Use este identificador para citar o ir al link de este elemento: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-A3YGUL
Tipo: Tese de Doutorado
Título: O ensino de permacultura na educação do campo: circulação de sentidos entre ciência e experiência
Autor(es): Marilia Carla de Mello Gaia
primer Tutor: Maria Emilia Caixeta de Castro Lima
primer Co-tutor: Andrea Horta Machado
primer miembro del tribunal : Maria Isabel Antunes Rocha
Segundo miembro del tribunal: Helder de Figueiredo e Paula
Tercer miembro del tribunal: Joao Wanderley Geraldi
Cuarto miembro del tribunal: Junia Freguglia Machado Garcia
Resumen: Nessa tese investigo a tensão entre os conhecimentos de ciências naturais e os saberes da experiência que emergem da vida no campo. Procurei compreender modos de aproximação dos discursos da ciência e da experiência e extrair lições para a minha prática como docente no curso de Licenciatura em Educação do Campo na habilitação em Ciências da Vida e da Natureza, bem como para as minhas demais atividades de professora e militante no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Para tanto, refiz o percurso de vários outros autores e autoras que trabalham com a Investigação Narrativa. Narrei um conjunto de aulas de Permacultura de um curso para trabalhadores do campo ministradas por um outro militante do MST, aqui denominado Francisco. Em função da complexidade da discussão e da singularidade do sujeito dessa pesquisa, busquei diferentes autores para me ajudar a narrar, pensar e analisar a versão da aula que apresento no texto. Coloco em diálogo a experiência dele com a que emerge do meu próprio trabalho. Fiz um esforço de construir um diálogo entre ciência e experiência. Tomando a distinção elaborada por Michel Foucault entre conhecimento e saberes e a caracterização dos modos de pensamentos paradigmático e narrativo de Jerome Bruner estabeleci um recorte entre os saberes da experiência e o conhecimento científico presentes igualmente no campo e na academia. A narrativa das aulas de Permacultura foi então analisada pela circulação de sentidos da ciência e da experiência entre culturas diferentes. Utilizei Carlo Ginzburg e Mikhail Bakhtin como referências para discutir a circularidade cultural. A partir da discussão sobre linguagem, alteridade e dialogia/diálogo desenvolvida por Bakhtin e Paulo Freire em diferentes momentos e contextos, bem como por outros autores que neles se inspiraram, como João Wanderley Geraldi, discuto algumas particularidades da aula de Francisco. Boaventura de Sousa Santos também se faz presente na análise da narrativa por ressaltar a necessidade de inclusão de outras vozes/saberes na partilha de significados do mundo. Os saberes que emergem da experiência da vida de Francisco remetem histórias vividas, ouvidas e compartilhadas, de diferentes modos e lugares, ao longo de sua aula. O modo narrativo e o lógico-científico atravessam esse mesmo sujeito, com uma maior intensidade na narratividade, o que trouxe muitos elementos para compreender como os saberes da experiência funcionam e como comparecem na sala de aula do campo. Ao invés de dar exemplos para ensinar, Francisco conta histórias. Mas não são histórias desconexas e fragmentadas. São escolhidas no rico acervo de suas experiências vividas, contribuindo para passar uma moral, um ensinamento, deixar um conselho. Sem prescrever, Francisco remete sempre sua fala aos princípios permaculturais. O central na aula dele não é uma teoria sobre a vida do assentado e da Permacultura na vida dele. A teoria está presente, embora a aula dele esteja orientada essencialmente por um fazer prático, comprometido com a singularidade de cada realidade específica, sem deixar de lado a sua identidade de Sem Terra, militante e agricultor. A aula de Francisco se caracteriza como acontecimento aberto, como narrativa de experiências e como exercício de dialogia e alteridade. Destaca-se no conjunto das aulas a centralidade da prática, o caráter singular e particular de suas histórias e a dimensão coletiva do sujeito. Por meio da voz de Francisco flagro alguns conselhos que ele dá e, então, extraio alguns ensinamentos para o meu trabalho na Educação do Campo e como militante.
Abstract: In this thesis I investigate the tension between the natural science knowledge and the experience know-how that emerges from life in the field. I tried to understand the ways to approximate the science and experience speeches and extract lessons for my practice as a teacher in the Field Education Degree in Life and Natural Science Entitlement, as well as for my other activities as a teacher and a militant in the Landless Workers Movement (MST). Therefore, I retraced the path of many authors that worked with the Narrative Inquiry. I narrated a set of Permaculture classes in a course for field workers ministered by another MST militant, here called Francisco. Because of the complexity of the discussion and singularity of this research subject, I sought different authors to help me narrate, think and analyze the class version which I present in the text. I open a dialogue about his experience with the one that emerges from my own work. I did my best to create a dialogue between science and experience. Considering the distinction elaborated by Michel Foucault between knowledge and know-how and the characterization of the ways of paradigmatic thoughts and narrative of Jerome Bruner, I established a cutout between the experience know-how and the scientific knowledge which are equally present in the field and in the academy. The Permaculture class narrative was then analyzed through the circulation of science senses and experience among difficult cultures. I used Carlo Ginzburg and Mikhail Bakhtin as references to discuss the cultural circularity. Form the discussion about language, alterity and dialogue developed by Bakhtin and Paulo Freire in different moments and contexts, as well as other authors that inspired themselves in them, such as João Wanderley Geraldi, I discussed some class particularities with Francisco. Boaventura de Sousa Santos also makes himself present in the narrative analyzes by highlighting the need to include the other voices/know-how in the sharing of the worlds meaning. The know-how which emerges from Franciscos life experience refers to lived, heard and shared histories, from different places and forms, throughout his class. The narrative way and scientific-logical cross this same subject, with a greater intensity in the narrative, which brought many elements for the understanding how the know-how from experience work, and how they appear in a classroom in the field. Instead of giving examples to teach, Francisco tells histories. But they are not disconnected or fragmented histories. They were chosen from the rich collection of his lifes experiences, contributing to share a moral, a teaching, to leave an advice. Without prescribing, Francisco always refers to the permacultural principles in his speech. The main point in his class is not the theory about the settleds life and the Permaculture in his life. The theory is present although his class is essentially oriented by practice, compromised with the singularity of each specific reality, without putting aside his Landless, militant and agricultural identity. Franciscos class is characterized by an open happening, as experiences narratives and dialogue and alterity exercises. In the set of classes the centrality of practice, the singular and particular character of his histories and the collective dimension of the subject, were the highlighted points. Through Franciscos voice I capture some advice given by him and then extract some lessons for my work in the Field Education as a militant.
Asunto: Aprendizagem experimental
Educação
Permacultura
Sociologia do conhecimento
Educação rural
Ciencia Estudo e ensino
Idioma: Português
Editor: Universidade Federal de Minas Gerais
Sigla da Institución: UFMG
Tipo de acceso: Acesso Aberto
URI: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-A3YGUL
Fecha del documento: 27-feb-2015
Aparece en las colecciones:Teses de Doutorado

archivos asociados a este elemento:
archivo Descripción TamañoFormato 
tese_marilia_gaia_versao_final.pdf1.96 MBAdobe PDFVisualizar/Abrir


Los elementos en el repositorio están protegidos por copyright, con todos los derechos reservados, salvo cuando es indicado lo contrario.