Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://hdl.handle.net/1843/75786
Tipo: Tese
Título: Novo ensino médio: tecnologias da governamentalidade neoliberal na regulação do currículo e da docência
Autor(es): Glhebia Gonçalves de Oliveira Dourado
Primeiro Orientador: Shirlei Rezende Sales
Primeiro membro da banca : Mônica Ribeiro da Silva
Segundo membro da banca: Kamilla Lokmann
Terceiro membro da banca: Juliana Batista do Reis
Quarto membro da banca: Sandra Márcia Campos Pereira
Resumo: Nesta tese realizaram-se um mapeamento e uma análise das tecnologias de governo acionadas pela governamentalidade neoliberal contemporânea, para regulação do currículo e da docência no Novo Ensino Médio. A fundamentação teórica, baseada nos estudos de Michel Foucault, permitiu compreender que, em cada momento histórico, as formas de governamentalização se modificam e novas tecnologias são criadas para regular as práticas institucionais em razão de uma racionalidade específica. O neoliberalismo, entendido como uma forma de governamentalidade da nossa época, aciona um conjunto complexo de tecnologias para regular as práticas institucionais escolares. As tecnologias são acionadas para fazer com que o discurso produzido nas relações de poder que se estabelecem nas empresas circulem nas escolas. Dada essa compreensão, a pesquisa consistiu em investigar as formas como as tecnologias de governo operam para disseminar o discurso empresarial e regular o currículo e a docência em função desse discurso, haja vista que tecnologias estão sendo acionadas para regular as práticas escolares na etapa do Ensino Médio, especificamente, no presente contexto histórico em que essa etapa da Educação Básica passa por uma ampla reforma curricular (Lei nº 13.415/17) que nomearam de Novo Ensino Médio (NEM). Constatou-se que a reforma do Ensino Médio foi arquitetada em um momento oportuno da história para oportunizar a participação de grupos econômicos nas decisões das políticas educacionais, articulando-as em torno do currículo. As mudanças impostas no currículo produzem, estrategicamente, um contexto de insegurança na docência e sua precarização e, por meio do modelo de flexibilização tecnicamente acionado, produz efeitos de governo sobre a docência que, por sua vez, questiona as tecnologias de governo utilizadas buscando limitá-las por meio de uma “atitude crítica”. Capturando do vocabulário foucaultiano os termos táticas, mecanismos, estratégias, técnicas e instrumentos, estes funcionaram como operadores analíticos para categorizar e analisar as tecnologias investigadas. Constatou-se que a reforma do Ensino Médio foi uma “tática” acionada num momento oportuno que figura como uma “combinação calculada”, na medida em que foi um empreendimento arquitetado na articulação entre empresas, fundações empresariais, associações, movimentos suprapartidários e o próprio Estado, cujas instâncias de poder se alinharam, formando um sistema de redes para incluírem os interesses empresariais nos processos regulatórios da educação e fazer com que o discurso empresarial circule nas escolas. Ao participarem dos processos regulatórios que envolvem a administração das políticas educacionais, tais instâncias de poder fazem das políticas educacionais mecanismos que, discursivamente, acionam estratégias e técnicas para regular o currículo e a docência do Novo Ensino Médio em razão do discurso empresarial. Contudo, a pesquisa também constatou que essas tecnologias são questionadas, limitadas, pois seu funcionamento é reduzido por “atitudes críticas” que se manifestam no próprio currículo e na conduta docente. Embora esse currículo seja um instrumento regulado e de proliferação do discurso empresarial, no Novo Ensino Médio, ele também se abre para outras possibilidades de regulação que foram verificadas na investigação da materialidade empírica produzida mediante uma composição metodológica na qual articulei elementos da pesquisa documental e da observação. Reunidos os documentos oficiais que regulamentam o Novo Ensino Médio, estes foram organizados conforme sua funcionalidade para cada política educacional, sendo recortadas as partes que levassem a identificar as tecnologias operando em função do discurso empresarial. A observação considerou as atuais redes de conectividade utilizadas pelas escolas, tal como aplicativo de mensagens instantâneas, o WhatsApp. Por meio dessas redes de conectividade, as práticas escolares não se dão nem somente online, nem somente offline, mas em uma composição dos dois. Por isso, foi realizada uma adaptação metodológica nomeada de observação OnLife. Dessa forma, o processo investigativo permite defender a tese de que o currículo e a docência no Novo Ensino Médio são regulados por tecnologias de governo que buscam articular a lógica empresarial às práticas escolares. Argumento que a reforma do Ensino Médio é uma tática da governamentalidade neoliberal que se sustenta na estratégia da precarização para operar em função do discurso empresarial, acionando as políticas educacionais como mecanismos e técnicas como a flexibilização curricular para regular a docência e o currículo do Novo Ensino Médio. Tal tática encontra limitações no próprio currículo, possibilitando a emergência de uma docência questionadora, por meio da atitude crítica.
Assunto: Educação
Educação e Estado
Ensino médio
Neoliberalismo - Aspectos educacionais
Idioma: por
País: Brasil
Editor: Universidade Federal de Minas Gerais
Sigla da Instituição: UFMG
Departamento: FAE - FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Curso: Programa de Pós-Graduação em Educação - Conhecimento e Inclusão Social
Tipo de Acesso: Acesso Aberto
URI: http://hdl.handle.net/1843/75786
Data do documento: 25-Mar-2024
Aparece nas coleções:Teses de Doutorado

Arquivos associados a este item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
TESE DE GLHEBIA GONÇALVES DE OLIVEIRA TESE final.pdf4.56 MBAdobe PDFVisualizar/Abrir


Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.