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Type: Dissertação de Mestrado
Title: Agroecossistemas & sociobiodiversidade: territorialidades e temporalidades nos Quilombos do Alagadiço, Minas Novas/MG [travessias...]
Authors: Raphael Fernando Diniz
First Advisor: Maria Aparecida dos S Tubaldini
First Referee: Bernardo Machado Gontijo
Second Referee: Irene Maria Cardoso
Third Referee: Oswaldo Bueno Amorin Filho
Abstract: Vale do Jequitinhonha mineiro: região de marcantes contrastes paisagísticos, econômicos, sociais e culturais. Para uns, Vale da miséria, sinônimo de arcaísmo e atraso socioeconômico. Para outros, Vale da diversidade cultural, de projetos e concepções alternativas de desenvolvimento social e humano. Estas são apenas algumas das distintas e conflitantes visões que acompanham a formação geo-histórica de um Vale que têm se destacado por recorrentes processos de des-re-territorialização de seus povos e comunidades tradicionais. Neste contexto, a pesquisa busca investigar nessa região as estratégias de resistência e re-existência criadas pelos seus sujeitos rurais para o enfrentamento das dificuldades originadas com a invasão de terras. Para isso, o estudo foi realizado em três comunidades negras rurais do Município de Minas Novas: Quilombo, Santiago e São Pedro do Alagadiço, as quais vivenciaram um trágico processo de compressão territorial arquitetado por grileiros, latifundiários e empresas estatais ligadas ao setor siderúrgico. Quase trinta anos após as primeiras invasões, estas comunidades foram reconhecidas como remanescentes de quilombos, fato que se traduziu num importante marco da reterritorialização, material e simbólica, de suas famílias. Para um melhor entendimento desse processo, que qualificamos como desterritorialização camponesa e reterritorialização quilombola, realizamos um estudo acerca das iniciativas realizadas pelos(as) agricultores(as) destes territórios para se manterem no que lhes restou como posse. Ademais, tendo em vista a expressiva diversidade de cultivos presentes em seus quintais agroflorestais, o uso de etnosaberes com fins terapêuticos e a existência de tradicionais manifestações culturais ligadas à musicalidade e religiosidade, buscamos, também, investigar a importância que exercem nas estratégias de resistência e re-existência socioterritorial quilombola. Para isso, recorremos a uma metodologia que se norteou pelo diálogo aberto e participativo com os sujeitos pesquisados, com o uso de técnicas que nos permitiram enxergar o seu mundo através dos óculos pelos quais eles o lêem: Diagnóstico Rural/Rápido Participativo (DRP); histórias de vida; entrevistas semi-estruturadas e a observação e participação em determinadas atividades por eles desenvolvidas. Com efeito, foi possível compreender melhor as territorialidades e temporalidades destes sujeitos, práticas essenciais de sua vivência espaço-temporal e da organização de seus territórios. Após várias pesquisas de campo, entendemos que a resistência e re-existência por eles criadas constituem-se de projetos comunitários para geração de renda, alimentos e organização do trabalho, associados à preservação das manifestações culturais e dos laços solidários e afetivos que conformam suas relações de campesinidade. Quanto aos quintais agroflorestais, destaca-se a notável contribuição exercida durante a territorialização das primeiras famílias destas comunidades, e, mais recentemente, para a conservação de sua sociobiodiversidade. Sociobiodiversidade, a propósito, pouco protegida pela Área de Proteção Ambiental APA das Nascentes do Rio Capivari, unidade de uso sustentável onde se insere todo o território quilombola e que teria por objetivo contribuir para a redução dos crimes ambientais em uma região de importância ecológica singular para o município de Minas Novas. Desse modo, a pesquisa busca elucidar como a formação socioterritorial destes quilombos é permeada por processos históricos de des-re-territorialização, destruição e conservação de sua sociobiodiversidade e pelas práticas e vivências espaço-temporais de seus sujeitos sociais.
Abstract: Vallée du Jequitinhonha à Minas Gerais est une région des contrastes marquants paysagers, économiques, sociaux et culturels. D'apres l'avis de quelques-uns, il est synonyme d'archaïsme et d'un retard socioéconomique, cest-à-dire « Vallée de la misère ». Pour d'autres il est au contraire la « Vallée de la diversité culturelle », des projets et de conceptions alternatives de développement social et humain. Ces visions, distinctes et conflictuelles, reflètent la formation historique de la Vallée qui est marquée par des récurrents processus de dé - reterritorialisation de leurs peuples et communautés traditionnelles. Dans ce contexte, la recherche propose d'enquêter dans cette région les stratégies de résistance et de la re-existence créée par leurs sujets agricoles devant des difficultés issues de l'invasion de leurs terres pour le capitalisme. Pour cela, l'étude est réalisé dans trois communautés des afro-descendants ou quilombolas, nom donné aux descendants des habitants des anciennes communautés formées par des esclaves en fuite avant labolition de lesclavage au Brésil, en 1888. Ainsi, le terrain de recherche se situe à la ville de Minas Novas et se rapporte aux communautés Quilombo, Santiago et São Pedro do Alagadiço. Ces communautés ont vécu intensément un processus tragique de compression de ses territoriales en faveur dagrobusiness que s'est développé à la base du latifundium et de l'installation des sociétés sidérurgiques, soutenus par la politique de développement du Gouvernement. Apres trente ans des compressions des leurs territoires, ces communautés ont été reconnues par le gouvernement national comment communautés de quilombos. Cette reconnaissance a rendu possible un mouvement de reterritorialisation matériel et symbolique des habitants de ces communautés. Pour une meilleure compréhension de ce processus que nous qualifions comme déterritorialisation paysanne et reterritorialisation quilombola, nous réalisons une étude concernant des engagements des sujets quilombolas pour maintiennent ce que lui reste comme « possession ». En outre, nous cherchons, enquêter l'importance de la diversité de cultives, l'utilisation du savoir-faire ethnique et l'existence des manifestations traditionnelles et culturelles, liées à la musicalité et la religiosité comme stratégies de résistance et de re-existence socio-territoriale des quilombolas. Pour cela, nous faisons appel à une méthodologie qu'il s'est guidée par le dialogue ouvert et participatif avec les habitants. Cette technique nous a permis de regarder le monde à travers des « lunettes » par lesquelles les quilombolas lisent, en autres mots nous utilisons des méthodes du Diagnostic Agricole/Rapide Participatif (DRP) ; parcours de vie ; des entrevues semi - dirigé, dobservation et de la participation aux activités développées par ces communautés. En effet, au moyen de la recherche des pratiques essentielles pour l'organisation et reorganisation de ces territoires, il a été possible de comprendre mieux les territorialités et temporalités de ses habitants. Après plusieurs missions de terrain, nous comprenons que la résistance et la re- existences créées par eux se constituent de projets communautaires de génération de revenu, d'aliments et d'organisation du travail. Elles sont associées à la préservation des manifestations culturelles et des liens solidaires et affectifs des personnes qui conforment leurs relations de paysannerie. En ce qui concerne les jardins agroforesteries, il se détache leurs remarquable contribution pour la territorialisation des premières familles des ces communautés, et plus récemment, pour la conservation de sa socio biodiversité qui à ce propos, est peu protégé par le Secteur de Protection Environnementale appelé APA Rio Capivari, lieu où s'insère tout le territoire quilombola. Le APA a comme objectif de contribuer à la réduction des crimes environnementaux dans la région. De cette manière, notre recherche tache d'élucider comment la formation socio territoriale de ces quilombos est issue des processus historiques de dé - re- territorialisation, de la destruction et de la conservation de sa socio biodiversité et par leur vécu.
Subject: Quilombos Jequitinhonha, Rio, Vale (MG e BA)
Territorialidade humana
language: Português
Publisher: Universidade Federal de Minas Gerais
Publisher Initials: UFMG
Rights: Acesso Aberto
URI: http://hdl.handle.net/1843/IGCC-9E5NW8
Issue Date: 13-Aug-2013
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