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Type: Tese de Doutorado
Title: Fatores relacionados à atividade física pós acidente vascular encefálico
Authors: Janaine Cunha Polese
First Advisor: Luci Fuscaldi Teixeira Salmela
First Co-advisor: Louise Ada
First Referee: Clarissa Cardoso dos Santos Couto Paz
Second Referee: Camila Torriani Pasin
Third Referee: Fatima Valeria Rodrigues de Paula
metadata.dc.contributor.referee4: Giane Amorim Ribeiro Samora
Abstract: Indivíduos pós Acidente Vascular Encefálico (AVE) permanecem com diversas incapacidades a longo prazo. Nesse sentido, abordagens terapêuticas devem ser implementadas para uma visão ampla das deficiências em estrutura e função corporal e limitações em atividade e participação social dessa população. Dessa forma, há um crescente interesse em se entender os mecanismos globais relacionados à atividade física pós-AVE, já que a inatividade provoca um ciclo vicioso, levando ao sedentarismo, diminuição do condicionamento cardiorrespiratório e, por conseguinte, diminuição da participação social desses indivíduos. Procurando atender a tais pressupostos, quatro estudos foram desenvolvidos na presente tese, a fim de contribuir com a lacuna existente na literatura acerca de fatores relacionados à atividade física pós-AVE. O primeiro estudo objetivou verificar se o treino da marcha mecanicamente assistida poderia promover aumento da velocidade da marcha e distância percorrida em indivíduos pós-AVE deambuladores, quando comparada com nenhuma intervenção, intervenção sem o treino de marcha ou treino da marcha no solo. Para tanto, foi realizada uma revisão sistemática de ensaios clínicos aleatorizados (Registro PROSPERO CRD 42012002622). Para serem incluídos na revisão sistemática, os estudos deveriam ter como intervenção o treino de marcha mecanicamente assistida sem suporte parcial de peso; desfechos relacionados à marcha, tais como velocidade e distância percorrida. Foram incluídos nove estudos que utilizaram o treino com esteira, compreendendo 977 participantes. A metanálise demonstrou que o treino em esteira resultou em maiores velocidades de marcha, quando comparado a nenhuma intervenção ou intervenção sem o treino de marcha (MD 0,14 m/s, IC95% 0,09 a 0,19) imediatamente após a intervenção. Tais benefícios foram mantidos além do período de intervenção (MD 0,12 m/s, IC95% 0,08 a 0,17). O treino de marcha em esteira também proporcionou um aumento na distância percorrida imediatamente após a intervenção (MD 40 m, IC95% 27 a 53), sendo que este aumento se manteve além do período de intervenção (MD 40 m, IC95% 24 a 55). Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas imediatamente após a intervenção quando comparou-se o treino em esteira e treino de marcha no solo em termos de velocidade (MD 0,05 m/s, IC95% 0,12 a 0,21) ou distância percorrida (MD 6 m, IC95% 45 a 33). O segundo estudo, por sua vez, objetivou determinar se sessões convencionais de fisioterapia proporcionariam duração (>10 minutos) e intensidade (>40% frequência cardíaca de reserva) suficientes para induzir estresses cardiorrespiratórios adequados em indivíduos pós-AVE crônicos. A partir de um estudo observacional transversal, foram observadas duas sessões, com intervalo de uma semana entre elas, de 20 hemiparéticos (média de idade de 58 anos, 45% homens, tempo médio pós-lesão de 26 meses). As atividades foram categorizadas como: atividades de membros superiores, ficar em pé, dar passos, marcha básica e marcha avançada. Estatísticas descritivas demonstraram que não houve diferenças entre a intensidade e duração das atividades entre as sessões analisadas. Nenhuma das atividades foi realizada com intensidade ou duração suficiente para proporcionar estresses cardiorrespiratórios suficientes. A atividade que proporcionou a maior intensidade foi a marcha avançada, sendo que os pacientes alcançaram, em média, 32% da frequência cardíaca de reserva. As atividades de membros superiores foram as com a maior duração (25 minutos). O terceiro estudo objetivou avaliar a confiabilidade teste-reteste do ergoespirômetro Cortex MetaMax 3B® para mensuração de variáveis cardiorrespiratórias em indivíduos pós-AVE crônico, durante a realização do teste de caminhada de 6 minutos (TC6min). Neste estudo metodológico, 21 hemiparéticos (13 homens, média de idade de 59 anos, tempos médio pós-lesão de 30 meses) realizaram o TC6min com o Cortex MetaMax 3B®, com intervalo de uma semana entre as medidas. Foram calculados o coeficiente de correlação intraclasse, teste t, erro padrão da medida e gráfico Bland-Altman para variáveis cardiorrespiratórias (consumo de oxigênio absoluto, consumo de oxigênio relativo, produção de dióxido de carbono, razão da troca respiratória, ventilação minuto e frequência cardíaca) durante o TC6min. Foram observados valores de correlação intraclasse que variaram entre 0,76 a 0,97. A diferença média entre os testes variou entre 0 e 3% e o erro padrão de medida entre 1 a 12%. Todos os métodos utilizados demonstraram valores adequados para a confiabilidade teste-reteste do instrumento Cortex MetaMax 3B®. O quarto estudo objetivou avaliar se o custo energético de indivíduos pós-AVE durante a realização de atividades relacionadas à marcha poderia ser predito pelo nível funcional. Fizeram parte desse estudo experimental 55 hemiparéticos crônicos, sendo 33 homens, com média de idade de 59 anos e tempo médio pós-lesão de 25 meses. A variável preditora foi o nível funcional, determinado pela velocidade de marcha, avaliada por meio do teste de caminhada em 10 metros. O desfecho de interesse foi o custo energético durante atividades relacionadas à marcha (marcha habitual, marcha rápida e subir e descer escadas), o qual foi mensurado por meio do ergoespirômetro portátil Cortex MetaMax 3B®. O consumo relativo de oxigênio foi dividido pela distância percorrida durante as atividades, resultando no custo energético. A média de velocidade de marcha observada na amostra estudada foi 0,84 m/s. O custo energético durante a marcha habitual foi de 0,24±0,11 mlkg-1m-1 e durante a marcha rápida de 0,24±0,10 mlkg-1m-1. Já durante a atividade de subir e descer escadas, o custo energético observado foi 1.13± 0.43 mlkg-1m-1. O modelo quadrático utilizado para a regressão demonstrou que o nível funcional explicou 81% da variância do gasto energético durante as atividades avaliadas. Uma equação foi desenvolvida para predizer o custo energético durante a realização de atividades relacionadas à marcha: Custo energético (mlkg-1m-1) = 0,95 1,28*nível funcional (velocidade de marcha em m/s) + 0,47* nível funcional 2 + 0,91*atividade (marcha = 0; escadas = 1). Os resultados observados nos estudos incluídos no corpo da presente tese permitem concluir que, em indivíduos pós-AVE, o treino em esteira sem o suporte parcial de peso resulta em maior velocidade de marcha e distância percorrida para indivíduos deambuladores, quando comparada a nenhuma intervenção ou intervenção sem a prática de marcha, sendo que tais benefícios se mantem além do período de intervenção. Além disso, não foram observadas diferenças imediatamente após a intervenção, quando comparou-se o treino em esteira e treino de marcha no solo em termos de velocidade ou distância percorrida. Adicionalmente, pôde-se concluir que as sessões de fisioterapia convencional não proporcionam intensidade e duração suficientes para induzir estresses cardiorrespiratórios adequados. Observou-se uma adequada confiabilidade teste-reteste do ergoespirômetro portátil Cortex MetaMax 3B® durante o TC6min em hemiparéticos crônicos. Finalmente, os achados observados demonstraram uma relação quadrática entre o nível funcional e o gasto energético de indivíduos pós-AVE durante atividades relacionadas aos membros inferiores, tais como a marcha habitual e rápida e subir e descer escadas. Tais achados permitiram a elaboração de uma equação de predição, considerando o nível funcional, para o gasto energético de indivíduos pós-AVE.
Abstract: Individuals after stroke remain with several long-term disabilities. In this sense, therapeutic approaches should be implemented for a broad view of the deficiencies in structure and body function, and limitations in activity and restrictions of social participation of these individuals. Thus, there is growing interest in understanding the global mechanisms related to post-stroke physical activity, since the inactivity cause a vicious cycle, leading to sedentary lifestyles, decreasing cardiorespiratory fitness, and, therefore, decreasing the social participation of these individuals. In this theses, four studies were carried-out, in order to fill the gap in the literature regarding the factors related to post-stroke physical activity. The first study aimed to verify if the mechanically assisted walking training would increase walking speed or distance in ambulatory people with stroke, compared with no intervention/non-walking intervention, or overground walking. In this sense, a systematic review of randomized clinical trials (PROSPERO CRD 42012002622) was performed. To be included in the systematic review, the studies should have mechanically assisted gait without partial body weight support as intervention; outcomes related to gait, such as speed and distance covered. Nine studies, which used the treadmill training as intervention, were included, comprising 977 participants. The meta-analysis showed that treadmill training resulted in greater gains in gait speed, when compared to no intervention or non-walking intervention (MD 0.14 m/s, 95% CI 0.09 to o.19), immediately after the training. These benefits were maintained beyond the intervention period (MD 0.12 m/s, 95% CI 0.08 to 0.17). The treadmill gait training also provided increases in the distance covered immediately after the intervention (MD 40 m, 95% CI 27 to 53), and this increase was maintained beyond the intervention period (MD 40 m, 95% CI 24 to 55 ). No statistically differences were observed immediately after the intervention, when treadmill and overground walking training were compared, in terms of speed (MD 0.05 m/s, 95% CI 0.12- to 0.21) or distance covered (MD -6 m, 95% CI -45 to 33). The second study aimed to determine whether conventional physiotherapy sessions provide appropriate duration (>10 minutes) and intensity (>40% heart rate reserve) to induce adequate cardiorespiratory stress in individuals with chronic stroke. Two sessions were observed, with one week interval between them of 20 stroke individuals (mean age 58 years, 45% male, post-onset time 26 months). The activities were categorized as: upper limb activities, standing, stepping, basic walking, and advanced walking. Descriptive statistics showed that there were no differences between the activity intensity and duration between the sessions. None of the activities were carried out with sufficient intensity or duration to provide cardiorespiratory stress. The activity that provided the greatest intensity was advanced walking, and the individuals achieved, on average, 32% of their heart rate reserve values. The upper limb activities were the ones with longest duration (25 minutes).The third study aimed to evaluate the test-retest reliability of Cortex MetaMax 3B® ergospirometer in chronic stroke individuals during the 6-minute walk test (6MWT). For this methodological study, 21 stroke individuals (13 men, mean age of 59 years, and mean time post-stroke of 30 months) performed two sessions of the 6MWT with the Cortex MetaMax 3B®, with one week interval between the measurements. Statistical analyses were based upon intra-class correlation coefficients, t tests, standard errors of the measurement, and Bland-Altman plots for the cardiorespiratory variables (absolute oxygen consumption, relative oxygen consumption, carbon dioxide production, respiratory exchange ratio, minute ventilation, and heart rate) during the 6MWT. The intra-class correlation coefficients ranged from 0.76 to 0.97. The mean difference between the tests varied between 0 and 3% and the standard error of measurement from 1 to 12%.The results showed appropriate values for the test-retest reliability of the Cortex MetaMax 3B®. The fourth study aimed to evaluate if the energy cost of stroke individuals during the performance of functional activities related to the lower limbs could be predicted by their functional levels. This experimental study included 55 chronic stroke individuals, 33 men, mean age of 59 years, and mean time post stroke of 25 months. The predictor variable was the functional level, determined by the walking speed, assessed by the 10 meter walking test. The outcome of interest was the energy cost during the performance of functional activities (comfortable and fast gait speeds and stair ascent/descent), which was measured by the portable ergospirometer Cortex MetaMax 3B®. The relative oxygen consumption was divided by the distance covered during the functional activities, resulting in the energy cost. The mean walking speed was 0.84 m/s. The energy cost during comfortable walking was 0.24±0.11 ml mlkg-1m-1 and during fast walking, 0.24±0.10 mlkg-1m-1. For the stairs, the energy cost was 1.13±0.43 mlkg-1m-1. The quadratic regression model demonstrated that the functional level explained 81% of the variance in the energy cost. The energy cost can be predicted by the following equation: EC (mlkg-1m-1) = 0.95 1.28* comfortable walking speed, in m/s + 0.47*comfortable walking speed2 + 0.91*activity (walking speed = 0; stairs = 1). The findings of the studies included in this thesis support the following conclusions: In post stroke individuals, the treadmill training without partial body weight support resulted in higher walking speed and distance covered for ambulatory individuals, when compared to no intervention or intervention without walking training, and these benefits were kept beyond the intervention. In addition, no differences were observed immediately after the intervention, when treadmill and overground walking training were compared, in terms of speed or distance covered. Moreover, conventional physical therapy sessions do not provide adequate intensity and duration to induce cardiorespiratory stress. Adequate test-retest reliability was found for the portable ergospirometer Cortex MetaMax 3B® in stroke individuals. Finally, the observed findings showed a quadratic relationship between the functional level and energy cost of stroke individuals during activities related to the lower limbs, such as the comfortable/fast gait speeds and managing stairs. These findings led to the establishment of a prediction equation regarding the energy cost of stroke individuals, based upon their functional levels.
Subject: Consumo de oxigênio
Acidentes vasculares cerebrais
Exercícios físicos Uso terapêutico
Reprodutibilidade dos testes
Marcha
language: Português
Publisher: Universidade Federal de Minas Gerais
Publisher Initials: UFMG
Rights: Acesso Aberto
URI: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-9WFG75
Issue Date: 27-Feb-2015
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