Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/1843/67497
Type: Dissertação
Title: Entre o cuidado como profissão e o cuidado como obrigação : uma análise a partir de relatos de vida de babás que são mães de crianças pequenas em Belo Horizonte e Região Metropolitana
Other Titles: Between care as a profession and care as an obligation : an analysis based on life stories from nannies who are mothers of young children in Belo Horizonte and the Metropolitan Region
Authors: Letícia Amédée Péret de Resende
First Advisor: Yumi Garcia dos Santos
First Referee: Leandro de Oliveira
Second Referee: Renata Faleiros Camargo Moreno
Abstract: O objetivo deste trabalho é analisar como o cuidado de crianças pequenas atravessa a vida de mulheres que, além de trabalharem como babás, são mães de crianças pequenas. Busco esmiuçar a situação particular em que se encontram e, para isso, recorro à abordagem etnossociológica de pesquisa, tendo como fonte de dados os relatos de vida de seis mulheres ocupadas como babás em Belo Horizonte ou Região Metropolitana, e têm pelo menos um filho com até dez anos de idade. Para fundamentar a análise, resgato debates teóricos a respeito dos elementos que constituem as relações de cuidado e aporto as especificidades das relações de cuidado de crianças pequenas. Adicionalmente, discorro sobre o cuidado como obrigação, como profissão e como ajuda, adentrando as dimensões sociais, históricas e políticas que os constituem. Os relatos coletados reiteram a multiplicidade de experiências femininas diante da maternidade e são perpassados por esforços pela não repetição das violências e carências vividas na infância. A gravidez como ocorrência não planejada marca as experiências dessas mulheres que, para o cuidado dos filhos, contam com redes de apoio notadamente femininas, com a presença de suas mães. A ausência dos pais biológicos é regra e as creches têm um papel importante para que retornem ao mercado de trabalho. Rotinas exaustivas convivem com preocupações com a garantia do sustento dos filhos e com violências que podem sofrer, sendo a condição financeira das informantes e o pouco tempo livre barreiras fundamentais à realização do cuidado que idealizam. É recorrente a percepção de que cuidam melhor dos filhos dos patrões do que de seus próprios, e sentimentos de culpa são comuns, atestando a permanência da força dos ideais de maternidade e de feminilidade hegemônicos. Para a maioria das informantes, o trabalho como babá é visto como a única opção de sustento, e para uma delas é o meio que encontrou para alcançar seu objetivo maior de viver fora do país. É parte da função dessas trabalhadoras atender às várias necessidades das crianças, mas, mais do que atendê-las, importa o modo como o fazem, sendo que divergências entre o que a babá e a família da criança entendem como apropriado são o principal motivo de tensionamentos na relação entre empregada e empregadores. A ambiguidade do trabalho de cuidados é patente nos relatos das informantes: quando exercem com remuneração, como babás, o afeto pelas crianças e, eventualmente, pelos patrões, convive com relações injustas de trabalho, situações de desrespeito, violências, exaustão, e com a insensibilidade de alguns patrões diante das urgências dos filhos das trabalhadoras, com consequências em suas vidas pessoais e maternidades; quando exercem sem remuneração, como mães, ambivalências emergem quando o afeto pelos filhos e o desejo de estudar e conquistar melhores posições profissionais, para dar exemplo às crianças, convivem com a culpa, a exaustão, a mudança nem sempre desejada de planos de vida, o agravamento das necessidades financeiras para sustento de outros seres, eventuais adoecimentos mentais e anulações de vontades pessoais para dar conta do cuidar.
Abstract: The objective of this work is to analyze how the care of young children permeates the lives of women who, in addition to working as nannies, are mothers of young children themselves. I aim to delve into their specific situation, using an ethnosociological research approach and drawing on life stories from six women working as nannies in Belo Horizonte (or its Metropolitan Region), each of whom has at least one child under the age of ten. To support the analysis, I draw on theoretical debates regarding the elements that constitute care relationships and highlight the specificities of caring for young children. Additionally, I discuss care as an obligation, a profession, and assistance, delving into the social, historical, and political dimensions that shape these relationships. The collected narratives reaffirm the multiplicity of female experiences in relation to motherhood and are permeated by efforts to avoid replicating the violence and lack they experienced in their own childhoods. Unplanned pregnancies mark the experiences of these women, who rely on predominantly female support networks, often with the presence of their own mothers, to care for their children. The absence of biological fathers is the norm, and daycare centers play an important role in enabling these women to return to the job market. Exhausting routines coexist with concerns about ensuring their children's livelihoods and with the violences they may face. The financial condition of the narrators and their lack of free time are fundamental barriers to achieving the idealized care they envision. It is a recurring perception that they take better care of their employers' children than their own, and feelings of guilt are common, attesting to the enduring influence of hegemonic ideals of motherhood and femininity. For most of the narrators, working as a nanny is seen as the only option for their livelihood, while for one of them, it is a means to achieve her ultimate goal of living abroad. It is part of these workers' role to meet the various needs of the children, but more important than meeting these needs is the way in which they do so. Disagreements between the nanny and the child's family regarding what is deemed appropriate are the main source of tension in the employee-employer relationship. The ambiguity of care work is evident in the narrators' accounts: when they engage in paid caregiving as nannies, their affection for the children and, at times, for their employers coexist with unfair working conditions, instances of disrespect, violence, exhaustion, and the insensitivity of some employers toward the workers' children's urgent needs, with consequences for their personal lives and motherhood. When they care without remuneration, as mothers, ambivalences arise as affection for their children and the desire to study and achieve better professional positions, as examples for their children, coexist with guilt, exhaustion, unwanted changes in life plans, increased financial needs to support others, potential mental health issues, and the suppression of personal desires to fulfill their caregiving responsibilities.
Subject: Sociologia - Teses
Trabalho - Teses
Empregados domésticos - Teses
Maternidade - Teses
language: por
metadata.dc.publisher.country: Brasil
Publisher: Universidade Federal de Minas Gerais
Publisher Initials: UFMG
metadata.dc.publisher.department: FAF - DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA
metadata.dc.publisher.program: Programa de Pós-Graduação em Sociologia
Rights: Acesso Aberto
metadata.dc.rights.uri: http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/pt/
URI: http://hdl.handle.net/1843/67497
Issue Date: 12-Jul-2023
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