Leitura epistemológico-social da qualidade da informação
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Editor
Universidade Federal de Minas Gerais
Descrição
Tipo
Dissertação de mestrado
Título alternativo
Primeiro orientador
Membros da banca
Cesar Geraldo Guimaraes
Alcenir Soares dos Reis
Bernadete Santos Campello
Alcenir Soares dos Reis
Bernadete Santos Campello
Resumo
Esta dissertação visa a analisar a fertilidade da noção qualidade da informação enquanto conceito que instrua a pesquisa e a prática da ciência da informação. Embora a qualidade se constitua num tema importante nesse campo de estudo, vários autores alegam inexistir discussão teórica suficiente sobre o assunto. Esta investigação analisa abordagens sobre qualidade da informação na literatura, utilizando como referencial conceituai elementos teóricos extraídos de autores das ciências humanas, em especial, dos textos A filosofia do não de Gaston Bachelard e Conseqüências da modernidade de Anthony Giddens. A análise permite concluir que. do ponto de vista epistemológico. a noção de qualidade da informação, tal como é definida, é uma noção vaga, imprecisa, assumindo a característica de um conceito- obstáculo. As definições sobre qualidade da informação partem, em geral, de atributos tais como, precisão, significado no tempo, credibilidade, atualidade, validade, relevância, valor de uso, valor percebido e outros. Cada autor elege determinado espectro deles para sua definição. A passagem por outras noções aproximadas, tais como relevância, autoridade cognitiva, eficácia e impacto mostra que elas não avançam em relação ao conteúdo simbólico da qualidade, de maneira a permitir uma efetiva avaliação da informação. A análise revela também que o conteúdo significativo predominante nas várias abordagens de qualidade - ou noções correlatas - está composto pelas idéias de excelência e 'usuário. Essas duas idéias são escrutinadas do ponto de vista das ciências sociais, revelando-se que, à luz da teoria escolhida, a idéia de qualidade como excelência constitui-se em elemento intrínseco (ou pressuposto) de sistemas ou produtos de informação, como de qualquer sistema perito, conforme descreve Giddens. Sendo assim, a idéia de qualidade não adquire autonomia significativa para se transformar em conceito científico. Por sua vez, ao se concretizar o usuário na sociedade, este surge como um sujeito socializado na confiança em sistemas técnicos e anônimos (sistemas peritos), que na modernidade substituem, cada vez mais, as tradicionais relações sociais face a face.A investigação prossegue, buscando novos elementos de reforço às conclusões preliminares sobre a fragilidade da noção qualidade da informação. Conclui-se que a solidariedade com o paradigma empirista-positivista compromete a noção com a filosofia do senso comum e com uma certa cultura da qualidade originada do ambiente de administração de empresas, e esvazia seu conteúdo simbólico de qualquer metafísica. Discute-se ainda a utilização pouco rigorosa do conceito valor de uso' da informação. Ao final, conclui-se definitivamente que a qualidade da informação - ou noções correlatas analisadas - deva ser recusada enquanto conceito científico. Em seguida, a investigação perscruta textos de autores da ciência da informação e das ciências humanas - em particular, sociologia e economia política -na procura de sugestões para a abordagem da avaliação da informação. Propõe-se que a agenda de pesquisa e prática da ciência da informação incorpore questões afinadas com problemas sociais, tais como, acesso à informação de estratos sociais pobres em informação, a relação entre informação e democracia e a inclusão de idéias com teores filosófico-éticos na avaliação da informação. Propõe-se enfim, que a ciência da informação assuma a característica de uma disciplina da modernidade e que o cientista da informação desempenhe o real papel de hermeneuta da informação.
Abstract
Assunto
Ciência da informação
Palavras-chave
Ciência da Informação