Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-BALLR4
Tipo: Tese de Doutorado
Título: n Kaok - Mulheres Fortes: uma etnografia das práticas e saberes extra-ordinários das mulheres tikmn maxakali
Autor(es): Claudia Magnani
Primeiro Orientador: Ana Maria Rabelo Gomes
Resumo: Na etnologia indígena ameríndia, certo fascínio pelo exótico e por grandes temas como a guerra e o ritual tem proporcionado um sistemático desinteresse pela domesticidade e pelo cotidiano (OVERING, 1999), sendo estes domínios identificados (às vezes desqualificados) como dimensões do familiar, do profano, do ordinário; ou seja, despidos de mais ampla densidade social, simbólica ou cosmológica. Entretanto, essa falha epistemológica revela mais um olhar etnográfico androcêntrico, típico da tradição histórica e cultural ocidental, que uma perspectiva nativa do mundo, construída por suas categorias e elaborações filosóficas. A partir de uma leitura crítica da literatura dedicada aos Tikmn-Maxakali e de uma experiência etnográfica realizada em Aldeia Verde, o presente trabalho tenta desconstruir preconceitos etnográficos e ressignificar as práticas e os conhecimentos femininos. As visitas domiciliares, a comensalidade diária, os cuidados familiares, as redes de parentes e, ainda, a arte de preparar a tinta de urucum, de produzir panelas de barro ou de tecer a fibra de embaúba, fazem parte de uma agência feminina que transcende suas funções meramente utilitárias, fisiológicas ou familiares. Alimentando (ou não) parentes, estando juntas ou se separando, tecendo a fibra ou queimando o barro, as mulheres produzem, garantem ou ameaçam a socialidade entre humanos e, ao mesmo tempo, as relações com os espíritos-yãmyxop (e as inúmeras subjetividades que compartilham seu mundo). Embora liminares, periféricos, domésticos, os atos cotidianos das mulheres tikmn se revelam divergentes, mas não opostos, nem menos importantes, dos atos masculinos, sendo igualmente fundamentais para a manutenção dos mundos ordinário e extraordinário, não sendo estes disjuntos. Finalmente, oposições como cotidiano versus ritual, homens versus mulheres e privado versus político deixam de fazer sentido, cedendo o lugar a relações de contiguidade e complementariedade, mais apropriadas para traduzir as dimensões fluidas, compartilhadas, ambivalentes e mais maleáveis da experiência nativa
Abstract: On Amerindian ethnology, an awe towards the exotic and for great themes such as war and ritual led to a systematic lack of interest on domesticity and daily life (OVERING, 1999), as those domains are identified (sometimes even disqualified) as familiar, profane, ordinary; thus, without greater social, symbolic or cosmological density. However, this epistemological glitch is more revealing of an androcentric ethnographical gaze, typical of the Western historical and cultural tradition, than of a native perspective of the world, built on their philosophical framings and categories. By means of a critical reading of the studies on the Tikmn-Maxakali and an ethnographic experience carried out at the village of Aldeia Verde, this work aims to deconstruct ethnographic prejudices and to resignify female practices and knowledges. The home visits, the daily commensality, the family care, the kinship networks, as well as the urucum paint preparation, clay pots making or embaúba fiber weaving crafts are part of a female agency that transcends mere utilitarian, physiological of family caring functions. Feeding (or not) their relatives, being together or apart, weaving the fiber or burning the clay, the women product, assure or threat the sociality among humans and, at the same time, the relations with the yãmyxop-spirits (and the countless subjectivities that share their world). Although liminal, peripheral, domestic, daily tikmn womens acts are divergent but not opposite or less important than mens acts. They are equally vital to the maintenance of the ordinary and extraordinary worlds, which are not disjoint ones. Finally, oppositions like daily life versus ritual, men versus women and private versus political became meaningless, giving way to relations of contiguity and complementarity, more appropriated ways to translate the fluid, shared, ambivalent and malleable dimensions of native experience
Assunto: Índios Maxakali
Índios da América do Sul Mulheres
Educação
Índios Educação
Índios Maxakali Ritos e cerimônias
Índios Maxakali Etnologia
Índios Maxakali Usos e costumes
Antropologia educacional
Idioma: Português
Editor: Universidade Federal de Minas Gerais
Sigla da Instituição: UFMG
Tipo de Acesso: Acesso Aberto
URI: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-BALLR4
Data do documento: 30-Ago-2018
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