A feminização da pobreza advinda da divisão sexual do trabalho: uma análise da desigualdade social no Brasil pela perspectiva de gênero e raça

Carregando...
Imagem de Miniatura

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Editor

Universidade Federal de Minas Gerais

Descrição

Tipo

Dissertação de mestrado

Título alternativo

The feminization of poverty arising from the sexual division of labor: an analysis of social inequality in Brazil from the perspective of gender and race

Primeiro orientador

Membros da banca

Lívia Mendes Moreira Miraglia
Flávia Souza Máximo Pereira

Resumo

A feminização da pobreza é um fenômeno citado pela primeira vez em 1978, pela socióloga norte-americana Diane Pearce, que buscava retratar a tendência de aumento na proporção de mulheres entre a população mais pobre, bem como o aumento de famílias chefiadas por mulheres, nos Estados Unidos (IPEA, 2005). Mesmo com a percepção empírica da feminização da pobreza, as origens e estruturas do fenômeno no Brasil não são profundamente investigadas. Por isso, essa dissertação busca investigar a existência da feminização da pobreza no Brasil, analisando a relação com a divisão sexual do trabalho, pela perspectiva interseccional de raça e gênero. A divisão sexual do trabalho designa às mulheres atividades que são desvalorizadas e sobrecarregam sua rotina, interferindo na experiência dentro do mercado de trabalho, o que resulta na experiência de pobreza mais agravada. Esse desequilíbrio nas atividades reprodutivas, interfere a busca pela igualdade de todos sujeitos marginalizados (Hirata, 2004), refletindo as hierarquias patriarcais, capitalistas e coloniais que organizam a sociedade. A pesquisa justifica-se pela necessidade de compreender o contexto da pobreza feminina intergeracional que sobrecarrega e prejudica as mulheres e repercute em desigualdades sociais e econômicas para toda sociedade, principalmente à classe trabalhadora. A metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica dos textos sobre feminização da pobreza e desigualdade de gênero no contexto brasileiro, bem como dos principais documentos institucionais nacionais e internacionais que tratassem sobre o tema. Também foram revisados textos sobre a divisão sexual do trabalho e os principais parâmetros atuais sobre a pobreza. Além disso, foi realizada a análise de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e disponibilizados pelo Poder Executivo Federal sobre rendimentos, ocupação e serviços domésticos, em busca de analisar os principais grupos que estão entre os mais pobres no Brasil. Para este mesmo fim, também analisou-se a política e os dados do Programa Bolsa Família e o CadÚnico, levando em consideração a relevância de ambos para o combate à pobreza no Brasil. Com isso, conclui-se que a feminização da pobreza existe e prejudica principalmente mulheres negras, que pela herança colonial e escravocrata são as principais responsáveis pela realização do trabalho reprodutivo, que é desvalorizado sistematicamente para marginalizá-las e subordiná-las.

Abstract

The feminization of poverty is a phenomenon that was first mentioned in 1978 by American sociologist Diane Pearce, who sought to portray the trend towards an increase in the proportion of women among the poorest population, as well as the increase in female-headed households in the United States (IPEA, 2005). Even with the empirical perception of the feminization of poverty, the origins and structures of the phenomenon in Brazil have not been deeply investigated. For this reason, this dissertation seeks to investigate the existence of the feminization of poverty in Brazil, analysing the relationship with the sexual division of labour, from the intersectional perspective of race and gender. The sexual division of labor assigns women activities that are devalued and overload their routine, interfering with their experience in the labor market, which results in a more aggravated experience of poverty. This imbalance in reproductive activities interferes with the search for equality for all marginalized subjects (Hirata, 2004), reflecting the patriarchal, capitalist and colonial hierarchies that organize society. The research is justified by the need to understand the context of intergenerational female poverty, which burdens and harms women and has repercussions on social and economic inequalities for society as a whole, especially for the working class. The methodology used was a bibliographical review of texts on the feminization of poverty and gender inequality in the Brazilian context, as well as the main national and international institutional documents dealing with the issue. Texts on the sexual division of labor and the main current parameters on poverty were also reviewed. In addition, data from the Brazilian Institute of Geography and Statistics and made available by the Federal Executive Branch on income, occupation and domestic services were analyzed in order to identify the main groups that are among the poorest in Brazil. To this same end, the policy and data of the Bolsa Família Program and CadÚnico were also analyzed, taking into account the relevance of both to the fight against poverty in Brazil. The conclusion is that the feminization of poverty exists and mainly harms black women, who, due to their colonial and slave heritage, are mainly responsible for carrying out reproductive work, which is systematically devalued in order to marginalize and subordinate them.

Assunto

Direito do trabalho, Trabalho feminino, Divisão do trabalho por sexo, Mulheres - Condições sociais

Palavras-chave

Feminização da pobreza, Gênero, Raça, Interseccionalidade, Divisão sexual do trabalho

Citação

Endereço externo

Avaliação

Revisão

Suplementado Por

Referenciado Por