo masculino e escolaridade correspondente ao ensino fundamental incompleto. Na avaliação auditiva, não houve diferenças significativas entre os grupos na comparação das frequências baixas (250 a 2000 Hz), mas houve diferença em frequências mais altas (3000 a 8000 Hz), o grupo com DP apresentou pior desempenho, especialmente na orelha esquerda. Isso sugere que a DP afeta mais a audição em altas frequências. A perda auditiva foi mais prevalente no grupo com DP, corroborando estudos anteriores. O exame P300 revelou latências mais longas no grupo com DP, indicando um processamento cognitivo mais lento. Isso reflete a frequência de alterações cognitivas associadas à DP, que podem afetar a qualidade de vida. A prevalência de alterações cognitivas na DP pode chegar a 90% conforme a doença progride. O estudo também destacou a importância de avaliar a qualidade de vida, dada a presença de déficits auditivos e cognitivos. Recomenda-se cautela ao generalizar os resultados, com a necessidade de mais pesquisas, especialmente em idades precoces (<55 anos) e em frequências altas, para melhor compreender o impacto da DP na audição e cognição. Conclusão: A revisão sistemática da literatura demonstrou que a perda auditiva é um sintoma mais comum em indivíduos com a Doença de Parkinson quando comparado a indivíduos sem doença na mesma faixa de idade, e que desta maneira, os pacientes acometidos por essa doença neurológica requerem uma avaliação audiológica completa para verificar a sua frequência e relação. E o segundo artigo demonstrou que as alterações na audição e aspectos cognitivos são mais prevalentes em indivíduos com DP em comparação a indivíduos sem a DP.
Abstract: Introduction: Parkinson's disease (PD) is the second most common neurodegenerative disease, affecting more than 1% of individuals over 65 years of age. It occurs as a consequence of the intense decrease in the production of dopamine, an important neurotransmitter, concentrated in the midbrain region that acts in the conduction of information in the central nervous system. In the literature, there are reports of early PD and the occurrence of non-motor symptoms, such as depression, anosmia and, more recently, hearing loss. The objectives of the present study were to evaluate whether hearing loss is more common in individuals with PD than in individuals without PD, and to evaluate hearing and cognitive aspects in individuals with PD and healthy individuals. Methods: In the first article, a systematic review was carried out, searches were conducted in March and April 2024, in the electronic databases PubMed, SciELO, LILACS, Web of Science and Scopus. Articles published between 2019 and 2024, in Portuguese or English, that mentioned the frequency of hearing loss in Parkinson's disease were selected. The studies were evaluated by two independent evaluators. In the second article, a comparative cross-sectional study was carried out. Individuals with depression, cognitive impairment and conductive hearing loss were excluded, screened respectively by the Geriatric Depression Scale (GDS), Mini Mental State Examination (MMSE) and immittance testing. The quality of life of patients with PD was assessed using the PDQ-39 and all participants underwent hearing assessment using pure tone audiometry and cognitive aspects using the P300. Results: In the first study, seven articles met the proposed selection criteria and were included in the review. The main hearing tests performed were pure tone audiometry, otoacoustic emissions (OAE) and brainstem auditory evoked potential (BAEP). The data indicate that 60% of the selected articles reported a higher frequency of hearing loss in individuals with PD compared to the control group (Odds Ratio ranged from 1.14 to 1.67). In the second article, 56 participants were included, 28 individuals with PD and 28 without PD. The PD group had a male predominance (15 individuals), mean age of 65 years, mean education of 6 years and median disease time of 8 years, while the group without PD had a mean age of 64 years and 8 years of education. Quality of life, measured by the PDQ-39, revealed a mean score of 48 points, with the discomfort domain being the most affected (68 points). The comparison between the groups indicated differences with statistical relevance in the auditory frequencies of 4 kHz and 8 kHz in both ears (p<0.005), and in 3 kHz and 6 kHz in the left ear (p<0.005). There were no statistically significant differences for SRT (OD, p = 0.594; OE, p = 0.516) and IPRF (OD, p = 0.172; OE, p = 0.219). Individuals with PD had a higher prevalence of hearing loss compared to the CG (p = 0.006). In the analysis of long-latency auditory evoked potentials (P300), statistical differences were observed in the latencies of P300 (p=0.021), N2 (p=0.003), P2 (p=0.007) and N1 (p=0.008). There was no difference in the amplitude comparison. Discussion: The results of the systematic review reveal a relationship between PD and hearing loss, reflecting the complexity and multifactorial nature of the disease manifestations. The data indicate that 60% of the selected articles reported a higher frequency of hearing loss in individuals with PD compared to the control group. This finding reinforces the hypothesis that hearing loss may be a non-motor manifestation of PD, possibly related to neurological and sensory changes that occur with the progression of the disease. In the second study, the mean age was 64-65 years, with most participants being male and having incomplete elementary school education. In the hearing evaluation, there were no significant differences between the groups when comparing low frequencies (250 to 2000 Hz), but there was a difference at higher frequencies (3000 to 8000 Hz), with the group with PD showing worse performance, especially in the left ear. This suggests that PD affects hearing more at high frequencies. Hearing loss was more prevalent in the group with PD, corroborating previous studies. The P300 test revealed longer latencies in the PD group, indicating slower cognitive processing. This reflects the frequency of cognitive changes associated with PD, which can affect quality of life. The prevalence of cognitive changes in PD can reach 90% as the disease progresses. The study also highlighted the importance of assessing quality of life, given the presence of auditory and cognitive deficits. Caution is advised when generalizing the results, with more research needed, especially at early ages (<55 years) and at higher frequencies, to better understand the impact of PD on hearing and cognition. Conclusion: The systematic review of the literature demonstrated that hearing loss is a more common symptom in individuals with Parkinson's disease when compared to individuals without the disease in the same age group, and that therefore, patients affected by this neurological disease require a complete audiological evaluation to verify its frequency and relationship. And the second article demonstrated that changes in hearing and cognitive aspects are more prevalent in individuals with PD compared to individuals without PD.
Subject: Doença de Parkinson
Perda Auditiva Neurossensorial
Disfunção Cognitiva
Demência
Perda Auditiva
Dissertação Acadêmica
language: por
metadata.dc.publisher.country: Brasil
Publisher: Universidade Federal de Minas Gerais
Publisher Initials: UFMG
metadata.dc.publisher.department: MEDICINA - FACULDADE DE MEDICINA
metadata.dc.publisher.program: Programa de Pós-Graduação em Ciências Fonoaudiológicas
Rights: Acesso Aberto
metadata.dc.rights.uri: http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/pt/
URI: http://hdl.handle.net/1843/81613
Issue Date: 26-Feb-2025
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