Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-B4YJEY
Type: Tese de Doutorado
Title: Fatores clínicos e epidemiológicos associados aos transtornos de controle de impulsos e condições relacionadas na doença de Parkinson
Authors: Antonio Pedro Vargas
First Advisor: Francisco Eduardo Costa Cardoso
First Referee: Paulo Caramelli
Second Referee: Rogerio Gomes Beato
Third Referee: Vitor Tumas
metadata.dc.contributor.referee4: Francisco Javier Carod Artal
Abstract: Introdução: O tratamento farmacológico da doença de Parkinson (DP) é primariamente sintomático. A terapia de reposição dopaminérgica pode induzir efeitos indesejáveis. Nos últimos anos têm sido descritas alterações comportamentais caracterizadas por impulsividade (transtorno do controle de impulso TCI), comportamentos repetitivos despropositais anormais (punding) e uso compulsivo da medicação dopaminérgica em doses acima da necessidade terapêutica, com sintomas de intoxicação, e estado hipomaníaco (síndrome de desregulação dopaminérgica SDD). Essas condições têm similaridades clínicas e fisiopatológicas com os distúrbios relacionados ao abuso de substâncias e podem ser considerados como transtornos de dependência comportamental relacionado ao uso de levodopa ou agonistas dopaminérgicos. A sua fisiopatologia ainda não está plenamente esclarecida, mas parece estar relacionada à estimulação dopaminérgica anormal nas regiões basais dos núcleos da base, sobretudo pelas vias nigromesolímbicas. Objetivo: Verificar a prevalência da SDD, dos TCI, e do punding; os tipos mais frequentes; os fatores clínicos e demográficos associados; incluindo a gravidade; incapacidade; as relações com outros transtornos neuropsiquiátricos, com fatores socioeconômicos, e com uso de medicamentos dopaminérgicos, em pacientes com DP. Métodos: Foi feito um estudo caso controle em que foram avaliados 207 pacientes com diagnóstico de DP consecutivamente admitidos no ambulatório de neurologia dos Hospitais da Rede SARAH em Belo Horizonte e Rio de Janeiro. O grupo controle foi composto de 230 pessoas que acompanhavam pacientes em tratamento no programa de reabilitação neurológica nos mesmos hospitais. A avaliação clínica foi feita pela UPDRS. A escala Hoehn & Yahr foi usada para avaliar a gravidade e a escala de atividades de vida diária de Schwab e England o grau de dependência. Informações a respeito do perfil socioeconômico, do uso de medicamentos, presença de comorbidades, e história familiar dos pacientes e do grupo controle, foram obtidas através de uma entrevista por meio de um questionário estruturado desenvolvido pelos autores. Avaliação cognitiva foi feita através do Mini-exame do Estado Mental, da FAB e da SCOPA-cog. Presença de transtornos neuropsiquiátricos, incluindo transtorno de humor, obsessivo-compulsivo, ansiedade, psicose, transtorno de personalidade antissocial, dependência/abuso de álcool, e substâncias psicoativas foram triadas pelo MINI-PLUS. A Escala de Depressão Geriátrica e Inventário de Depressão de Beck foram usados para avaliar a presença de transtorno de humor. O diagnóstico de SDD, de TCI e de punding foi feito baseado em critérios clínicos, após a aplicação do Minnesota Impulsive Disorders Interview. Pacientes com e sem os transtornos compulsivo-impulsivos foram inicialmente comparados entre si, e posteriormente com o grupo controle. Foi feita uma estatística descritiva para obter as características da população estudada e a prevalência das variáveis descritas. O teste exato de Fisher e o teste t-student foram usados para análise univaridada da associação entre as variáveis. Todas as variáveis independentes com nível de significância de 0,80 (p<0,20) foram testadas para a regressão logística e o nível de significância foi considerado com p<0,05. Resultados: TCI foi identificado em 16,9% dos pacientes com DP (compulsões por compras em 7,7%, compulsão alimentar em 6,7%, transtorno do jogo em 5,8%, hipersexualidade em 4,3%; mais de um TCI em 5,8%); punding em 5,3%, e SDD em 3,4%. A frequência de transtorno de controle de impulsos no grupo controle foi de 15,2%. (p = 0,631). Punding foi mais frequente na DP (p = 0,028). No entanto, TCI foi mais frequente em pacientes com DP que tomavam agonista dopaminérgicos do que nos pacientes que não os tomavam (p = 0,001) e do grupo controle (p = 0,014). TCI foi mais comum em pacientes em uso de agonista dopaminérgico, sobretudo se em uso de altas doses (aumento do risco em 23% para cada incremento na dose de 0,25mg). Variáveis adicionais associadas ao TCI foram: antecedente de transtorno do jogo (p<0,001), diagnóstico de transtorno de personalidade antissocial (p=0,019), SDD (p=0,015), incapacidade moderada (50%-70%) medida pela Schwab and England (p=0,002); fluência semântica diminuída (p=0,002), e melhor desempenho no teste dos dígitos expandidos inversos (p=0,002). História familiar de DP diminuiu o risco de TCI (p=0,013). Punding esteve associado a não ser casado (p=0,004), tabagismo atual ou prévio (p=0,009), duração da discinesia (p=0,02), transtorno de personalidade antissocial (p=0,006), e incapacidade moderada (50%-70%) medida pela Schwab and England (p=0,005). SDD esteve associada a discinesias (p=0,020), e transtorno psicótico (p=0,022). Conclusões: Os transtornos impulsivo-compulsivos não são incomuns em pacientes com DP. TCI ocorrem numa frequência similar à relatada em muitos outros estudos feitos na DP. Parecem estar principalmente relacionados à predisposição genética e pessoal do paciente. Antecedentes de transtorno do jogo anteriormente ao início da DP, transtorno de personalidade antissocial e algumas características neuropsicológicas (fluência semântica diminuída, e melhor desempenho no teste dos dígitos expandidos invertidos) foram características relacionadas ao desenvolvimento TCI na DP. A história familiar de DP foi inversamente associada ao desenvolvimento do transtorno. Como muitos outros estudos, o uso de agonistas dopaminérgicos também foi muito importante no desenvolvimento do transtorno, e pareceu haver um efeito relacionado à dose. Tomados em conjunto, esses resultados sugerem que as anormalidades comportamentais subclínicas são tão frequentes na DP quanto na população geral. A exposição às drogas dopaminérgicas, como pramipexol e outros agonistas, poderia transformar um traço de personalidade e comportamentos disfuncionais subclínicos em um transtorno clinicamente relevante Diferentemente do TCI, punding e SDD parecem estar mais relacionados às alterações patológicas observadas com a evolução da DP. Ambos estão muito associados às discinesias, o que sugeriria mecanismo fisiopatológico comum.
Abstract: Introduction: Pharmacological treatment of Parkinson's disease (PD) is primarily symptomatic. Dopaminergic therapy may induce undesirable effects. In recent years, behavioral changes characterized by impulsivity (impulse control disorder - ICD), repetitive unintentional behaviors (punding) and compulsive use of dopaminergic medication in doses above the therapeutic need, with symptoms of intoxication and hypomanic state (Dopaminergic Dysregulation Syndrome - SDD), have been described. These conditions have clinical and pathophysiological similarities with substance abuse disorders and may be considered as behavioral addiction disorders related to the use of levodopa or dopaminergic agonists. Its pathophysiology is still not fully understood, but it seems to be related to abnormal dopaminergic stimulation in the ventral regions of the basal nuclei, mainly by the nigro-mesolimbic pathways. Objective: The aim of this study was to verify the prevalence in PD patients of ICD (and its most frequent types), SDD, and punding; the associated clinical and demographic factors, including severity, disability; relationships with other neuropsychiatric disorders, socioeconomic factors, and use of dopaminergic drugs. Methods: A case-control study was carried out in 207 PD patients consecutively admitted at the neurology outpatient clinic of SARAH Rehabilitation Hospitals in Belo Horizonte and Rio de Janeiro. A control group was composed of 230 family members or caregivers of patients undergoing treatment at the neurological rehabilitation program in the same hospitals. UPDRS was used to evaluate PD clinical aspects. The Hoehn & Yahr scale was used to assess the severity, and of Schwab and England scale of daily living activities, the disability. Information regarding the socioeconomic profile, drug use, comorbidities, and family history of the patients and the control group were obtained through an interview using a structured questionnaire developed by the authors. Cognitive evaluation was using Mini-Mental State examination, FAB, and SCOPA-cog. Presence of neuropsychiatric disorders, including mood disorder, obsessive-compulsive disorder, anxiety, psychosis, antisocial personality disorder, alcohol dependence/abuse, and psychoactive substances addiction were screened by MINI-PLUS. The Geriatric Depression Scale and Beck Depression Inventory were used to assess the presence of mood disorder. The diagnosis of SDD, ICD and punding was made based on clinical criteria, after application of the Minnesota Impulsive Disorders Interview for screening. Patients with and without compulsive-impulsive disorders were initially compared to each other, and later to the control group. A descriptive statistic was made to obtain the characteristics of the study population and the prevalence of the described variables. Fisher's exact test and the t-student test were used for univariate analysis of the association between variables. All independent variables with a significance level of 0.80 (p <0.20) were tested for logistic regression and the level of significance was considered at p <0.05. Results: ICD was identified in 16.9% of the patients (compulsive buying in 7.7%, binge eating in 6.7%, gambling disorder in 5.8%, hypersexuality in 4.3%, more than one ICD in 5.8%); Punding in 5.3%, and SDD in 3.4%. The frequency of ICD in the control group was 15.2%. (p = 0.631). Punding was more frequent in PD (p = 0.028). However, ICD was more frequent in patients with PD who took dopaminergic agonists than in patients who did not take them (p = 0.001) and in the control group (p = 0.014). ICD was more common in patients taking dopaminergic agonist, especially if they were taking high doses (the estimated risk of ICD increases about 23% to each pramipexole 0.25 mg tablet). Additional variables associated with ICD were: antecedent of gambling disorder (p <0.001), antisocial personality disorder (p = 0.019), SDD (p = 0.015), moderate disability (50% -70%) as measured by Schwab and England activities of daily living scale (p = 0.002); low semantic fluency (p = 0.002), and better performance in the backward digit span (p = 0.002). Family history of PD decreased the risk of ICD (p = 0.013). Punding was associated with unmarried state (p = 0.004), current or previous smoking (p = 0.009), increasing dyskinesias duration (p = 0.02), antisocial personality disorder (p = 0.006), and moderate disability (50% -70%) as measured by Schwab and England activities of daily living scale (p = 0.005). SDD was associated with dyskinesias (p = 0.020), and psychotic disorder (p = 0.022).
Subject: Doença de Parkinson
Transtorno da Compulsão Alimentar
Transtornos Relacionados ao Uso de Substâncias
Estudos de Casos e COntroles
Jogo de Azar
Transtornos Disruptivos de Controle do Impulso e da Conduta
language: Português
Publisher: Universidade Federal de Minas Gerais
Publisher Initials: UFMG
Rights: Acesso Aberto
URI: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-B4YJEY
Issue Date: 20-Apr-2018
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