Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-AB5G69
Type: Tese de Doutorado
Title: Usos sociais das rádios zapatistas: o mapa noturno da construção da autonomia nas mediações comunicativas da cultura
Authors: Ismar Capistrano Costa Filho
First Advisor: Angela Cristina Salgueiro Marques
First Referee: Maria Ângela Mattos
Second Referee: Regina Helena Alves da Silva
Third Referee: Cicilia Maria Krohling Peruzzo
metadata.dc.contributor.referee4: Edgard Patrício de Almeida Filho
Abstract: A pesquisa aqui apresentada investiga como as rádios mexicanas Frecuencia Libre e a Radio Rebelde estão envolvidas na construção da autonomia política zapatista a partir da perspectiva dos usos sociais dos meios, por meio de um mapeamento das mediações e do estudo da constituição de um imaginário radical autonômico marcado pelas articulações com outros grupos e povos pela conquista da justiça social. Busca-se saber como as comunidades autônomas se apropriam de rádios comunitárias; qual a relação entre as matrizes culturais das comunidades e a escuta de programas; e em que medida a comunicação radiofônica é apropriada e entrelaçada ao imaginário dos ouvintes. Para tanto, foram traçados dois eixos conceituais de reflexão. O primeiro problematiza os estudos de recepção, os usos sociais dos meios e os sentidos culturais, tendo como referências autores latino-americanos, como Martín-Barbero, Guillermo Orozco, Jorge González, Galindo Cárceres, Itânia Gomes, Nilda Jacks, Veneza Ronsini, entre outros. Esses estudos nos permitem olhar para as rádios zapatistas como fenômenos de comunicação popular, produzidos pelos excluídos dos meios massivos num contexto marcado por conflitos, contradições sociais, lutas históricas e uma inevitável diversidade e mestiçagem cultural. A análise, que parte das mediações elencadas por Martín-Barbero, requer a observação de quatro elementos estruturantes do processo comunicacional: as matrizes culturais, as competências de recepção, as lógicas de produção e os formatos dos meios. Através da relação entre estes elementos e as dinâmicas das rádios não comerciais, é possível observar as mediações configuradas pelas institucionalidades, as tecnicidades, as ritualidades e as sociabilidades das emissoras. O mapa noturno dos usos sociais das rádios zapatistas construído por estas mediações - alimentadas pelas relações entre matrizes culturais, temporalidades, endereçamentos, lógicas de produção, competências e sentidos culturais permite o deslocamento necessário até as práticas culturais que circundam e relacionam-se à atuação das rádios. De forma geral, as institucionalidades são investigadas a partir das tensões entre a autonomia e a política governamental, entre a resistência e a perseguição e entre o mercado e a sustentabilidade, e os conceitos e as práticas dos meios livres, alternativos e comunitários. Neste momento, também analisoas matrizes culturais das emissoras a partir dos endereçamentos produzidos pela enunciação radiofônica. Para pensar as tecnicidades nas rádios zapatistas, traço interfaces entre a oralidade, predominante nas comunidades rurais e na linguagem do rádio, e as característicasda tecnologia e das técnicas radiofônicas. Já as coordenadas referentes às ritualidades abrangem as diferentes temporalidades sociais das emissoras e dos ouvintes que criam, a partir desta relação, ritmos de escuta e emissão. Por fim, por meio da socialidade, a pesquisa investiga as apropriações dos ouvintes das rádios zapatistas imergindo nos mundos possíveis criados através dos sentidos culturais da recepção. O segundo eixo teórico que sustenta a reflexão aqui realizada articula as noções de autonomia e política agonística. O processo de construção da autonomia é discutido com o auxílio da abordagem de autores que pesquisam e militam no movimento zapatista, como John Holloway, Enrique Ouviña, Hector-Diaz e Gustavo Estava. Também recorro a Cornelius Castoriadis e Chantal Mouffe para ampliar as noções dos conflitos políticos e imaginário radical autonômico, presentes no objeto. A reflexão teórica foi realizada paralelamentea quatro imersões de campo, em julho de 2013, janeiro e julho de 2014 e julho a dezembro de 2015 e uma visita pré-exploratória em janeiro de 2011, momentos em que se fez pesquisa documental, registro da programação das emissoras e entrevistas com três grupos de atores sociais. Primeiro, em julho de 2013, dialoguei com oito intelectuais e lideranças políticas relacionadas de alguma maneira aos zapatistas, aos meios livres ou às comunidades indígenas no intuito de conhecer o papel do zapatismo, a organização das comunidades autônomas e a importância do rádio neste processo político. Cinco produtores e apresentadores da Frecuencia Libre formaram o segundo grupo. Nestas entrevistas, realizadas entre julho e agosto de 2015, questionei sobre a história dos programas, os processos de produção, a audiência, a participação no coletivo e o papel da emissora no município. Não foi possível realizar estas entrevistas com os produtoresda Radio Rebelde por falta de autorização não justificada da Junta de Bom Governo do Caracol Rebeldia e Resistência pela Humanidade em Oventic, organização política responsável pela emissora. O terceiro grupo entrevistado é composto pelos receptores das duas emissoras, subdivididos em doze ouvintes da cidade de San Cristóbal de Las Casas e cinco da comunidade de San Isidro de La Liberdad, entrevistados em janeiro e julho de 2014. Apresento os sentidos da escuta das rádios zapatistas não só com base nas narrativas dos receptores entrevistados, mas de seus relatos de vida e nas condições socioculturais observadas. Para a análise das institucionalidades e tecnicidades que perpassam a produção das emissoras, foram realizadas gravações da programação da Radio Rebelde e da Frecuencia Libre de três semanas consecutivas, sendo a primeira entre 9 a 30 de julho de 2013 e a segunda de 20 de julho a 10 de agosto de 2015. Depois foi selecionada uma edição de cada programa da Frecuencia Libre e um programa de cada dia da semana, não necessariamente consecutivos, da Radio Rebelde (dado que sua programação não possui grade fixa de programas) com o conteúdo mais diverso possível. As emissões selecionadas foram transcritas para análise dos endereçamentos e das matrizes culturais (racional-iluminista e simbólico-dramática). A contribuição das rádios zapatistas para a construção da autonomia vai além das temporalidades diferenciadas, das lógicas de resistência e das matrizes culturais simbólico-dramática dos povos originários e racional-iluminista dos intelectuais que constituem seus endereçamentos, programaçõese organizações. Encontra-se também nos sentidos dados às emissoras pelos ouvintes a partir das apropriações em seu cotidiano, memórias e imaginários.
Abstract: La tesis aquí presentada investiga cómo las radios mexicanas Frecuencia libre y Radio Rebelde están involucradas en la construcción de autonomía política zapatista considerando la perspectiva de los usos sociales de los medios, a través de una cartografía de las mediaciones y del estudio de la constitución de un imaginario radical autonómico marcado por las articulaciones con otros grupos y pueblos por la conquista de la justicia social. La investigación busca saber cómo las comunidades autónomas se apropian de radios comunitarias; cuál es la relación entre las matrices culturales de las comunidades y la escucha de programas; y en qué medida la comunicación radiofónica é apropiada y articulada al imaginario de los oyentes. Por lo tanto, fueron trazados dos ejes conceptuales de reflexión. El primero problematiza los estudios de recepción, los usos sociales de los medios y los sentidos culturales, teniendo como referencias autores latino-americanos, como Martín-Barbero, Jorge González, Galindo Cáceres, Itânia Gomes, Nilda Jacks, Veneza Ronsini, entre otros. Estos estudios permiten mirar para las radios zapatistas como fenómenos de comunicación popular, producidos por los excluidos de los medios masivos en un contexto marcado por conflictos, contradicciones sociales, luchas históricas y una inevitable diversidad y mestizaje cultural. El análisis, que parte de las mediaciones propuestas por Martín- Barbero, requiere la observación de cuatro elementos estructurantes del proceso comunicacional:las matrices culturales, las competencias de recepción, las lógicas de producción y los formatos de los medios. A través de la relación entre estos elementos y las dinámicas de las radios no comerciales es posible observar las mediaciones configuradas por las institucionalidades, las tecnicidades, las ritualidades y las sociabilidades de las emisoras. El mapa nocturno de los usos sociales de las radios zapatistas construido por estas mediaciones alimentadas por las relaciones entre matrices culturales, temporalidades, direccionamientos, lógicas de producción, competencias y sentidos culturales permite el desplazamiento necesario hasta las prácticas culturales que circundan y se relacionan a la actuación de las radios. De forma general, las institucionalidades fueron investigadas a partir de las tensiones entre la autonomía y la política gubernamental, entre la resistencia y la persecución y entre el mercado y la sustentabilidad, y los conceptos y las prácticas de los medios libres, alternativos y comunitarios. En este momento, también analiza las matrices culturales de las emisoras a partir de los direccionamientos producidos por la enunciación radiofónica. Para pensar las tecnicidades en las radios zapatistas, traza interfaces entre la oralidad, predominante en las comunidades rurales y en el lenguaje del radio, y las características de la tecnología y de las técnicas radiofónicas. Ya las coordenadas referentes a las ritualidades abarcan diferentes temporalidades sociales de las emisoras y de los oyentes que crean, a partir de esta relación, ritmos de escucha y emisión. Por fin, por medio de la socialidad, la investigación estudia las apropiaciones de los oyentes de las radios zapatistas sumergiéndose en los mundos posibles creados a través de los sentidos culturales de la recepción. El segundo eje teórico que sustenta la reflexión aquí realizada articula las nociones de autonomía y política agonística. El proceso de construcción de la autonomía es discutido con el auxilio del abordaje de autores, investigadores y militantes del movimiento zapatista, como John Holloway, Enrique Ouviña, Hector Diaz y Gustavo Estava. También recurri a Cornelius Castoriadis e Chantal Mouffe para ampliar las nociones de los conflictos políticos e imaginario radical autonómico, presentes en el objeto. La reflexión teórica fue realizada paralelamente a cuatro inmersiones de campo, en julio de 2013, enero y julio de 2014 y de julio a diciembre de 2015 y una visita pre-exploratoria en enero de 2011, momentos en que se hizo la investigación documental, registro de programación de las emisoras y entrevistas con tres grupos de actores sociales. Primero, en julio de 2013, dialogé con ocho intelectualesy líderes políticos relacionados de alguna manera a los zapatistas, a los medios libres o a las comunidades indígenas con el fin de conocer el papel del zapatismo, la organización de las comunidades autónomas y la importancia de la radio en este proceso político. Cinco productores y presentadores de Frecuencia Libre formaron el segundo grupo. En estas entrevistas, realizadas entre julio y agosto de 2015, cuestioné sobre lahistoria de los programas, los procesos de producción, la audiencia, la participación en el colectivo y el papel de la emisora en el municipio. No fue posible realizar estas entrevistas con los productores de Radio Rebelde por falta de autorización de la Junta de Buen Gobierno del Caracol Rebeldía y Resistencia por la Humanidad en Oventic, organización política responsable por la emisora. El tercer grupo entrevistado es compuesto por los receptores, subdivididos en trece oyentes de la ciudad de San Cristóbal de Las Casas y cinco de la comunidad de San Isidro de La Libertad, entrevistados en enero y julio de 2014. Presento los sentidos de escucha de las radios zapatistas no sólo con base en las narrativas de los receptores entrevistados, sino, de sus relatos de vida y en las condiciones socioculturales observadas. Para el análisis de las institucionalidades y tecnicidades que atraviesan la producción de las emisoras, fueron realizadas grabaciones de la programación de Radio Rebelde y de Frecuencia Libre de tres semanas consecutivas, siendo la primera del 9 al 30 de julio de 2013 y la segunda del 20 de julio al 10 de agosto de 2015. Después fue seleccionada una edición de cada programa de Frecuencia Libre y un programa de cada día de la semana, no necesariamente consecutivos, de Radio Rebelde (dado que no posee una programación fija) con el contenido más diverso posible. Las emisiones seleccionadas fueron transcritas para el análisis de los direccionamientos y de las matrices culturales (racional-iluminista y simbólico-dramática). La contribución de las radios zapatistas para la construcción de la autonomía va más allá de las temporalidades diferenciadas, de las lógicas de resistencia y de las matrices culturales simbólico dramática de los pueblos originarios y racional iluminista de los intelectuales que constituyen sus direccionamientos, programaciones y organizaciones. Se encuentra también en los sentidos dados a las emisoras por los oyentes a partir de las apropiaciones en su cotidiano, memorias e imaginarios.
Subject: Rádio
Rádio comunitária
Comunicação
Cultura
Autonomia
language: Português
Publisher: Universidade Federal de Minas Gerais
Publisher Initials: UFMG
Rights: Acesso Aberto
URI: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-AB5G69
Issue Date: 11-Mar-2016
Appears in Collections:Teses de Doutorado

Files in This Item:
File Description SizeFormat 
teseismarcapistranocostafilho.pdf6.39 MBAdobe PDFView/Open


Items in DSpace are protected by copyright, with all rights reserved, unless otherwise indicated.