Sintomas Neuropsiquiátricos na Demência Frontotemporal Variante Comportamental e seu Impacto na Cognição Social
Carregando...
Data
Autor(es)
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Universidade Federal de Minas Gerais
Descrição
Tipo
Tese de doutorado
Título alternativo
Primeiro orientador
Membros da banca
Breno Fiuza Cruz
Florindo Stella
Luciano Inácio Mariano
Paulo Caramelli
Florindo Stella
Luciano Inácio Mariano
Paulo Caramelli
Resumo
INTRODUÇÃO: Os sintomas neuropsiquiátricos (SPN) são altamente prevalentes em pacientes com síndromes demenciais, o que pode criar desafios no diagnóstico e manejo da variante comportamental da demência frontotemporal (DFTvc). Ainda existem lacunas na literatura quanto à frequência dos SPN na DFTvc. Além disso, os estudos que avaliaram o impacto dos SNP no desempenho de testes de cognição social em pacientes com DFTvc são limitados.
OBJETIVOS: Avaliar a frequência e as correlações dos sintomas neuropsiquiátricos com testes de cognição social (teoria de mente e reconhecimento de emoções faciais) de pacientes com DFTvc, comparando-os com pacientes com doença de Alzheimer (DA).
MÉTODOS: Foram incluídos dois grupos de pacientes: 1) DFTvc (n = 13; 7H/6M; idade = 66,0 anos; escolaridade = 11,0 anos) e 2) DA (n = 18, 6H/12M; idade = 71,5 anos; escolaridade = 11,0). Para a avaliação neuropsiquiátrica, foram utilizadas a Escala de Depressão de Montgomery & Asberg (MADRS), a Escala de Ansiedade de Hamilton (HAM-A), a Escala de Mania de Young (YMRS), o Inventário de Obsessões e Compulsões – Revisado (OCI-R), a Escala de Síndrome Positiva e Negativa (PANSS), o Inventário Comportamental de Cambridge revisado (CBI-R), a Escala de Apatia de Starkstein e a Escala de Atividades de Vida Diária Funcional (PFEFFER). Todos os participantes foram submetidos a uma avaliação cognitiva abrangente, incluindo a bateria Mini-Sea para avaliação da teoria de mente e do reconhecimento de emoções faciais.
RESULTADOS: Os grupos não diferiram em sexo, escolaridade, renda familiar e duração da doença. A pontuação no Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) foi similar entre os grupos DFT (MEEM = 25,0) e DA (MEEM = 24,0).
Os pacientes com DFTvc apresentaram uma pontuação total maior na PANSS em comparação com os pacientes com DA (p<0,001). Os pacientes com DFTvc também apresentaram sintomas negativos (p<0,001) e sintomas de psicopatologia geral (p<0,001) mais graves em comparação com aqueles com DA. Ademais, os pacientes com DFTvc exibiram prevalência superior de sintomas maniformes, aferido pela YMRS, em relação aos pacientes com DA (p<0,001).
Houve correlações moderadas-fortes entre os sintomas neuropsiquiátricos e os testes da Mini-SEA, com padrões distintos para DFTvc e DA. Na DFTvc, os sintomas depressivos (ρ=0,624; p=0,020), ansiosos (ρ=0,614; p=0,045) e psicóticos positivos (ρ=-0,778; p=0,005) tiveram correlação significativa com o desempenho em testes de cognição social. Na DA, os sintomas ansiosos (ρ=-0,583; p=0,047), sintomas de mania (ρ=-0,551; p=0,033), sintomas obsessivos e compulsivos (ρ=-0,688; p=0,013) e sintomas psicóticos de desorganização (ρ=-0,712; p=0,009) exibiram correlação significativa com o desempenho em testes de cognição social.
CONCLUSÕES: Pacientes com DFTvc apresentaram mais sintomas psicóticos e maníacos do que os pacientes com DA. Esses achados são importantes para a diferenciação clínica entre DFTvc e DA. Além disso, nossos resultados indicam um impacto distinto dos sintomas neuropsiquiátricos no comportamento e na cognição social dos pacientes com DFTvc e na DA. Por fim, maior número de pacientes é necessário para melhor caracterização dos SNP na DFTvc e na DA e para melhor compreender a influência dos SNP no desempenho da cognição social nessas doenças.
Abstract
INTRODUCTION: Neuropsychiatric symptoms (NPS) are highly prevalent in patients with dementia syndromes, which can pose challenges in diagnosing and managing behavioral variant frontotemporal dementia (bvFTD). There are still gaps in the literature regarding the frequency of NPS in bvFTD. Furthermore, studies evaluating the impact of NPS on social cognition tests in bvFTD patients are limited.
OBJECTIVES: To assess the frequency and correlations of neuropsychiatric symptoms with social cognition tests (Theory of Mind and facial emotion recognition) in bvFTD patients, comparing them with Alzheimer’s disease (AD) patients.
METHODS: Two groups were included: 1) bvFTD (n = 13; 7F/6M; age = 66.0 years; education = 11.0 years) and 2) AD (n = 18; 6F/12M; age = 71.5 years; education = 11.0 years). The neuropsychiatric assessment used the Montgomery-Asberg Depression Rating Scale (MADRS), Hamilton Anxiety Rating Scale (HAM-A), Young Mania Rating Scale (YMRS), Obsessive-Compulsive Inventory-Revised (OCI-R), Positive and Negative Syndrome Scale (PANSS), Cambridge Behavioral Inventory-Revised (CBI-R), Starkstein Apathy Scale, and the Pfeffer Functional Activities Questionnaire (PFEFFER). All participants underwent a comprehensive cognitive evaluation, which included the Mini-Sea battery for assessing Theory of Mind and facial emotion recognition.
RESULTS: The groups did not differ in sex, education, family income, or disease duration. The Mini-Mental State Examination (MMSE) scores were similar for both the frontotemporal dementia (FTD) group (MMSE = 25.0) and the AD group (MMSE = 24.0).
Patients with bvFTD had higher total scores on the PANSS compared to patients with AD (p < 0.001). Additionally, individuals with bvFTD exhibited more severe negative symptoms (p < 0.001) and general psychopathology symptoms (p < 0.001) than those in the AD group. Furthermore, a higher prevalence of manic symptoms, as measured by the YMRS, was observed in patients with bvFTD compared to those with AD (p < 0.001).
There were moderate-to-strong correlations between neuropsychiatric symptoms and social cognition test scores, with distinct patterns for the bvFTD and AD groups. In the bvFTD group, significant correlations were found between depressive (ρ=0,624; p=0,020), anxious (ρ=0,614; p=0,045), and positive psychotic symptoms (ρ=-0,778; p=0,005) and performance on social cognition tests. In the AD group, significant correlations were identified between anxious symptoms (ρ=-0,583; p=0,047), manic symptoms (ρ=-0,551; p=0,033), obsessive-compulsive symptoms (ρ=-0,688; p=0,013), disorganized psychotic symptoms (ρ=-0,712; p=0,009), and performance on social cognition tests.
CONCLUSIONS: bvFTD patients exhibited more psychotic and manic symptoms compared to patients with AD. These findings are significant for the clinical differentiation between bvFTD and AD. Additionally, our results suggest a distinct impact of neuropsychiatric symptoms on behavior and social cognition in patients with bvFTD and AD. Finally, a larger sample size is necessary for better characterization of neuropsychiatric symptoms in bvFTD and AD, as well as for a deeper understanding of their influence on social cognitive performance in these diseases.
Assunto
Neurociências, Demência Frontotemporal, Manifestações Neurocomportamentais, Cognição
Palavras-chave
Demência frontotemporal variante comportamental, Sintomas neuropsiquiátricos, Cognição social