O impacto da doença mineral óssea após o transplante renal no risco de fratura, disfunção do enxerto, ritmo de filtração glomerular e mortalidade

Descrição

Tipo

Dissertação de mestrado

Título alternativo

Primeiro orientador

Membros da banca

Maria Marta Sarquis Soares
Maria Goretti Moreira Guimarães Penido
Marcio Weissheimer Lauria
Rosa Maria Affonso Moysés

Resumo

Introdução: A doença mineral e óssea da doença renal crônica (DMO-DRC) contribui para a elevada morbimortalidade do paciente portador de DRC. O transplante renal (TxR) é a melhor opção de terapia renal substitutiva, mas não a reverte completamente. Objetivos: Analisar o impacto da DMO-DRC em desfechos clínicos após o TxR, avaliar o comportamento dos parâmetros bioquímicos do metabolismo mineral e ósseo e a prevalência de distúrbios minerais ao longo do período de 12 meses antes a 12 meses após o TxR. Métodos: Trata-se de coorte retrospectiva de pacientes dialíticos submetidos a transplante renal entre 2008 a 2018 na Santa Casa de Belo Horizonte. As variáveis do metabolismo mineral e ósseo estudadas foram cálcio, fósforo, paratormônio (PTH), vitamina D e fosfatase alcalina (FA). Os desfechos analisados foram fratura, perda do enxerto renal, ritmo de filtração glomerular (RFG) no primeiro ano pós- TxR e óbito. Resultados: Houve aumento significativo da calcemia e redução da fosfatemia e dos níveis de PTH no primeiro ano após o TxR. Nos primeiros 6 meses pós-TxR, a prevalência de hipercalcemia foi de 16% e de hipofosfatemia de 45%. Cinquenta e dois por cento dos pacientes apresentaram hiperparatireoidismo persistente no primeiro ano pós-TxR. A FA pré- TxR foi significativamente menor no grupo que sofreu fratura. Nenhuma variável estudada foi associada ao desfecho perda do enxerto renal. O RFG foi significativamente maior no grupo de pacientes que tinha valores de cálcio < 8,5 mg/dl no período pós-TxR (0 a 3 meses) quando comparado ao grupo com cálcio entre 8,5 e 10,5 mg/dl. Pacientes do grupo com PTH pós-TxR (0 a 6 meses) < 150 pg/ml possuíam RFG significativamente maior em relação ao grupo com PTH > 300 pg/ml. O grupo que evoluiu a óbito tinha níveis significativamente menores de PTH pré-TxR. Na análise multivariada, nenhum parâmetro do metabolismo mineral e ósseo se associou a fratura, perda do enxerto renal e óbito. Discussão: Apenas cerca de 15% dos pacientes avaliados possuíam dados do metabolismo mineral e ósseo no período pós-TxR. Houve aumento da calcemia e redução da fosfatemia e do PTH sérico nos primeiros meses pós- TxR, refletindo, entre outros fatores, a restauração da função renal em um meio com níveis relativamente elevados de PTH. A associação do cálcio e do PTH pós-TxR com o RFG provavelmente reflete o efeito do enxerto funcionante sobre essas variáveis e não o contrário. Os resultados da análise multivariada para os desfechos fratura, perda do enxerto renal e óbito mostram que os marcadores da DMO-DRC estudados não explicam esses desfechos. Conclusão: Apesar da alta morbimortalidade associada a DMO-DRC, os parâmetros disponíveis de rotina para seu diagnóstico não explicaram desfechos graves no paciente transplantado renal, indicando que existem diversos outros fatores relacionados ao TxR que contribuem para esses desfechos, além da necessidade de outros marcadores para melhor abordagem da doença mineral e óssea.

Abstract

Introduction: Chronic kidney disease - mineral and bone disorder (CKD-MBD) contributes to the high morbimortality of patients with CKD. Kidney transplantation (KTx) is the optimal form of renal replacement therapy; however, it does not completely reverse CKD-MBD. Objectives: To analyze the impact of CKD-MBD on clinical outcomes after TxR. To evaluate the evolution of biochemical parameters of mineral and bone metabolism and the prevalence of mineral disorders over the period from 12 months before through the first year after KTx. Methods: This is a retrospective cohort of dialysis patients undergoing kidney transplantation between 2008 and 2018 at Santa Casa de Belo Horizonte. The variables of mineral and bone metabolism studied were calcium, phosphorus, parathyroid hormone (PTH), vitamin D and alkaline phosphatase (AP). The outcomes were fracture, graft failure, glomerular filtration rate (GFR) in the first year after KTx and death. Results: There was a significant increase in calcemia and a reduction in phosphatemia and in PTH levels in the first year after KTx. Six months after KTx, rates of hypercalcemia and hypophosphatemia were 16% and 45%, respectively. Fifty-two percent of patients had persistent hyperparathyroidism in the first year of KTx. AP levels before KTx were significantly lower in the group that suffered fracture. No variable studied was associated with graft failure. The GFR was significantly higher in the group of patients who had calcium levels < 8.5 mg/dl in the post-KTx period (0 to 3 months) when compared to the group with calcium between 8.5 and 10.5 mg/dl. The group of patients with post-KTx PTH levels (0 to 6 months) < 150 pg/ml had significantly higher GFR compared with the group with PTH levels > 300 pg/ml. The group that died had significantly lower levels of pre-KTx PTH. In the multivariate analysis, no parameter of bone and mineral metabolism was associated with fracture, graft failure and death. Discussion: Only about 15% of the evaluated patients had data on mineral and bone metabolism after KTx. There was an increase in calcemia and a reduction in phosphatemia and in serum PTH in the first months after KTx, reflecting, among other factors, the restoration of renal function and high levels of PTH. The association between calcium and PTH after KTx with GFR probably reflects the effect of the functioning graft on these variables and not the opposite. The multivariate analysis showed that CKD-MBD markers do not explain fracture, graft failure and death. Conclusions: Despite the high morbimortality associated with CKD-MBD, routine biochemical parameters available for its diagnosis did not explain serious outcomes in kidney transplant patients, indicating that there are several other factors that contribute to these outcomes. In addition, there is a need for other markers for a better approach of CKD-MBD.

Assunto

Distúrbio Mineral e Ósseo na Doença Renal Crônica, Transplante de Rim, Fraturas Ósseas, Insuficiência Renal Crônica, Dissertação Acadêmica

Palavras-chave

Doença renal crônica, Transplante renal, Doença mineral e óssea, Hiperparatireoidismo

Citação

Endereço externo

Avaliação

Revisão

Suplementado Por

Referenciado Por

Licença Creative Commons

Exceto quando indicado de outra forma, a licença deste item é descrita como Acesso aberto