Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-9V6MBA
Type: Tese de Doutorado
Title: Tempos cotidianos de professoras/es fora da escola: outras histórias
Authors: Geovani de Jesus Silva
First Advisor: Ines Assuncao de Castro Teixeira
First Referee: Miguel Gonzalez Arroyo
Second Referee: Luiz Alberto Oliveira Goncalves
Third Referee: Valquiria Padilha
metadata.dc.contributor.referee4: Maria Jaqueline de Grammont Machado de Araujo
Abstract: O trabalho analisa as configurações do tempo de professoras e professores da Educação Bási-ca fora da escola, a partir de elementos dos processos sócio-históricos que as constituem. A pesquisa tem como pressuposto a ideia de que a noção de tempo é uma construção histórica e cultural, que traduz uma síntese simbólica relativa ao fluir os movimentos da vida, da nature-za, do mundo, dos acontecimentos (Norbert ELIAS, 1998), que envolve, entre outros aspec-tos, ritmos, durações e o trabalho da memória, das lembranças e as projeções dos indivíduos e grupos ao longo das suas histórias individuais e coletivas. Trata-se, ainda, de experiência e aprendizagem. Dentre os tempos sociais, o estudo focaliza o tempo livre, entendido como os tempos liberados das exigências profissionais e do trabalho assalariado. Entre eles, os perío-dos anteriores, posteriores e os interstícios das atividades laborais, como também os curtos e médios períodos de sua interrupção, tais como os feriados, finais de semana, e ainda os reces-sos e férias, respectivamente. Estas seriam ocasiões nas quais os indivíduos podem vivenciar atividades sob sua própria escolha, para sua satisfação e necessidades pessoais, dentre outras alternativas apresentadas em seus tempos cotidianos. Nos tempos livres incluem-se as ativi-dades de lazer, descanso, regeneração, as necessidades biológicas, o cuidado de si, dentre ou-tras, as quais variam de indivíduo para indivíduo e de um grupo social para outro (Erich WEBER, 1969; Norbert ELIAS e Eric DUNNIG, 1992). O estudo dos tempos de professoras e professores fora da escola, que em princípio, mas não de fato, seriam seus tempos livres, é pouco explorado nas pesquisas educacionais brasileiras, uma das razões pelas quais este tra-balho discute tal questão. Procura-se oferecer contribuições e trazer à luz o problema da es-cassez de tempos livres nos tempos cotidianos dos docentes, fenômeno que afeta seus corpos, suas mentes, seus desempenhos no trabalho e onde seja, um fenômeno que traz prejuízos, ten-sões, conflitos e consequências nefastos à condição humana e existencial dessas/es trabalha-doras/es, questões evidenciadas nas descobertas da pesquisa. A pesquisa se inscreve numa perspectiva sociológica, nos âmbitos da Sociologia do Trabalho e da Sociologia das Profis-sões e de uma Sociologia do Tempo, que tem alcançado uma relativa consolidação na literatu-ra sociológica. Os sujeitos da pesquisa foram professoras e professores das redes públicas e particular de ensino de Educação Básica da cidade de Porto Seguro (Bahia, Brasil), os quais investigamos através da aplicação de questionários, da realização de entrevistas semi-estruturadas individuais, gravadas, e de grupos focais. Usamos também, como procedimento metodológico para a recolha de informações, correspondências/mensagens internautas, sendo que o período de campo transcorreu entre janeiro e dezembro de 2013. O trabalho está organi-zado em três planos analíticos: o primeiro contém um espectro geral dos tempos das/dos pro-fessoras/es fora da escola, tempos teoricamente livres, ou seja, elabora-se um traçado geral dos fazeres e viveres daquelas/es professoras/es nos seus tempos cotidianos fora da escola. O segundo discute as formas de comportamento no tempo livre, ou seja, os processos de suspen-são, compensação e regeneração (Erich WEBER (1969)). O terceiro plano busca compreender os desafios, tensões e conflitos inscritos nos viveres dos tempos cotidianos das/dos professo-ras/es fora da escola, bem como as estratégias e táticas mobilizadas pelas/os docentes pesqui-sadas/os para conciliar os tempos de trabalho com seus ditos tempos livres. Nos compassos e viveres dessas muitas outras histórias de professores e professoras, tornou-se evidente, entre as descobertas da pesquisa, que ambos vivem subsumidos, tensionados, em conflito entre a escassez do tempo livre e a sobreposição de trabalhos sem fim. Seus períodos fora da escola, que seriam tempos livres, se transmutam em períodos tantos de trabalhos outros. Conclui-se, entre outras descobertas do estudo, que os tempos cotidianos desses/as professores/as, fora da escola, não são propriamente tempos livres, porque são tempos de outros trabalhos. É uma experiência marcada pela atividade laboral, pelo desafio de articular as várias situações, mo-mentos, durações e ritmos do dia a dia às cadências e exigências do trabalho docente. É, so-bretudo, uma arquitetura temporal imbricada na condição histórica dos tempos modernos, tempos mercantis, com seus desdobramentos nas temporalidades da escola e da docência, nos quais os mestres e mestras vão tecendo o tempo que os tece em modos de viver e de ser, em presentes, pretéritos e devires históricos individuais e coletivos.
Abstract: This work analyses the configurations of basic education schools teachers and their time out-side school, taking into account aspects from the socio-historical processes that constitute them. The research has as its assumption that the notion of time is a historical and cultural construction, which translates a symbolic synthesis related to how life happenings, nature, world, events flow (Norbert ELIAS, 1998), which involves, among other aspects, rhythms, durations and how the memory, remembrances and individuals and groups projections work throughout their individual and collective memories. Moreover, it deals with experience and learning. Among social periods of time, this study focuses on free time, which is understood as those free periods from any professional demands and paid employment. Among those pe-riods, there are previous, subsequent and interstices ones of working activities as well as short and medium periods of interruption, such as holydays, weekends, vacation, respectively. Those would be occasions when individuals could experience activities chosen by them, in order to have satisfaction, fulfill their personal needs, among other alternatives they may have in their everyday life.Some actions are included in free time such as leisure activities, resting periods, regeneration, biological needs, taking care of themselves, among other actions which vary from individual to individual and from one social group to another (Erich WEBER, 1969; Norbert ELIAS and Eric DUNNIG, 1992). The study of teachers time outside school in principle, it is not their free time in fact is little explored by Brazilian educational re-searches, one of the main reasons why this work discusses the problem.It intends to contribute and bring to light the problem of scarce free periods of timein teachers everyday life, a phe-nomenon which affects their bodies, their minds, their performances at work and other places. Besides, it is a phenomenon which is prejudicial, causes tensions, conflicts and has terrible consequences to both human and existential condition of these professionals. Such problems rose during the research. The research is circumscribed in a sociological perspective Sociol-ogy of Work, Sociology of Professions and Sociology of Time fields which has achieved a relative consolidation in sociological literature. The subjects of the research were both public and particular teachers of Porto Seguros (Bahia, Brasil) basic education schools, who we investigated through questionnaires, taped individual semi-structured interviews and focal groups.In addition, in order to gather information, we usedas a methodological procedureelectronic mail/messages, taking into account that the field research occurred from January to December 2013. In this sense, the text is organised in three analytical parts: the first one contains a general spectrum of teachers periods of time, theoretically periods of free time, in other words, it is elaborated a panorama of theirdoings and livings in their free time outside school.The second part discusses their behaviours in their free time, that is, the pro-cesses of suspension, compensation and regeneration (Erich WEBER (1969)). The third part attempts to understand the challenges, tensions and conflicts of teachers everyday periods oftime outside school as well as strategies and tactics used by those teachers in order to con-ciliate working periods with their free times.Considering these teachers lives and stories, among the researchs findings, it was clear that they live subsumed and under stress, conflict-ed with their scarce free time and the overlapping of endless work. Their periods of time out-side school, which would be considered free time, transmute in periods of time to do another tasks.It is concluded that these teachers everyday periods of time outside school cannot be considered free time per se because they correspond to another types of work. It is an experi-ence marked by labour activity as well as challenge of articulating several situations, mo-ments, durations and rhythms of everyday life in order to accomplish teaching workload. Mainly, it is a temporal setting related to historical condition of contemporary working times, with its developments in school and teaching temporalities, in which teachers are dealing with time, time that shapes their way of living, in present and past times, with individual and col-lective historical moments.
Subject: Tempo Administração
Professores Aspectos sociais
Educação
Prática de ensino
language: Português
Publisher: Universidade Federal de Minas Gerais
Publisher Initials: UFMG
Rights: Acesso Aberto
URI: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-9V6MBA
Issue Date: 29-Jul-2014
Appears in Collections:Teses de Doutorado

Files in This Item:
File Description SizeFormat 
tese_geovani_fae_2014.pdf3.53 MBAdobe PDFView/Open


Items in DSpace are protected by copyright, with all rights reserved, unless otherwise indicated.