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Type: Dissertação de Mestrado
Title: Conhecimento, natureza e sociedade no campo ambiental de Minas Gerais: um estudo com ambientalistas e técnicos de órgãos estatais de meio ambiente
Authors: Bernardo Vaz de Macedo
First Advisor: Andrea Luisa Moukhaiber Zhouri
First Referee: Juri Castelfranchi
Second Referee: Eder Jurandir Carneiro
Abstract: Esta dissertação consiste em um estudo sobre o campo ambiental de Minas Gerais e as representações de natureza incorporadas na prática de sujeitos que o compõem. O objetivo foi analisar como esses sujeitos tratam o conhecimento, buscando compreender a maneira como eles produzem e articulam significados do ambiental e identificar onde tensões no âmbito do conhecimento podem, potencialmente, gerar conflitos sobre as condições naturais. Para tal, foram resgatadas e analisadas entrevistas mistas (histórias de vida e entrevistas temáticas) realizadas por outros pesquisadores entre os anos de 2002 e 2005 com ambientalistas mineiros, atuantes na academia, em órgãos ambientais estatais ou em organizações não governamentais ambientalistas. Outro objetivo foi compreender a cultura organizacional e as representações de natureza que mais se destacam na atuação de profissionais de órgãos componentes do Sistema Estadual de Meio Ambiente de Minas Gerais (SISEMA/MG) e como essa atuação se insere num contexto mais amplo de conflitos sobre o mundo natural. Para isso, foram realizadas e analisadas, em 2011, entrevistas em profundidade com analistas ambientais de áreas variadas, funcionários efetivos desses órgãos. Foram identificadas e discutidas três correntes de ambientalismo que se encontram em disputa por uma representação legítima de natureza em Minas. A corrente ortodoxa, e atualmente hegemônica, do desenvolvimento sustentável, baseada no paradigma da modernização ecológica, prescreve uma conciliação entre interesses de desenvolvimento econômico e de proteção da natureza, com uma prática de negociação e diálogo e de busca de consensos e uma supervalorização do conhecimento técnico-científico em detrimento de outras formas de conhecimentos e saberes. Outra corrente, também inserida no mesmo paradigma, é a de defesa da vida silvestre, que, da mesma forma que a ortodoxa, contribui para certa despolitização do debate ambiental, tendendo a identificar o meio ambiente com uma dimensão estritamente natural e a natureza como realidade externa e separada da dimensão social. A terceira corrente, contra-hegemônica e heterodoxa, é a dos movimentos por justiça ambiental, que problematiza a ideologia do desenvolvimento sustentável, reconhecendo a existência de formas diversas de conhecimentos, significação e interação com as condições naturais, assim como tensões e processos de hierarquização e exclusão entre sujeitos. Conclui-se também que, recentemente, foi reforçada nos órgãos do SISEMA/MG uma cultura ou visão naturalizadora, que, identificando o ambiental com a dimensão exclusivamente físico-biótica, invisibiliza ou nega a dimensão humana e social dos processos de ocupação do espaço. Em procedimentos de licenciamento ambiental, essa cultura afasta a política ambiental de uma reflexão sobre a viabilidade socioambiental de empreendimentos de desenvolvimento e de uma consideração dos projetos alternativos de sociedade. Constatou-se, também, que reformas recentes na estrutura do SISEMA, como a sua descentralização, acentuaram a incorporação de uma lógica de mitigação e compensação e dos pressupostos da modernização ecológica na prática de seus órgãos, reforçando a exclusão de formas alternativas de vida social pela imposição de projetos de desenvolvimento econômico capitalista, tidos como inevitáveis.
Abstract: This dissertation consists of a study about the environmental field of Minas Gerais and the representations of nature incorporated in the practice of subjects that compose this field. The objectives were to analyze and understand how these subjects treat knowledge and produce and articulate environmental meanings and to identify where tensions in knowledge may potentially result in conflicts over natural resources. Mixed interviews (life histories and thematic interviews) undertaken by other researchers between 2002 and 2005 with environmentalists working, for example, in academia, public environmental agencies or environmental NGOs were analyzed. Another objective was to understand the organizational culture and the representations of nature that most evidently appear in the practice of professionals of agencies of the State System for the Environment of Minas Gerais (SISEMA/MG) and how this practice may be embedded in a broader context of conflicts over the natural world. For this objective, focused interviews were undertaken and analyzed in 2011 with environmental analysts of various areas that work in such agencies. Three possible environmental paradigms or perspectives that may be in a situation of dispute over a legitimate representation of nature in Minas Gerais were identified and discussed. The currently hegemonic and orthodox perspective of sustainable development based in the ecological modernization paradigm prescribes that economic development interests and those of nature protection be reconciled, through the practice of negotiations, dialogs and consensus building and the overvaluation of technical knowledge to the detriment of other forms of knowledge. The perspective, inscribed in the ecological modernization paradigm, that defends the protection of wildlife would also be contributing to depoliticize the environmental debate, identifying the environment with a strictly natural dimension and nature as an external entity and separate from a social dimension. The heterodox and anti-hegemonic perspective represented by the environmental justice movements forwards a critique of the sustainable development paradigm, recognizing the existence of diverse forms of knowledge and modes of meaning and interaction with the natural world and tensions and hierarchization and exclusion processes between subjects. It is also concluded that there has recently been a tendency to reinforce in the SISEMA/MG agencies a culture or perspective that identifies the environment with a strictly physical-biotic dimension, resulting in the invisibilization or negation of human and social dimensions associated with nature occupation processes. In environmental licensing procedures, such culture tends to distance environmental policy from debating about the socio-environmental viability of development projects and from considering alternative projects of society. Recent reforms in the structure of the SISEMA agencies, such as their decentralization process, also seem to have accentuated the incorporation in the practice of these agencies of a mitigation and compensation logic and of the ecological modernization assumptions, reinforcing the exclusion of alternative forms of social life through the imposition of capitalist economic development projects, seen as inevitable.
Subject: Sociologia
Minas Gerais Meio ambiente
Representações sociais
Ambientalismo
Justiça ambiental
language: Português
Publisher: Universidade Federal de Minas Gerais
Publisher Initials: UFMG
Rights: Acesso Aberto
URI: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-8SNKR9
Issue Date: 29-Feb-2012
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