Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/1843/59688
Type: Dissertação
Title: Informação, mídia e ciência em aulas de Biologia: uma análise de eventos de letramento em uma turma do 1° ano do ensino médio
Other Titles: Information, media and science in Biology classes: analysis of literacy events in a 1st year high school class
Authors: Ludmila Fernandes Kelles
First Advisor: Luiz Gustavo Franco Silveira
First Referee: Nathan Willig Lima
Second Referee: Fernando César Silva
Abstract: A presente pesquisa teve como objetivo analisar como estudantes de uma turma do 1˚ ano do Ensino Médio constroem, discursivamente, relações entre mídia, ciência e informação em aulas de Biologia. Motivados pelo aumento crescente de desinformações relacionadas à ciência, questões têm se colocado frente à educação científica contemporânea, como o uso de diferentes letramentos – informacional, midiático, transmídia e científico – no contexto escolar. Poucos estudos têm como foco a educação básica, principalmente no que se refere ao cotidiano da sala de aula. Nesse contexto se insere nossa pesquisa, desenvolvida por meio da observação participante de aulas de Biologia de uma turma de Ensino Médio e orientada por uma lógica de pesquisa etnográfica. As aulas foram registradas em gravações de vídeo e anotações em cadernos de campo, além da coleta de artefatos, como atividades realizadas pelos estudantes e materiais usados nas aulas. Os dados obtidos foram analisados sob uma ótica macroscópica por meio da construção de quadros de aulas que nos permitiram uma visão ampla de eventos de letramento ao longo da trajetória da turma, de modo a selecionar aqueles com maior potencial analítico. Através da identificação de rich points, selecionamos uma aula específica e três eventos que nela ocorreram para ancorar nossas análises microscópicas. Esses eventos âncora foram transcritos em unidades de mensagens e analisados à luz da microetnografia. Os resultados obtidos orientaram nosso olhar para outros eventos no cotidiano da turma ao longo do ano letivo por meio de uma análise contrastiva. Nossos resultados indicam que os alunos explicitaram a mídia como um agente que pode refratar e/ou refletir o que eles consideram como ciência. Eles identificaram situações em que a mídia refratou a ciência, por meio de diferentes mecanismos: uso de dados desatualizados, extrapolação de conclusões, ocultação e/ou distorção de informações com diferentes motivações (e.g. econômicas, políticas). E, ainda, situações em que a mídia pode atuar como um agente que reflete a ciência: quando ela faz um uso adequado da informação científica, podendo estimular comportamentos alinhados à ciência ou agir como um veículo de divulgação científica ou meio de checagem de informação. Relações intertextuais e intercontextuais mobilizadas pelos estudantes indicaram, ainda, o papel das fontes na análise das mídias, bem como de informações relacionadas à ciência. Ao longo dos eventos da história da turma, os estudantes modificaram a forma como analisavam tais fontes. Com orientação do professor, passaram a desenvolver análises mais complexas das fontes (quem era a fonte, motivações relacionadas à informação, possíveis conflitos de interesse) como uma forma de avaliar a credibilidade de uma informação, incluindo aquelas procedentes da própria ciência. Nosso estudo indica a possibilidade de se trabalhar com questões relacionadas à desinformação mesmo em atividades que não abordem especificamente o tema e de se promover confluências de diferentes letramentos em discussões desse tipo. Destaca-se, ainda, a relevância da mediação do professor nessas discussões, bem como o protagonismo dos estudantes nesse tipo de atividade. Os resultados corroboram propostas pedagógicas que visam uma “desmonumentalização” da ciência em sala de aula e a construção de uma confiança equilibrada na informação científica. Outros estudos, no entanto, são necessários em diferentes contextos da educação básica, especialmente aqueles com foco no cotidiano da sala de aula.
Abstract: The objective of this research is to analyze how high school students built, discursively, relationships between media, science and information in Biology lessons. Motivated by the increasing amount of misinformation related to science, several issues have been raised and facing contemporary science education, such as the use of different literacies – information, media, transmedia and scientific – in school context. Few studies focus on basic education, especially with regard to everyday life in the classroom. Our research is part of this context, developed through participant observation of Biology lessons of a high school class and guided by an ethnographic logic of research. Lessons were recorded in video, field notes and artifacts were collected, such as activities carried out by students and materials used in lessons. Data were analyzed from a macroscopic perspective through the construction of charts that allowed us a broad view of literacy events along the classroom trajectory, in order to select those with greater analytical potential. Through the identification of rich points, we selected three events to anchor our microscopic analyses. These anchor events were transcribed into message units and analyzed according to microethnography. The first results obtained guided our look towards other events in the class's daily life throughout the school year. These events were investigated through a contrastive analysis. Our results indicate that students evidenced the media as an agent that can refract and/or reflect what they consider as science. They identified situations in which the media refracted science, through different mechanisms: use of outdated data, extrapolation of conclusions, concealment and/or distortion of information with different motivations (e.g. economic, political). And, also, situations in which the media can act as an agent that reflects science: when it makes adequate use of scientific information, being able to stimulate behaviors aligned with science or act as a vehicle for scientific communication or a tool for checking information. Intertextual and intercontextual relations mobilized by the students also indicated the role of sources in the analysis of media, as well as information related to science. Throughout the events of the class history, students modified the way they analyzed such sources. Through teacher mediation, they began to develop more complex analyzes of the sources (who was the source, motivations related to the information, possible conflicts of interest) as a way of assessing the credibility of information, including those coming from science itself. Our study indicates the possibility of working with issues related to misinformation even in activities that do not specifically address this matter and promotion of confluences between different literacies. The relevance of teacher mediation in these discussions is also highlighted, as well as the protagonism of students in this type of activity. The results corroborate pedagogical proposals that aims at the “demonumentalization” of science in classroom and the construction of balanced trust in scientific information. Other studies, however, are needed in different contexts of basic education, especially those focusing on everyday classroom life.
Subject: Educação
Biologia - Estudo e ensino
Biologia - Métodos de ensino
Recursos informacionais
Desinformação
Informação tecnológica
Mídia - Educação
Letramento digital
language: por
metadata.dc.publisher.country: Brasil
Publisher: Universidade Federal de Minas Gerais
Publisher Initials: UFMG
metadata.dc.publisher.department: FAE - FACULDADE DE EDUCAÇÃO
metadata.dc.publisher.program: Programa de Pós-Graduação em Educação - Conhecimento e Inclusão Social
Rights: Acesso Aberto
URI: http://hdl.handle.net/1843/59688
Issue Date: 30-Mar-2023
Appears in Collections:Dissertações de Mestrado

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